dezembro 31, 2009

2009, esse ano bastardo



Desenganem-se: 2009 foi o ano da Morte. É assim que me vou lembrar dele daqui para a frente, sempre que estiver prestes a dobrar uma década ou  apenas frente a um ano novo. Só tinha ouvido falar da Morte: infelizmente tinha já visto o sofrimento no rosto de outros mas tinha ainda sido poupada ao natural curso das coisas. Este ano chegou a minha vez e foi exactamente como muitos descrevem, foi uma espécie de tontura da qual despertamos lentamente, foi lidar com a saudade que nunca mais irá desaparecer. Aqueles dias de Abril vão ficar para sempre gravados na minha memória pelos melhores e piores motivos. Além disso, este ano passei mais tempo em hospitais e unidades de recuperação do que alguma vez poderia esperar e do que desejo a alguém. Estou saturada dos cheiros, do chão em linóleo e de grades nas camas, salas de espera e segundas opiniões, do silêncio.

1. Foi o ano em que chegaram alguns anjos e outros continuaram a crescer, símbolos maiores do amor a deixar o relógio biológico ainda mais descontrolado 2. Voltei a Bruxelas na Primavera só para confirmar que estava enganada e que podemos ser realmente felizes onde julgávamos termos sido felizes um dia e que, voluntaria ou involuntariamente, tinha acabado a época de me enganar a mim mesma 3. Estive em três casamentos, entre os quais o de um enorme amigo de infância, onde me comovi uma vez mais no momento do Sim e onde partilhei verdadeira felicidade 4. Foi um bom ano gastronomicamente falando: entre muitas noites de sushi, petiscos da Tasca da Esquina, sardinhadas, caracóis e picapaus no café da rua... comi tão bem 5. Tive uma semana de férias exclusivamente no feminino, que posso resumir com horas estendida na areia, hotel à beira da praia e pescaditos fritos com limão 6. Foi o nosso ano, o princípio desta imensa sensação de tranquilidade quando ele está perto e de inquietação profunda quando os quilómetros nos separam, saber que é isto, deixar de esperar, sentir finalmente de forma incondicional 7. Foi o ano do empreendedorismo, com o amigo a ver finalmente o sonho a tomar forma e a minha curiosidade a levar-me por formação nesse campo, antecipando já o final do meu emprego em Maio e tentando perceber que portas se vão abrindo por aí 8. E é o ano dos bichos, já a somarem quatro neste apartamento da Estrela, enchendo os meus dias e fazendo-me sentir menos só.

Desejo a todos um são e feliz ano de 2010. Se a saúde não vos trocar as voltas, espero só que possam (pelo menos) ser tão feliz como eu em tudo o resto. E para o ano há mais :)

dezembro 30, 2009

Um cavalheiro tímido e uma starlett sem brilho


O seu a seu dono: as fotos são dele, como sempre.

Samuel Úria e Nereida Gallardo sentados no mesmo sofá... As probabilidades de alguém pensar em ou mesmo conseguir juntá-los era remota até ontem, quando os dois participaram no programa 5 para a meia noite. Ele apresentou-se distinto, esguio numas slim fit, t-shirt da sua Flor Caveira e sapatos brancos, a estender-se muito para além do sofá. Ela não conseguiu deslumbrar, apesar dos longos cabelos negros e do bling bling dos acessórios, sendo cuidadosamente observada pelo namorado e evitando falar sobre aquele-cujo-nome-não-devemos-pronunciar. Ele cantou uma deliciosa versão da Quinta Sinfonia do Paco Bandeira e conquistou-nos definitivamente quando disse Agora que sou alentejano... ou quando aconselhou Tondela à sua companheira de sofá. Ela teve algumas dificuldades de tradução (ou não fosse o castelhano do Alvim não mais que sofrível, embora esforçado) e pareceu perdida muitas vezes, nunca conseguindo descolar do estigma de uma certa vulgaridade.

Valeu pela boa disposição. E porque o Alvim conseguiu juntar a simplicidade e timidez de Úria e a disponibilidade (de aparecer, porque não passou disso) de Nereida para manter uma conversa sobre rissóis, sexo dentro do carro (e outras óbvias referências sexuais) e futebol durante uns quarenta minutos. Não é para todos, o equilíbrio entre ter graça e ser (positivamente) o perfeito anormal.

dezembro 25, 2009

Sobrevivemos (?)

A minha família cometeu o prodígio de aguentar firmemente a primeira noite de Consoada sem eles. Contrariando o que eu temia já há muitas semanas, foi uma noite tranquila mas aposto que todos pensávamos no mesmo: na maneira como um era sempre servido em primeiro lugar e como achava que nunca ia comer mais nada e na forma como o outro passava a quadra, sentado no seu cantinho, aceitando tudo o que lhe davam e já sem falar. Ainda hoje, o arroz de cabidela lembra-me um e o sumo de ananás o outro. Um já foi, outro ainda não mas já não está entre nós. Eu sei que é suposto esta ser uma época de esperança e de união mas sabem, este foi o primeiro sem eles e riscar os lugares da mesa, à razão de um por festividade, doeu-nos muito. Agora, há dois lugares livres, que acabam ocupados pela saudade.

Ninguém nos ensina a não sofrer e eu cá precisava de um curso intensivo. Mas, em contrapartida, a minha mãe deu-me Tupperwares™ e toalhas novas, a minha irmã quer que eu vá ver os Air e ainda não comi muita porcaria. Estou farta de lhes dizer que, apesar deles terem partido, devemos nós continuar a viver. Mas é engraçado, nem sempre acredito nisso.

dezembro 23, 2009

Chama-se Nico


E é bem capaz de ter abalado as minhas relações familiares mas é fofo, este meu pequeno explorador. Prometo que fechei o zoo cá de casa.

dezembro 22, 2009

Trigémeos


Eles estavam habituados a estarem sozinhos num daqueles aquários redondos, que passam bem por uma bola de cristal. O Gustavo e o Senhor Almeida já quase vêm comer à mão porque trato de os alimentar sempre à mesma hora e no mesmo sítio. Às vezes dão pulinhos dentro de água, como se estivessem na brincadeira. Hoje, juntou-se a ele o irmão mais velho e agora o ambiente está estranho: estão a conhecer-se num aquário muito maior e muitas vezes não largam o Hubble. E agora é deixá-los crescer: não posso fazer-lhes festinhas mas não me roem as tomadas.

dezembro 21, 2009

Podem perguntar-me o que quiserem, é Natal.



Não tenho mais nada para vos dar, a não ser a minha sapiência. Que ainda é pouca mas não a quero menosprezar.

dezembro 20, 2009

A minha cidade é um belo milésimo post


 Estes exemplares são dele.

Mil mensagens desde dois mil e quatro. Centenas, milhares de caracteres desde o mês de Fevereiro desse ano, tempo perdido a decidir o que vale ou não a pena publicar. Mil vezes sentada em sítios diferentes, teclando com diferentes computadores, indecisa e determinada, muitas vezes completamente vazia de inspiração. Mil entradas num diário que continua a crescer e a ver-me crescer durante seis anos, insensível aos meus picos emocionais. Mil vontades de falar, espaços onde tantas vezes falei das saudades que tenho de casa, da forma como olho a cidade enquanto a deixo para trás.

Aproveito a milionésima mensagem para vos convidar a (re)descobrir a minha cidade, especialmente para se enamorarem dos pormenores que, por julgarmos já sabermos tudo, deixamos fugir todos os dias. Irão ser, um dia, mil razões para sentir vontade de regressar todos os dias ao único sítio que me reconhece e me faz falta. Chama-se Portalegre em Pormenor e já conta com as participações de vários olhos com visões muito particulares, a cores e sem elas, sobre esta atípica cidade alentejana. Eu fico desejando mil céus azuis, tiritando com os zeros graus deste fim de semana - certamente se seguirão mil posts de paixão e beiço caído por esta cidade.

dezembro 14, 2009

Alerta amarelo

Eu ando duma maneira que não me posso aproximar de nenhuma loja ou local onde se possa comprar alguma coisa. Ia hoje à Baixa tratar da substituição de uma prenda (já que a original está rota mesmo antes de ser oferecida...) e acabei enfiada aqui, tentada a despachar-me rapidamente e acabando com um saco com umas cinco peças de roupa - prenda não incluída. Depois, já de volta ao trabalho, dou aqui de caras com uma mini feira do livro e, com a desculpa que tinha a prenda do amigo secreto lá do trabalho para comprar, acabei com mais cinco livros dentro da mala - e não são todos para oferecer. Quase a chegar ao meu destino, os meus olhos param num quiosque e toca de comprar esta revista, só para confirmar a polémica que se levantou blogosfera fora - e bem me arrependi, que não é propriamente reconfortante ver as fotografias das raparigas tão perfeitas e depois olhar-me ao espelho. E com isto comprometo-me a travar este frémito consumista. Alguém que me agarre se passar perto de outra montra.

(acho que se chama carência ou ausência de sentido de orientação. Como se meia dúzia de casacos de malha pudessem apagar a tristeza com que aprendo a viver todos os dias, tentando convencer-me que todos agimos pelo melhor e que um dia todas as imagens do desespero dele vão esfumar-se da minha cabeça. Já não sei o que está certo -  só sei que tenho os nervos esfrangalhados e mais uns casacos no roupeiro.)

dezembro 10, 2009

Ultimamente.


Ando um bocado assim: incapaz de me focar nas coisas mais importantes, pressionada por coisas por fazer de todas as direcções, esmagada por um jantar para cento e oitenta pessoas que não estava a ser capaz de organizar. Recebi a notícia de que não passei num processo de recrutamento onde estive envolvida há pouco porque os resultados dos meus testes não eram satisfatórios. Eram testes de raciocínio numérico apoiados por tabelas e gráficos, coisas que eu já deixei para trás há uns bons quinze anos. E nem sequer fiquei triste por não ter conseguido a posição - fiquei, isso sim, envergonhada por não conseguir superar estas provas, mesmo que só eu conheça o resultado. Tenho vergonha de não ser boa assim em tudo. Também fiquei a saber que entrar nos quarenta na minha família é sinónimo de operações à cabeça ou coma induzido por problemas cardíacos desconhecidos. Acho que me fico pelos trinta.

Estamos fartos de saber que a pressão para mantermos a compostura e não cedermos à tristeza é enorme porque é suposto sermos todos fortes. Só que eu, como consequência de não ceder um bocadinho diariamente, tenho dias em que simplesmente quebro, em vez de vergar. E eu desejo apenas ser como canas ao vento.

dezembro 07, 2009

Sushi para um (a pedido!) *

Era este o aspecto da minha mesa nesta véspera de feriado e antes da bateria da máquina me morrer nas mãos. Estou um bocadinho cansada de estar sozinha e o eco aqui em casa já tem feito das suas com o meu humor. Estou, inclusivamente, naqueles dias em que só me apetece enfiar a cabeça debaixo do edredon e ficar só em silêncio. Comer sushi a dois ou a três é seguramente mais divertido. E sobrava-me menos.

* compra-se ali naquela bandeirinha, caso ainda não saibam.

dezembro 05, 2009

Tudo (muito) bons rapazes



Eu já sabia que se me chegasse perto da Fnac algo assim ia acontecer. Ia lá, inocentemente, só buscar um cabo de rede para consertar a minha ligação à internet e acabei com estes três discos (também) na mão. Portanto temos: o cavalheiro à moda antiga, cabelo preto desgrenhado, sozinho em palco com a sua guitarra, com a sua timidez e as botas que marcam o compasso; o trovador contemporâneo, fumando finíssimos cigarros de enrolar, escondido atrás dos lenços que enrola ao pescoço e dos romances falhados das suas canções; e o rei da música pop portuguesa, mestre de cerimónias da escrita, do vídeo e da fotografia, incapaz de parar de criar. Alguém ainda acha que a música portuguesa não vale nada?

dezembro 04, 2009

Sobre regressar *

Muitas vezes não sei o que me impede de chegar a casa, fazermos as malas e apanharmos o primeiro avião para sair daqui definitivamente. Depois era arranjar uma daquelas casinhas de um só piso, com um jardim onde colocaríamos o gnomo com que todas as donas de casa sonham, com o habitual aquecimento central e beliches de madeira para os gaiatos. No Natal, beberíamos vinho quente acompanhado por amêndoas cobertas de açúcar e dormiríamos cedo. Aprenderíamos a gostar do frio e das tardes no escuro e séries dobradas. Teríamos tempo para experimentar todas as cervejas, especialmente as variedades com fruta. Não conseguiríamos decidir entre tanta variedade de pão e havíamos de habituar os nosso amigos a abraçarem-se muitas vezes. Eu viveria maravilhada num mundo de cremes a 0,85€, ele teria os Toblerones gigantes à mão. E um dia haveríamos de querer voltar.

* ou como tudo correu tão bem, tirando os pés dentro das botas novas, e como voltei ainda sem ter um novo emprego e com vontade de mandar o meu país às urtigas.

dezembro 02, 2009

Um chá antes de partir

Amanhã é dia de viajar mais uma vez até à fria (duplo sentido, pois) Alemanha, naquela que poderá ser a minha última viagem de trabalho nesta empresa. O nervoso desta noite já não é com as reuniões lá ou os assuntos delicados que precisamos de resolver, mas apenas a habitual sensação de que me esqueço de qualquer coisa imprescindível aqui... A última surpresa antes da viagem ficou reservada para a minha primeira visita ao Pavilhão Chinês (sim, ainda vou fazer uma lista das coisas escandalosas que ainda não fiz em Lisboa) para um chá de cerejas silvestres e umas horas fascinada com a exuberante decoração.

E agora é hora de fechar a mala e dormir. Gostava de poder descansar mas está mau tempo para voar e a companhia é a mesma do avião misteriosamente desaparecido do radar. Tenho sempre medo de morrer, por isso olhem, foi um gosto!

novembro 30, 2009

Our time is running out

Ela conta-me muitas coisas nesta viagens outonais, rampa acima, perdidas entre os castanheiros que tombam sobre a estrada e os castelos de gelo [sic] que se formam nos pontos mais altos. E fala-me de toda a comida que tem feito nos últimos dias e de como, simultaneamente, já perdeu a vontade de comer. Ouço pormenores de frangos tostados e caldos verdes e qualquer coisa que se deixou a descongelar entretanto - tudo azedando lentamente em tachos gastos por umas dezenas de anos.

Fala-me dos medos, dos rapazes que às vezes vê dentro do quarto e de como se tapa até à cabeça, esperando ficar novamente sozinha. Vai confessando que teme que a expiem e a sigam e, acima de tudo, que seja o assunto do falatório das vizinhas entre o vento gelado e as bolsas do pão. Vou muitas vezes em silêncio, olhando para ela a espaços, tentando gravar-lhe as rugas na minha memória, tentando ignorar a pele seca das mãos e a roupa onde nada um corpo de mais de oitenta anos.

Já tentei explicar-lhe que ele não voltará a andar. E desfiz-me em detalhes para lhe mostrar que também não irá recuperar a fala. Mas como é que se mostra a alguém que a pessoa com quem viveu mais de sessenta anos é apenas uma sombra de si mesmo, três ou quatro sílabas balbuciadas sem nexo, um corpo feito de pele e osso curvado sobre si mesmo? Concentro-me nas abertas e nas árvores de folha caduca e nos prados amadurecidos pela estação. Controlo as lágrimas e é como se este fosse só mais um passeio de Domingo.

novembro 25, 2009

A dr. M. responde!

Houve alguém que chegou ao meu blog com a pesquisa "questionario como saber se gosto de um rapaz" [sic].

Sendo eu uma pessoa com tendência para paixões assolapadas, há uma ou duas dicas que posso dar, sem que alguma delas tenha algum valor científico ou tenha realmente sido comprovada. A mim acontece-me que passo o tempo todo a pensar nele: a minha chefe pode estar a pedir-me um relatório complicadíssimo ou um professor pode estar a marcar o exame final mas a única coisa que a minha cabeça regista é o nome dele e o quão incrível ele me parece. Tenho vontade de pegar no telefone a toda a hora só para lhe dizer como ele é giro e como ele cheira bem e como gostava que ele estivesse perto de mim. Depois, desmancho-me com qualquer canção de amor, mesmo aquelas de que me rio num estado normal, isto é, de não-apaixonada. E de repente, a canção que antes era pirosa passa a ser querida e, incrivelmente, eu consigo arranjar uma justificação para agora gostar dela. Quando se gosta de um rapaz, tem-se o poder de acreditar sempre nele, mesmo que ele nos esteja a contar uma mentira que vai muito para além de piedosa.

Não costumo ouvir sininhos nem ver estrelinhas. Mas garanto que fico tão nervosa que me sinto zonza e as borboletas na barriga passam a uma vontade indescritível de tomar um calmante e acho que vou morrer de taquicardia a qualquer instante. Isto longe dele, claro, porque se estiver perto sinto que vou literalmente desfalecer. Eu já me sei controlar, felizmente. É o que acontece quando gostamos tanto de um rapaz que não precisamos de nenhum questionário nem nenhuma ajuda - sabe-se e pronto. Pode ir fazendo cruzes até lá, caro/a leitor/a anónimo/a. Garanto-lhe que quando chegar a altura vai saber. Desconfie especialmente quando não se lembrar de alguma vez ter sido tão feliz.

novembro 24, 2009

Rock on (se ainda conseguires manter os olhos abertos)

As fotos são dele, pois claro*

Isto anda de tal maneira que até as nossas capacidades anímicas andam trocadas. Eu não me poupo na noite errada, ele sente-se com energia e eu, sem lhe perceber uma subtil nota de entusiasmo na voz, prefiro recolher-me. É só mais um exemplo, eu sei, de como coadunar duas vontades, duas gargantas, quatro pés dançantes e duas vozes que se espalham pelas salas é muitas vezes um esforço ingrato e algumas vezes insuficiente. E é também uma das razões pelas quais as relações hoje em dia não funcionam: as pessoas não querem perder tempo a conhecer o outro mas não querem, acima de tudo, ter que fazer concessões, ceder naquilo que são os seus pequenos caprichos, abraçar as diferenças do outro. E eu, não me querendo armar em doutora nem em terapeuta de casais ou numa pessoa muito experiente, só acho que essa malta está a perder todo um mundo que se abre quando nos damos tempo e quando experimentamos fazer diferente. E quando nos damos a possibilidade de errar. E para a próxima, as duas da manhã serão só o começo porque a noite (como o meu amor) é apenas uma criança.

* os The Kendolls e as Baby Shakes tocaram aqui em mais uma bela noite de rock'n'roll.

novembro 21, 2009

Guilty pleasure #1



You lying beside me, me full of love and filled with hope


(vivo cheia dos mais variados poemas de amor, incapaz de resistir a um one hit wonder holandês, casais perfeitos em dias perfeitos numa paisagem mediterrânica, cansada mas feliz por tudo e por nada)

novembro 19, 2009

[ela vive]

Quando cheguei a casa, a minha irmã tinha-me guardado duas fatias de pizza para o almoço de hoje. Há uns três dias que não vejo notícias, há uns quatro que não leio os meus blogs preferidos. Esta semana jantei a casa de amigos e às dez e tal da noite tinha quase mais sono que o bebé deles, que fez ontem dois meses . Ontem senti tanto stress que as minhas pernas pesavam-me uns quinhentos quilos antes de me deitar e nem a noite de sono fez desaparecer a sensação de peso. Ontem estive em duas apresentações: uma encheu-me de confiança, a outra da sensação que o meu dever ficou por cumprir. Tenho um site para montar até daqui a duas semanas e uma mini-tese para escrever até Janeiro. No trabalho, chegámos finalmente à fase em que não há gente suficiente para os malabarismos que o nosso cliente pretende e, simultaneamente, para poupar dinheiro. E muito menos para motivar pessoas a quem já foi anunciado o desemprego a partir de Maio. Vou ter que me voltar a habituar a dormir sozinha e a lembrar-me do que significa saudade. Nem sequer tenho tido tempo para escrever nos sítios onde é costume. E ler... Bem, chamo ler a passar os olhos por uma ou duas páginas do livro de cabeceira antes de cabeçear de sono. Nunca a expressão So much to do, so little time fez tanto sentido para mim.

As coisas acontecem todas a uma velocidade que não consigo controlar. É como aqueles sonhos que eu tinha antes de fazer o exame de condução, em que ia enfiada num carro, montanha abaixo, uma estrada de terra batida e nenhum pedal de travão que me valesse. Alguém me trave o Mundo, eu quero sair, já eles diziam.

novembro 16, 2009

Diário de uma jovem adulta com demasiadas coisas para fazer

Agora que o fim de semana está no fim, agora que alguns projectos estão melhor encaminhados, reservo uns minutos do meu dia para respirar fundo e tentar compreender melhor o que anda a acontecer. Não foi o fim de semana sossegado com que sonho já há alguns tempos mas deu para sentir brevemente o sabor do descanso.

A equipa a que pertenço é uma das finalistas deste concurso. Além de ser uma agradável surpresa (porque não me tinha inscrito com nenhuma expectativa), tornou-se num evento muito maior do que esperava e deixou-me a sonhar com a hipótese de arranjar um futuro melhor depois de Maio. Não seria abrindo um atelier de pastelaria, nem organizando eventos - isto é muito maior. A única desvantagem é ver-me ainda a braços com o trabalho e o mestrado e não estar a conseguir despachar tudo como gostava. Seja qual for o resultado deste concurso, a verdade é que consegui ter uma ideia bastante sucinta sobre as variáveis a ter em conta quando se pensa em montar um negócio de raíz, um mini-curso sobre iniciativa e marketing. Sweet!

Também fui conhecer um sítio novo, na melhor das companhias. Comeu-se por lá uma deliciosa tosta de salmão fumado com alcaparras, um sumo Royale de chorar por mais enquanto a chuva caía lá fora. É um sítio tão bonito, daqueles que desejava abrir um dia, um espaço onde a luz não incomoda e se pode ler tranquilamente o jornal, com um terraço a fazer lembrar outras capitais europeias. Depois, foi a vez de ver esta peça, que aconselho - mas nunca de estômago vazio! O teatro é lindíssimo, os actores muito divertidos, o texto cheio de metáforas actuais. E depois casa, que me esperava uma apresentação sobre as audiências dos novos media digitais. Novidades, só mesmo nos próximos dias. Façam figas por mim!

novembro 07, 2009

Passamos a primeira tarde dos meus trinta à procura da fotografia perfeita para o primeiro dia de Inverno (saltei deliberadamente o Outono porque este frio, este vento gelado chegou, ignorando a ordem natural das estações). Corremos atrás das abertas que fazem derramar incipientes raios de Sol sobre os campos desordenados, criando efeitos de luz que desejamos ver repetidos. O nevoeiro desce, sem medo, cobrindo os pontos mais altos, apagando serras inteiras do mapa mas às vinhas ainda conseguimos admirar as cores.

novembro 06, 2009

A borboletear desde 1979

Faz hoje trinta anos que a Casa de Saúde me viu nascer. Fui uma filha muito desejada mas aposto que os meus pais tiveram second thoughts quando perceberam que era uma chorona. Ainda sou uma chorona, na verdade. Choro por tudo e por nada, enervo-me a sério, comovo-me demasiado. Portanto, comprometi muitas horas de sono aos meus pais e esfrangalhei-lhes os nervos de vez em quando.

Faz hoje trinta anos (e só eu sei como ainda me arrepia dizer isto assim, admitir que este é um estado irreversível, imaginar-me a responder a questionários e já não caber naquela categoria dos dezoito aos vinte e tal) que nasci e agora começam a contar-se as coisas em décadas, tantos anos a passarem que é impossível lembrar tudo o que é importante. Ainda tive uma esperança que este Verão continuasse colado ao Outono e pudesse usar manga curta pela primeira vez em trinta anos mas não, aqui em casa é definitivamente Outono e o nevoeiro chega até ao chão.

A minha madrinha sempre me disse que a vida começa aos trinta. Uma assistente minha dizia-me que é a década da redução de velocidade e da responsabilidade. E recebi agora uma bela SMS que dizia que trinta é uma bonita idade para se ser feliz. E tirando aquelas partidas que a saúde dos outros nos prega (e contra as quais eu aprendi que não se deve lutar), eu sou mesmo feliz: estou mais ocupada que nunca, a investir em mim e a tentar mudar a minha vida, ao lado da minha pessoa preferida, fazendo apenas aquilo que me apetece, quando me apetece. Não sei se é isto que os trinta trazem. Mas eu aceito a sua chegada, dividida entre recusar ser trintona e abraçar a nova década.

novembro 05, 2009

Relembrando os anos 90 mesmo à porta dos 30 (e pizzas e um pouco de lamúria!)

Esta hora de almoço é o único tempo verdadeiramente livre que tive esta semana. Entre o trabalho (a cavalgar desenfreadamente para a fase terminal), as aulas (em que não tenho feito muitas amizades, é um facto) e uma formação em empreendedorismo (em que fiz bastantes amizades, é de estranhar) ia-me dando um chilique. Sobre esta coisa das amizades ou das relações, ainda hei-de um dia escrever um tratado. Não consegui ainda deslindar o que está atrás da química que aproxima ou afasta as pessoas. Já tentei ser muito simpática, desligada, tímida e extrovertida também mas nunca tenho a certeza do que é que funciona.

Tive direito a médico ao domicílio, jantar numa pizzaria gourmet e ele levou-me por umas horas de volta à altura em que os meus pais me abandonavam em Lisboa pelas primeiras vezes - fui ver os Skunk Anansie, pois. Estou a viver as últimas horas antes dos meus trinta anos, aquela década em que supostamente todos começamos a viver mesmo. Já me apeteceu mais, já me foi indiferente, já quis que chegasse a hora. Agora, estou a hesitar perante a ideia de ser trintona mas eles não param e não há que possa fazer para os impedir de chegar. Daqui a sete horas, dobro mais uma década. Medo.

novembro 01, 2009

Dia de Santos

Há uns bons anos atrás, hoje seria dia da minha mãe nos dar umas bolsas do pão e de nós irmos, porta a porta, pedir os Santinhos. Lembro-me que estaria muito frio e nós sairíamos muito agasalhadas, ao contrário deste Verão que teima em ficar. Receberíamos principalmente romãs e nozes mas o que nós queríamos mesmo eram as moedas de cinquenta e cem escudos. Quem tivesse sorte, recebia uma de duzentos. Da família, as coisas já se mandavam para as notas de quinhentos escudos e, às vezes, um folar como na Páscoa.

A minha mãe gosta de misturar o moderno com o tradicional, por isso aos rebuçados e ovos de chocolate que compra juntas as broas de mel e de milho e os rebuçados de ovos que a minha avó faz. Em vez de cem, oferece duzentos e quatrocentos paus aos miúdos que nos têm batido à porta. Já não sei se eles trazem a bolsa do pão para levarem tudo para casa mas consigo ouvi-los, quase a guinchar de alegria quando se lhes abre a porta e eles dizem "É os Santinhos!". Carga religiosa à parte, é uma versão muito mais querida do que o Trick or treat. Aí chegam os próximos!

outubro 28, 2009

Sinais do tempo

Um amigo dos meus pais decidiu oferecer-me (pelos trinta que aí vêm) um daqueles seguros do banco que me ajuda nas despesas, caso perca o emprego. A oferta chegou bastante antes do tempo, o que o levou a explicar-se.

Não sei se hei-de ficar contente porque em Maio virá a ser necessário, se hei-de vibrar com a originalidade do presente ou se hei-de ficar absurdamente deprimida com a ideia de receber uma espécie de subsídio de desemprego pelos anos.

outubro 27, 2009

So you can feel the way I feel it too.



Eu é que sei o que me tinha acontecido se tivesse ouvido esta música há um ano atrás. Era coisa para me acabar de vez com a auto-estima e lembrar-me de como dói estar assim um bocado perdida. Depois, ia ouvir a música até rebentar com o sistema de som, ia engasgar-me com os soluços e ter muita pena de mim, ia repetir as histórias até conseguir perceber o que tinha feito de errado. Ia auto-flagelar-me por gostar sempre de anormais, sem perceber que era eu que estava errada all along. Pensaria que, por escolher mal, talvez não tivesse mesmo o direito de ser feliz.

Mas depois chegou Abril.

outubro 26, 2009

Correr na Estrela #5

Estar três semanas sem calçar os ténis implica, obviamente, pagar um preço muito alto. E agora, com a mudança da hora, a coisa tornou-se literalmente mais preta. Parte de mim, diz-me que não é seguro correr num jardim tão fracamente iluminado. Mas a outra parte lembra-se de alguém que dizia 'bora chegar aos trinta na melhor forma dos últimos tempos e então faço um esforço adicional. Afinal, eles chegam para a semana.

outubro 25, 2009

As minhas noites são mais belas do que os meus dias vii

Nem sempre me tem apetecido. Mas a verdade é que, depois do desenrolar das coisas, acabo sempre num (nem sempre compreensível) estado de euforia. Mesmo que me veja obrigada a fugir. Mesmo que o cansaço acumulado durante a semana me acabe por trair, mais cedo ou mais tarde.

outubro 22, 2009

Há vida para além do trabalho (e da escola) (e da casa por limpar)

Portanto, agora há mais do que cinco minutos em que consigo respirar. E eu aproveito-os para fazer o quê? Escrever, pois claro.

Tem sido mais do que difícil conjugar o trabalho com a escola. O nível de exigência agora aumentou e mesmo assim a sorte é que, sabendo que o último dia deste emprego está marcado para Maio, a minha ansiedade desceu bastante. O meu empenho não diminuiu, nem perdi a ética profissional e certamente não me espanto como acontecia antes. A empresa continua a achar que vale a pena investir em mim e hoje, numa segunda sessão de coaching com um inglês algo excêntrico que faz vida em Gibraltar, quase dei por mim deitada num divã, fazendo terapia. Disse-me que há cinco coisas que aprendemos - implicitamente- durante a nossa infância: be perfect, be strong, hurry up!, try harder e please me! Mais ou menos todos seguimos estas instruções na nossa vida: não é suposto fraquejar em público, temos sempre pressa para fazer alguma coisa, queremos sempre agradar a alguém mas o meu problema, diagnosticou-me ele, é o da perfeição e o da mania que consigo controlar todas as variáveis que podem influenciar qualquer situação. E não posso, é evidente.

É suposto eu usar estas sessões de coaching (ou treino, se preferirem) para melhorar a minha vida e diminuir os meus níveis de ansiedade, para me conhecer melhor e fazer um mais eficiente uso das minhas potencialidades. Hoje, ele passou-me um exercício muito bom para os momentos antes de uma entrevista, por exemplo. A única falha nisto é que eu, habituada a viver de coração ao pé da boca, raramente terei tempo para pensar, racionalizar e aplicar isto. E, sinceramente, não me quereria controlar totalmente porque acho alguma piada à espontaneidade e a algumas reacções que são como erupções. Portanto, e como dizem os outros I wish I was a better version of myself e enfim, não será apenas assim, mas eu chego lá.

outubro 18, 2009

Ponto Final.Parágrafo

Há coisas nas quais só mesmo nós acreditamos, mesmo sentindo que o resto do mundo é descrente e que, em último caso, vai estar contra nós. Há projectos que demoram aquilo que nos parece uma eternidade a sair do papel, travados consecutivamente por burocracias infidáveis, licenças inúteis, trâmites legais que só são pedidos a alguns. Todos nós conhecemos alguém que desistiu de um sonho porque foi incapaz de lidar com todos os entraves que em algum país, em alguma região lhe colocaram à sua iniciativa.

Ontem tive a felicidade de poder estar presente na inauguração de um projecto que sobreviveu aos sucessivos obstáculos, à lentidão das apreciações, à recomendações que pretendem estimular a iniciativa e aos mesmo tempo a tolhem. Chama-se Livraria Cafetaria Ponto Final.Parágrafo e fica no centro de Portalegre. Para falar sobre isto, sou suspeita por várias razões: primeiro, porque acredito que não é proibido tentar realizar sonhos; segundo, porque sinto falta destes espaços na minha cidade berço; e finalmente, porque conheço o dono desde que nasceu.

Servem-se no espaço refeições ligeiras, bebe-se cerveja e chá, há sofás que convidam a ler um jornal tranquilamente, vendem-se livros para miúdos e graúdos. Se passarem por Portalegre ou se viverem por lá, procurem-nos e digam que vão daqui. Sorte e saúde para gozar o seu sonho, é o que lhe desejamos todos.

outubro 16, 2009

Zum Geburtstag viel Glück!

Ela hoje faz vinte e oito anos. Dei-lhe os parabéns em primeiríssima mão, como é hábito e dei-lhe beijinhos também. Quando penso sobre os aniversários dela, é estranho para mim pensar que ela continua a crescer, sem parar mas sem também perder a graça dos anos mais jovens. Ela vai ter sempre uns cinco anos, as bochechas mais gordas de que me lembro e vai brincar tardes inteiras na varanda da minha avó com uma velha esfregona. Não vamos jantar juntas, desta vez. Mas para o ano exijo-lhe que me leve a um sítio da moda. Gostar dos filhos deve ser parecido com isto.

A vida depois do regresso à escola

Esta semana foi como se o Mundo não existisse. Já sou uma pessoa ansiosa por natureza e o regresso ao trabalho depois das férias já era motivo suficiente para me impedir de dormir. Mas juntou-se a isso o regresso à vida de estudante, desta vez numa modalidade bem diferente que também me fez perder o sono. É que assistir a seis horas de aulas seguidas depois de já ter trabalhado oito horas é dose e, sinceramente, achei durante muito tempo que não ia aguentar. Mas aguentei, a custo mas aguentei.

Este regresso também me fez lembrar porque não gosto de trabalhos de grupo. Não voltei a estudar para provar nada a ninguém e muito menos que o meu conhecimento é maior do que o dos outros mas, se me pedem ajuda para resolver alguma coisa, é óbvio que ofereço aquilo que sei. Por isso, não tolero as pessoas que se sentem ofendidas ou atacadas quando alguém sabe mais sobre alguma coisa. Não gosto e não é do meu feitio esfregar as coisas que sei na cara de ninguém - só me meto quando mo pedem expressamente. E por isso não suporto estas pessoas mesquinhas, que acham que tudo é planeado para as deixar ficar mal. Os grupos foram feitos a custo, porque obviamente as pessoas não se conhecem e eu saí mesmo da minha zona de conforto (esperar que alguém me convidasse) e atrevi-me a oferecer-me para fechar um grupo. Mas isso não me prenuncia nada de bom e estou preparada para me isolar, caso venha a ser necessário.

Portanto, os horários são penosos e o facto de depois das nove da noite não se conseguir comprar uma garrafa de água naquela faculdade também não ajuda. Se juntarmos a isso salas minúsculas para toda a gente inscrita (com o que isso implica em calor), falta de computadores em aulas em que os mesmo são obrigatórios e o estigma de não ter cursado Comunicação Social, chega-se à pergunta: porquê, então, o entusiasmo? E eu respondo: porque é maravilhoso perceber que posso aprender mais, que quero perder-me em bibliografias, que o meu cérebro não está a definhar. É outra maneira de me sentir viva. E das polémicas brasileiras me passarem ao lado.

outubro 12, 2009

Fim de férias = recomeço do Verão?

Se hoje, em vez das calças de ganga, tivesse vestido o biquini, teria aproveitado da melhor maneira o único dia de férias. Um daqueles termómetros de rua em Sintra marcava trinta e cinco graus e eu, apesar de saber que precisamos dar-lhe desconto, acredito que sim senhor, era efectivamente essa a temperatura. Devo já dizer que fui à Piriquita e provei uma queijada e bem, que desilusão. Tinha um tamanho mínimo, servida num pires sem sequer um guardanapo - estava muito longe da experiência que há tanto tempo me andavam a vender. Sim, eu sou daquelas pessoas que, vivendo em Lisboa, nunca tinha ido a Sintra, pecado pelo qual me penitencio mas que já resolvi.

Mas agora compreendo também o fascínio que as pessoas sentem pela vila e pelos parques, pela floresta quase em estado virgem, pela nobreza da arquitectura, pela tradição do comércio. Preferia voltar lá num dia menos quente, para poder passear sem me saírem os bofes pela boca e sem suar horrores. Mas era o último dia de férias e a companhia era aquela (também conhecida como ideal) e o silêncio que se sentia entre aquelas azinhagas frondosas fez-me esquecer que amanhã volto à vida real, ao trabalho e às primeiras aulas do resto da minha vida. Sobra-me ainda um último dia destes...

outubro 08, 2009

Sem papel de embrulho

Sou bastante atenta a sugestões subliminares, aqueles recados que as pessoas nos vão deixando espalhados por aí. Não sendo propriamente um ás nos trabalhos manuais, tentei organizar um pequeno livro de instruções sobre mim, umas quantas frases sobre as coisas que me têm feito tão feliz e que devem ser repetidas até à exaustão. A ilustrar, as colagens mais trapalhonas que já se viram por aí. O resultado é um Moleskine vindo de Zaragoza, personalizado por uma amadora empenhada e oferecido num aniversário em capicua.

(Parabéns, meu capitão.)

outubro 07, 2009

Boletim intercalar

Temos sido agraciados com chuva torrencial e relâmpagos pela noite fora. As rajadas de vento são um castigo para qualquer cabelo que se preze. Tem estado abafado, lá fora, mas hoje já sinto vontade de vestir uma malhinha. As rápidas nuvens que têm origem no mar fazem adivinhar mais chuva para os próximos dias. Se falta fizesse, temos uma lareira e alguns filmes para ver. Perfeito, portanto.