janeiro 27, 2006
Impressões de Roma
- Quem diz que o trânsito em Lisboa é caótico nunca foi, de certeza, a Roma. Aquilo deu à minha noção de caos uma definição totalmente nova.
- As donas de pousadas são algo indomáveis.
- Os homens italianos são bichos esquisitos: ou empastados e metrosexuais como os jogadores da selecção ou irremedialvemente interessantes na sua meia-idade.
- O lixo nas ruas também me mereceu um pensamento ou dois.
- Quem pagou 1,80€ por um café numa pastelaria ranhosa pode pagar qualquer coisa em qualquer lugar.
- Comer pizza com pedaços de queijo fresco por cima e folhas inteirinhas de manjericão não é coisa para a Telepizza.
- A Praça de S. Pedro é muito mais pequena do que na televisão.
- Não há suficientes restaurantes chineses (quer dizer, quem precisa deles com pizzas com queijo fresco?).
- Vivam as apresentadoras de programas italianos de entretenimento!
- Os gelados italianos são, sem rivais, os melhores do mundo (não que já tenha provado todos, mas pronto, são os melhores que conheço).
- Deve ser giro viver numa cidade onde se tropeça em ruínas esquina sim, esquina não.
- Não, não me parece uma cidade onde gostasse de viver.
janeiro 21, 2006
Aqui a vossa escriba vai laurear a pevide para Roma. Amanhã, depois de votar (que sou uma gaja com consciência dos seus deveres cívicos), apanho um maçador autocarro até ao Porto (a Ryanair um dia ainda vai voar a partir de Lisboa...) e preparo-me para tirar umas fotografias. O meu italiano anda pelas ruas da amargura mas quando se tem uma língua com expressões como Come la mettiamo? (que eu não sei exactamente o que significa mas que me soa deliciosamente sugestiva...) quem é que precisa de um dicionário?
janeiro 20, 2006
janeiro 19, 2006
Às vezes, por breves momentos, tenho uma panorâmica sobre a forma como a minha percepção da realidade é errada e destorcida e claramente centrada em mim. Além de não saber, por exemplo, medir distâncias (ninguém imagina o embaraço que é não saber dizer o que são 5 metros e corar descaradamente quando me pedem para descrever aproximadamente um quilómetro), há outras coisas que também não sei avaliar ou simplesmente ver.
Não sei ver quando devo ultrapassar e, por isso, vou sempre irritada comigo mesma por ter perdido mais uma oportunidade.
Não sei, nunca soube estudar, seguir um método que me garantisse sucesso, agarrar-me como se não houvesse amanhã a um molho de fotocópias que simplesmente não me interessa.
Não sei pensar que Portugal é mais do que apenas aqueles pedaços de terra que rodeiam as estradas, como se um país pudesse construído à beira da estrada (o nosso podia, eu sei, mas não é).
Não sei comer uma tangerina sem ser um gomo de cada vez.
Não sei deixar de gostar de quem obviamente não gosta de mim.
Não consigo imaginar que, por todo o lado, espalhadas por quilómetros que nunca vou saber medir, existem pessoas que vivem ao mesmo tempo que eu e têm vidas tão diferentes e tão cheias de pormenores e que podem sentir dor enquanto eu experimento a sensação de ver a minha irmã a rir.
E não sei sentir-me de outra maneira. Olho-me e vejo uma criança dentro de um corpo adulto, uma criança que quer a todo o custo crescer mas não consegue porque se calhar agora já é tarde demais para conseguir saber quanto mede um metro.
janeiro 15, 2006
Já me tinha esquecido...
de como é bom não ter absolutamente nada para fazer. Se é verdade que, ao fim de algum tempo, também cansa, também é verdade que não fazer nada está a cair em desuso. Arranja-se sempre qualquer coisa que precisa ser feita (arrumar a roupa espalhada no quarto, limpar qualquer divisão da casa, ler as últimas do jet-set (?!) português) para estragar este momento niilista. Durante uma grande parte da tarde, estive apenas deitada na cama, sem livros nem revistas nem música a sair das colunas roufenhas: só a estar. Estive a gozar a sensação impagável de não ter mais obrigações, de ser livre em minha casa, de conseguir esvaziar a cabeça de responsabilidades.
Depois de recuperar as leituras atrasadas, entregar os últimos trabalhos na faculdade, rever amigos e com eles beber as cervejas que recuso durante a semana, gozar o bom humor dos pais (não que seja raro, é apenas inconstante) e sentir-me novamente como uma adolescente, é bom só ser, sem mais actividades acopladas. E é bom que o seja agora (mas também em momentos futuros), antes de, finalmente, projectar/esboçar/delinear/desesperar com o que vai ser o resto da minha vida. Finalmente.
janeiro 14, 2006
Top 5 Filmes (dos filmes que tive tempo de ver porque entrar às 16 e sair às 22 não me tem deixado todo o tempo do mundo e ir ao cinema antes das 14h não é nada fixe)
1.Uma rapariga cheia de sonhos
2.Ferro 3
3.Alice
4.Elisabethtown
5.Os Edukadores
Top 5 Livros (dos que tive tempo para ler, entre as quatro últimas cadeiras na faculdade e o trabalho ingrato num call-center)
1.Lunar Park, Bret Easton Ellis
2.Jonathan Strange e o Sr. Norrell, Susanna Clarke
3.Hey Nostradamus!, Douglas Coupland
4.Moon Palace, Paul Auster
5.The rules of attraction, Bret Easton Ellis
Top 5 Albuns (dos que ouvi recorrentemente e sem contar com as listas intermináveis e previsíveis das publicações especialistas na matéria que saem por altura do Natal)
1.Silent Alarm, Bloc Party
2.Funeral, The Arcade Fire
3.The Golden Morning Breaks, Colleen
4.Wind in The Wires, Patrick Wolf
5.The Pyramid Sessions, Rocky Marsiano
janeiro 08, 2006
Referência breve à entrada em 2006
Roubada aqui.
Feijoada de marisco. Pés molhados à noite. A roupa do ano novo. Ter a mesma idade que a televisão. O desafio do banho. As palavras que não trocámos. Os abraços que nos fugiram. A sala espezinhada. A dor que não senti. Anestesia. Anestesia. O champanhe com sabor a passas. Confiar no ano novo. Os tachos amolgados. O ressonar. Sentir-me viva outra vez outra vez outra vez.
Roubada aqui.
The splendid weirdness of being
Há muitos anos atrás eu era vidrada numa pessoa que só soube fazer-me sofrer. Para piorar o que já era naturalmente mau, essa pessoa já tinha uma namorada. Acontece que essa namorada (talvez no seu direito, dirão uns) imaginou que tudo se podia resolver à pancada e juntou um grupo de amigas para que eu pudesse ser posta no meu lugar. Não conseguiu.
A vida tem destas coisas. Fui hoje obrigada a 'emprestar' dez cêntimos a uma pobre e quimicamente lobotomizada que fazia parte desse esquadrão de intervenção. Do alto da sua trip, recordou-se do meu nome. E eu respondi-lhe, usando também o nome dela, o que a baralhou e a deixou simultaneamente feliz, porque afinal eu não me tinha esquecido. Fui por ela beijada na cabeça, o que naturalmente me provocou alguma repulsão, e chamada de querida. Não sei se a odiei ainda mais ou se simplesmente tive pena da pobreza de espírito.
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