abril 30, 2007

Capuchinho Vermelho


(Gin e sumo de frutos do bosque!)

Amanhã, dia do Trabalhador, esta vossa trabalhadora (quem mais?) vai estar: livre; desocupada; longe de responsabilidades; tranquila; ressacada, possivelmente; deitada sempre que for possível; radiante por gozar um feriado. Não encontrei melhor maneira de abrir as hostilidades do que esta nova long drink (mesmo que já exista, faz' conta que fui eu que inventei). Agora é esperar que a noite se mantenha à altura. Deixem-me partilhar convosco esta felicidade parva e fugaz e desejar-vos feliz dia do Trabalhador!

abril 28, 2007

Pure Pleasure Seeker*

Há dias em que me sinto normal. Nos restantes, sinto que perdi por completo a habilidade para amar.

* título roubado aos Moloko.

abril 26, 2007

*

Olhas como que através de mim, cada fissura, imperfeição. Olhas como se eu não estivesse aqui e fazes-me duvidar se tens razão.
Linda Martini

Vocês, pessoas, cansam-me.

Primeiro, são as pessoas com quem se tem que trabalhar. Chegam atrasadas, não chegam, reclamam porque está calor e porque está frio, não gostam de estar sem fazer nada mas também não podem trabalhar muito, querem ganhar mais mas trabalhar menos, não estão dispostas a fazer sacrifícios mas choram pelos louvores, obrigam-me a malabarismos organizacionais impossíveis, tornam cada conversa num momento ininteligível, não querem responsabilidades mas reclamam se não contamos com vocês. Uma coisa é lutar pelos nossos direitos, outra é ser muito pouco razoável. Chega de serem chico espertos! Por um dia, um dia só, sejam só um bocadinho mais compreensivos e profissionais e justos. Deixem de ser mesquinhos e trafulhas: trabalhem só. Será tão difícil ser simples?

Depois, são as pessoas na rua. Cortam as unhas nos autocarros, reclamam por ir de pé e por ir sentadas, comem com a boca tão aberta que acompanhamos o desenvolvimento integral do vosso bolo alimentar, sorvem as bebidas, reclamam porque não sabem o que é um túnel, querem ser os primeiros em tudo, querem aparecer na televisão sem terem nada de interessante ou inteligente para dizer, falam mal do governo mas não votam porque 'são todos iguais!', têm saudades de um ditador que vos privava da liberdade e do conhecimento, fazem turismo lá fora porque é mais fino e nem conhecem o vosso país.

E finalmente, as pessoas que fazem parte da minha vida. Entram e saem sem dar justificação e esperam que eu aceite isso com naturalidade, esquecem-se de mim quando é mais conveniente, não ouvem o que eu tenho para dizer, tratam-me como se fosse invisível mas olham-me nos olhos como se me soubessem de cor, querem usar e deitar fora, não compreendem a forma que escolhi para viver, escondem-me segredos e não-segredos, mentem-me sem dó nem piedade nem medo de que venha a descobrir, entram-me na cabeça sem pedir licença e vão ficando, gostam mas depois não gostam. Será que um dia podemos só experimentar dar e receber? Em quantidades iguais e em períodos coincidentes. Sem medo de falhar e sem vontade de escangalhar tudo. Reciprocamente.

E, por muito que odeie o eco dos meus passos no corredor de casa ou que odeie sentar-me à mesa sozinha e que não tenha alguém com quem falar destas parvoíces todas, a melhor coisa é mesmo enrolar-me sozinha em casa. Sem dizer nada, sem incomodar, sem ferir.

*e não, não é um post amargo, apenas cansado.

abril 25, 2007

About life defining moments *



É quando se ouve/sente/vê assim um click.

(Na Alemanha não se festeja a Liberdade, apenas a Unidade. Assim sendo, não houve outro remédio senão arrastar-me para o trabalho mais uma vez, sem poder ver as cerimónias, sem poder passear a pé pelo novo túnel, sem sequer suspeitar do estado de saúde do Eusébio. Enquanto milhares de pessoas eram totalmente livres, eu cá era um bocadinho menos - o jugo dos boches não se compadece das nossas efemérides nacionais. E o que se faz numa véspera de feriado, enquanto a malta toda anda na rua a antecipar a festa, a celebrar o bom tempo? Fica-se em casa, pois evidententemente. E qual é o programa extraordinário que conseguimos? Rever um filme, quando há tanta coisa nova para ver. É que ser livre não é para todos ou para todos os momentos: às vezes juro que não sei o que fazer com tanta liberdade.)

* a Natalie Portman e o Zach Braff no momento em que se podiam ter apaixonado, no filme Garden State.

abril 23, 2007

[modo Lisboa: on]

Sempre que passo mais que dois dias fora de casa, a minha vizinha do lado pergunta-me se estou bem de saúde. Como se a única razão para deixar a minha casa e Lisboa fosse uma doença gravíssima, qualquer coisa a precisar de uns dias de convalescença longe dos fumos da capital. Não sei o que ela arranja mas consegue sempre apanhar-me a subir as escadas, carregadas de sacos de comida já feita e toda a roupa a que joguei a mão quando as férias começaram. E se pensar bem nisto, a senhora até tem razão porque eu padeço daquele mal terrível cujo principal sintoma é não estar bem em lado nenhum.

Se estou em Lisboa, é muito bom e isso tudo mas, depois duns dias, começa a irritar entrar em casa e ter os meus passos a ecoar no corredor, sem ninguém a saudar-me à entrada nem a fazer-me companhia às refeições. Se estou em Portalegre, o início é sempre bom, a matar saudades disto e daquilo mas, depois de pouco tempo, já me custa respeitar os horários e já me aborrece sair de casa só à noite. Se estou fora, longe de casa e da minha casa adoptiva, começo a sentir-lhes a falta e a invejar-lhes o conforto. O ideal era conseguir enfiar na minha cidade a minha casa de Lisboa, mudar as instalações da empresa para lá e no fim mudar a cidade toda de tempos a tempos.

Depois desta semana, dividida entre Portalegre e a costa alentejana, cheguei a Lisboa no mínimo desorientada. Não sei bem se me apetecia estar outra vez sentada a ver o mar, se me apetecia cumprir as regras lá de casa ou se afinal estou melhor aqui sozinha mas a reinar sobre o meu mini-feudo. A única coisa que sei é que já precisava de ocupar o tempo de forma mais útil e isso posso garantir aqui. Portanto, a eficiente ocupação do meu tempo é inversamente proporcional à possibilidade de estar com quem mais gosto. Não, não é uma tragédia. É só mais uma chatice sem importância nenhuma com que temos de viver. Talvez relativizar seja definitivamente o segredo.

abril 22, 2007

25 dele


Qualquer razão era boa para festejar mas as coisas souberam ainda melhor por ser um vigésimo quinto aniversário. Jantar massa com atum, beber caipiroskas enquanto alguém nos pintava as unhas de preto, pular e dançar slows até aguentarmos. Depois recuperar, jantar num sítio demasiado caro, rir a bandeiras despregadas com os navalhudos e os javalancas e dançar ainda mais, mesmo quando não havia mais gente a fazê-lo. Haja força e vontade para mais festas destas - as férias não podiam ter terminado de melhor maneira.

abril 19, 2007

Magníficos dias atlânticos

As imagens são minhas, a música chama-se Sanvean e é da Lisa Gerrard e o título é descaradamente roubado a uma música dos Ban.

abril 16, 2007

Distractions (ou sobre noites já quentes)

Numa noite saio do bar como voluntária do Banco Alimentar contra a Fome. Sentamo-nos a beber, enquanto falamos daquilo que nos parece fácil de resolver, como se todas as coisas pudessem mudar apenas com a nossa vontade. Não podem.

Noutra noite saio do bar final e oficialmente como madrinha de casamento: olho para o meu afilhado e a sua noiva e sei que aquilo está certo. Vivemos tanto tempo juntos, há tanta coisa que eu disse a ele e a mais ninguém, foram tantas as noites em que nos confessámos um ao outro - eu quero-o feliz. Quero que ele possa recordar as vezes em que nos sentámos no carro dele, debaixo duma árvore que há muito foi abatida ou lembrar-se da nossa primeira noite em Lisboa, sentados na varanda, sem conseguir dormir, a pensar no que os tempos de universidade nos reservavam. Lembrá-lo-ei sempre por me dizer exactamente aquilo que precisava de ouvir, sem nunca se compadecer das minhas dores de amor, das minhas dúvidas de criança (as mesmas que ainda hoje me assaltam). Lembrá-lo-ei por ser o obreiro da maior história de amor que já vivi, emprestando-me o seu telefone para que trocássemos mensagens de voz. Eu sentada na varanda e ele no sofá, tranquilo: sabia que estava a fazer o que está certo. Vou perdê-lo para outra mulher e parte de mim sente esse desconforto de não poder competir com ela mas a maior parte sente que vai ser bom sentar-me com ele na mesa dos noivos.

A mãe duma pessoa que conheço suicidou-se. Não tinha com estas pessoas qualquer laço afectivo neste momento mas não consigo evitar ficar espantada. Há uma coisa que me assombra nestes momentos: o desejo de levantar a pessoa do reino dos mortos e perguntar-lhe porquê. É uma coisa que me aflige, que me intriga porque, apesar daquilo que senti exactamente antes de ceder à tristeza, eu não compreendo o que pode levar uma pessoa a isto. E outra coisa que me assusta é a nossa incapacidade em perceber o que vai na mente dos outros: alguém que se suicida está num ponto de ruptura tão extremo que cede a essa mesma pressão. Estamos nós demasiado ocupados com as nossas questõezinhas da tanga ou simplesmente desenvolvemos esta incapacidade de nos relacionarmos com a dor dos outros?

Os dias têm sido passados a fantasiar, resultado de demasiado tempo livre. Acordo demasiado cedo e continuo na cama, enfio os phones nos ouvidos e enceno videoclips sobre o amor, sobre o abandono, sobre o arrependimento, sobre planos impossíveis, sobre a vontade, sobre olhos que não me saem da cabeça. E por isto tudo, por me massacrar a pensar e a imaginar, fico contente quando penso que terça-feira pego no carro e vou embora sozinha. O quarto já está marcado, tenho vontade de ver o mar, tenho vontade de mergulhar em água gelada e estar sozinha comigo mesma: durante o tempo possível, estar sozinha fora do mundo onde me movo e desligar-me verdadeiramente de tudo. Sem sequer saber o que estou a fazer ou sem pensar que nada resultará como espero, só ir e estar frente ao mar.

E já não é só o cheiro do calor. É sair à rua e sentir que a brisa morna nos afaga. Quero acreditar que há promessas de Verão no ar.

abril 14, 2007

Para começar as férias em beleza...

... só mesmo um bocadinho de stress. Sim, os alentejanos têm fama de ser preguiçosos e lentos e pouco trabalhadores e moles e tranquilos mas deseganem-se, não somos todos assim. Cheguei a casa há coisa de minutos. Isto não é, obviamente, nenhuma notícia de última hora. A questão é que demorei 1 HORA E MEIA a fazer um percurso que por norma demora 2 minutos! Quer dizer, eu já demorei 2 horas a ir da estação do Oriente até à Estrela mas isto hoje atingiu novos máximos de congestionamento! Debaixo de um Sol muito quente para este mês, fiz a única coisa possível e desliguei o carro, saí e fui encostar-me a um muro, à sombra (OK, talvez seja preguiçosa...). Sem dinheiro no telemóvel, sem leitor de mp3, sem jornal ou livro, sem antena no carro - a Sorte não quer nada comigo nos últimos tempos. Enquanto outros reclamavam enfurecidos, eu tentava dizer a mim mesma que está tudo bem, que esta até era uma maneira bem original de começar as férias - não, não consegui convencer-me desta.

Acho muito bem que organizem uma Volta ao Alentejo e que fechem todas as porcarias de estradas, ruas da cidade, circulares à cidade, caminhos de terra batida e outras artérias que tais. Eu compreendo que é só mais uma forma de tentar revitalizar uma cidade que, caso contrário, já estaria morta há muitos anos. Mas aquilo que não acho bem é que o façam exactamente no meu primeiro dia de férias. Para o ano a ver se combinamos estas coisas com mais jeitinho, hã?

abril 13, 2007

[modo trabalho: off]

Desliguei. Puxei a ficha com jeitinho e saí antes que alguém pudesse/quisesse despedir-se de mim. Arrumei a secretária de maneira a parecer que ali não habita ninguém. Distribuí o trabalho pelos colegas de quem, muito provavelmente, não vou sentir falta. Desliguei tudo mas a cabeça foi-se mantendo ligada até agora. Espero que, ao contrário de outras noites, não sonhe com Diensteänderungen ou com nachträgliche EVN ou com Sparoptionen Listen. A única forma de parar isto é inspirar, pensar branco e sair de casa, ir ver gente e ouvir música e beber cerveja. Inspiro fundo, penso férias e ...






já está. Over and out.

abril 11, 2007

Agora que foi retomada a normalidade da transmissão...

... acho que é oficial: sou maricas. Não, não me estou obviamente a referir à minha orientação sexual mas sim ao facto de ser dominada pelo medo demasiadas vezes e pelos motivo mais variados. Que é uma tristeza, uma moça de vinte e sete anos ser assim facilmente amedrontada, eu sei. Não faço ainda ideia de como posso combater este inimigo - calculo que não consiga.

A verdade é que, quanto mais cresço, mais medo tenho e, se bem percebi esta história do crescimento, era suposto a coisa funcionar ao contrário. Tenho muito medo das coisas que não compreendo mas isso é comum a muitos de nós; tenho medo de morrer mas não há ninguém que não sinta isto pelo menos uma vez na vida; tenho medo de não voltar a ser amada ou de amar com a mesma intensidade com que já amei mas sou feita de demasiada matéria romântica. Não acredito em espíritos mas morro de medo de ser contactada por um, de ser escolhida para a transmissão de qualquer mensagem obscura ou terminar qualquer tarefa inacabada. Morro de medo todas as semanas quando me meto no carro e me disponho a fazer duzentos quilómetros até casa - é como se um dia também eu fosse fazer parte desses números negros que abrem os telejornais todos os dias. Aterroriza-me a ideia de poder nunca vir a ter filhos - quero conseguir sentir-me completa.

Mas isto a propósito do dia de hoje. Já não é a primeira vez que há um incidente do género no trabalho: há uns tempos tínhamos presenciado um ataque epiléptico dum colega, situação que me era totalmente estranha e que me impressionou terrivelmente. Hoje a coisa foi bem mais simples: uma colega desmaiou duas vezes num espaço de dez minutos, sem qualquer razão aparente. Mas fê-lo caindo sempre de olhos abertos, como se tivesse morrido subitamente. E eu, em vez de me sentir impelida a socorrê-la, petrifiquei. Os pés colaram-se ao chão, a boca secou e não conseguia dizer palavra, só esboçar esforços para dizer qualquer coisa. Ela já estava a ser assistida, não precisava de mim mas eu não fui capaz de agir e isso é tudo. Eu só olhava, incrédula, sem saber exactamente o que pensar e certamente sem conseguir tomar uma decisão.

Uma vez, enquanto visitava a minha avó no hospital, vi uma mulher morrer na sua enfermaria. Eu vi o momento exacto em que os orgãos cedem à pressão, o momento em que ela desistiu de sofrer, o momento em que a cara passa a ter a cor da morte. Estava vidrada naquela cama. Chamei o meu pai, que achou que a senhora estava apenas a dormir. Mas não, tinha morrido. E acho que recalquei essa imagem até ao dia em que o rapaz se contorcia com o ataque. Ou que a rapariga estava deitada no chão. E tenho medo porque não quero ver morrer mais ninguém. Portanto, façam o favor de se manterem vivos enquanto estão perto de mim. Por favor.

abril 10, 2007

To whom it may concern.

Este post só fará sentido para alguns.

Nunca pretendi veicular opiniões que não as minhas e, portanto, desprovidas de qualquer comprovativo científico. Não me interessa realmente o que outros pensam se não souberem ler 0 que escrevo aqui. Nunca tive qualquer intenção de ser intelectual ou coisa parecida nestes posts: tenho links na minha lista de blogs preferidos que cumprem esta função. Eu não sou intelectual nem sequer pseudo-intelectual: apenas gosto dos prazeres da vida, das pequenas coisas que nos são oferecidas todos os dias e às quais normalmente não prestamos qualquer atenção.

Não acho que viver em Lisboa é que é. Já vivi noutra capital europeia e sei como é diferente. Não sou autista o suficiente para pensar que a minha vida é que é boa, que quem vive na minha terra natal morre aos bocadinhos. Eu sei apenas de mim e disso até sei umas coisas: sei que viver aqui me sufocaria mas não acho que tenha que pedir desculpa por ter uma opinião diferente. Há muitas pessoas que vivem aqui, na terra onde nasci, e que lutam pela mudança - a essas, o meu respeito. Às outras, que não sabem do que falo, a minha indiferença.

Outra coisa que não me preocupa minimamente é o que pensam da minha vida. Não escrevo esperando qualquer validação dos meus actos ou das coisas que penso. Não penso inscrever as minhas atitudes na matriz cinzenta de quem se rege pelo que os outros pensam. Não sou exemplo para ninguém, sou apenas mais uma e sei isso - não me sinto especial ou mais digna de nota. Sou como sou e não obrigo ninguém a vir ler o que escrevo todos os dias. Se o fazes é certamente porque queres. Esta é a minha forma de diário e não me apetece que o critiquem ou, pelo menos, espero que o façam abertamente.

Gosto de ler as opiniões dos outros sobre o que escrevo, é evidente. Mas só se o fizerem com a sua própria perspectiva. E só se perceberem que não o faço para mudar nenhuma vida, a não ser a minha. E ainda se me apresentarem argumentos válidos/divertidos/inteligentes o suficiente para eu perder tempo/rir/debater-me com eles. A única coisa que espero das pessoas é que consigam compreender o que escrevo e que consigam entender que existo para além destas linhas. Quem achar que me conhece o suficiente quando lê estes posts... Bem, a essas pessoas falta o essencial. De qualquer maneira, espero que os outros continuem a presentar-me com a sua presença :)

abril 09, 2007

Já não preciso esconder-me?

Dr. Karev: For a kiss to be really good, you want it to mean something. You want it to be with someone you can't get out of your head, so that when your lips finally touch you feel it everywhere. A kiss so hot and so deep you never want to come up for air. You can't cheat your first kiss. Trust me, you don't want to. Cause when you find that right person for a first kiss, it's everything.

(um fim de semana inteirinho com chuva, muito frio e carradas de episódios de mais séries ainda por ver. uma incapacidade de não me relacionar/emocionar/sonhar com todos. umas mini-férias em que a ideia ar livre nunca existiu e a ideia noitada vai subsistir até hoje. quatro dias longe do trabalho a pensar onde vou descansar a cabeça nas férias que aí estão. dez minutos para inventar uma teoria sobre a forma como preenchemos o nosso coração. mais um momento de tristeza quando olho para a débil conta bancária. tentativa de escapar a uma menina que me quer conhecer à volta dum café. fuga das coisas importantes que me atravessam o caminho. deficiente digestão desta época a que chamaram Páscoa.)

abril 07, 2007

Não foi para este Sábado que acordei.

Abrir os olhos antes das nove da manhã com a mesma dor de cabeça com que me deitei. Ouvir más notícias que deixaram a casa em alvoroço (injustificado, descobrimos depois). Sair de casa e gelar numa manhã fria (é suposto chover em Abril, não estarem temperaturas de Inverno). Avistar mais uma tarde sem sair. Ter mais certeza de que estarei perto deste sítio na próxima semana: a desligar-me do sistema, a não me preocupar, a aproveitar o Sol que (eu sei) há-de vir.

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É Odeceixe mas em Agosto. Aposto que em Abril também me esticava numa toalha de praia.

abril 06, 2007


Há assim um sítio onde gosto de estar e onde posso passear-me atrás do balcão. Enfio a mão na arca e tiro a minha cerveja e tiraria a minha imperial, se as soubesse tirar. A música ultimamente tem andado em piloto automático, mas um piloto automático que me agrada, feito do mais fresco rock que anda por aí. Posso estar ali à conversa durante tempo, nalguns dias demasiado tempo. Mas o melhor de tudo é quando acontecem coisas que nos apanham de surpresa.


Eu: Ó P. tens aí alguma coisa que se beba com 5 cêntimos? (claramente a abusar da minha sorte)

P: Olha... Tenho. Mas tens que beber tudo o que eu quiser e não te podes recusar. (riso sarcástico)

Eu: Venha isso. (demasiado confiante)


Tenho a dizer em minha defesa que não desisti. Não, não conta ir hesitando mais entre copos. Eram jarros que ela servia em pequenos copos de shot. Apenas cerveja, nada de mais adicionado, apenas servida a um ritmo frenético e sem qualquer piedade. Também não houve estragos que eu, quando quero, também sei comportar-me como uma senhora. O melhor de tudo é que ela pode não se lembrar mas desafiou-me para hoje.


P: Digo-te mais... Se amanhã me aparecerem aqui frescas, sirvo-vos shots do que vocês quiserem a noite toda. (duvidando das minhas capacidades de recuperação)


Pfff.

(É esta senhora. Que é gira e tem uma força de vontade do tamanho do Universo. E a quem reconheço ainda grandes qualidades de tasqueira.)

abril 02, 2007

Auto-retrato breve *



Invades-me e eu deixo de existir.
Um dia quero voar e não regressar mais.
Os teus olhos presos nos meus.
Sou mediterrânea e morena, sou do Sul e do Sol.
Boa mesa, boa cerveja, bons amigos.



* e incompleto e vago e simplista mas não menos verdadeiro.

Aos Domingos ao Sol




Já não me lembrava da última vez que tinha realmente apanhado Sol aqui em casa. Em Lisboa, o jardim é à porta, sentimo-nos mais sozinhos e, portanto, mais impelidos a sair. Foi dia de Sol e de silêncio, o silêncio como uma muralha que só aqui consigo sentir. Mas foi mesmo assim um dia em que nos deitámos ao Sol, fingimos dormir enquanto falávamos de olhos fechados e comentávamos como uma nuvem tinha a forma de rim.