Acordo e é como se estivesse ainda a sonhar. Está demasiado calor para as dez da manhã e eu estou demasiado enrolada no edredon para deixar de suar. Tento refrescar-me como posso e desfaço a cama com voltas sucessivas. Não consigo controlar a minha cabeça e deixo de tentar organizar as imagens que me perturbam o sono. Queria dormir outra vez mas as minhas fantasias estão demasiado despertas.
junho 29, 2008
Um dia a Caixa vem abaixo
Ontem foi noite de marcar presença em mais um concerto, desta vez num sítio que nunca tinha visitado e que devia visitar mais vezes: a Caixa Económica Operária (cujo site podem consultar aqui). Para quem conhece a Sociedade Harmonia Eborense, este espaço de Lisboa está mais ou menos nessas linhas: um prédio antigo, escadas várias e algumas divisões que se organizam em torno do palco. A noite foi organizada pela Nervo (myspace aqui) e reuniu ontem os Lobster (electrizantes!), os Pontos Negros (promissores mas que sofreram com a má qualidade do som) e os The Vicious Five (máquina bem oleada, frontman como sempre em grande estilo) - grande noite de rock, como é óbvio.
Algumas pessoas, como nós, resolveram ver os concertos da varanda. Tentávamos enganar o calor que fazia com cerveja fresca mas foi difícil ignorar a quantidade de suor que nos colava a roupa ao corpo. Houve muito humor, houve o Joaquim a cantar a Taras e Manias sozinho em palco, a cumplicidade silenciosa entre os dois membros dos Lobster, um certo nervoso miudinho dos Pontos Negros. Excelente noite de música, encerrada no Incógnito com mais música e gente chata que insiste em parar e conversar no meio da pista. A pista foi nossa, mesmo assim. Música e calor - o que eu gosto do Verão...
Algumas pessoas, como nós, resolveram ver os concertos da varanda. Tentávamos enganar o calor que fazia com cerveja fresca mas foi difícil ignorar a quantidade de suor que nos colava a roupa ao corpo. Houve muito humor, houve o Joaquim a cantar a Taras e Manias sozinho em palco, a cumplicidade silenciosa entre os dois membros dos Lobster, um certo nervoso miudinho dos Pontos Negros. Excelente noite de música, encerrada no Incógnito com mais música e gente chata que insiste em parar e conversar no meio da pista. A pista foi nossa, mesmo assim. Música e calor - o que eu gosto do Verão...
junho 27, 2008
Sobre convites inesperados e calor sem rival
And written very long ago
It's full of flowers and heart-shaped boxes
And things we're all too young to know but
It's full of flowers and heart-shaped boxes
And things we're all too young to know but
Este moço, tendo dirigido o mesmo convite a quem não o aceitou, levou-me ontem à noite a ver os Magnetic Fields na Aula Magna. Foi uma bela noite, cheia de canções bambi sobre corações partidos e crimes passionais numa sala longe de estar esgotada. Apenas dois pontinhos negativos: o calor inacreditável* (passei a noite a tentar improvisar um leque) e o senhor Merritt tapando os ouvidos sempre que o público aplaudia... Agradecida, sim?
* a foto foi tirada durante o intervalo (sim, intervalo!) que a banda fez para que as pessoas pudessem refrescar-se e fumar o seu cigarrinho... Inusitado, no mínimo.
* a foto foi tirada durante o intervalo (sim, intervalo!) que a banda fez para que as pessoas pudessem refrescar-se e fumar o seu cigarrinho... Inusitado, no mínimo.
junho 25, 2008
Dormir mais feliz #15
This* is the devil's game
This is a holiday
This is the devil's game
It turns me on
This is a holiday
This is the devil's game
It turns me on
* não sabendo o que pensar, invento. não há regras nem excepções mas eu sei que quero ganhar. há uma sequência de palavras a repetir-se na minha cabeça o dia inteiro, quatro palavras tão curtas e tão carregadas de ansiedade. não me chega repetir o que já sei, quero reescrevê-lo nas/com as minhas mãos. pudesse eu, quisesse eu parar. é o torpor da insinuação a manter-me na frente. é esquecer-me que sou cérebro e deixar-me comandar pelo calor.
E assim acontece
Pois é. Algo impressionada com o trailer deste filme, resolvi que estava na altura de um bocadinho de emoção numa sala de cinema. Não sou particularmente fã dos filmes de M. Night Shyamalan, é certo, mas não descartava a hipótese de mudar de ideias. E até sou uma pessoa mais ou menos crédula, se souberem como me levar. A ideia duma vingança da Natureza contra a forma como temos tratado o planeta até nem era difícil de aceitar mas a forma como tudo acontece... é demasiado má.
Portanto: eu consigo acreditar na vingança das plantas, que libertam uma toxina que inibe instinto de auto-preservação dos humanos, levando ao suicídio colectivo numa questão de minutos. O que eu não consigo engolir é que isto se passe num espaço curto de horas, sem razão aparente, sem explicação plausível que não uma hipótese lançada ao ar; que a história que liga as personagens principais se cole demasiado àquilo que aconteceu na Guerra dos Mundos (que, sendo igualmente fantasioso, era um filme que se sustentava sozinho); que os momentos de suposto terror alternem com piadas low-profile; que, intencionalmente ou não, se veja em diversos momentos do filme o microfone mesmo acima dos actores (numa cena em que uma personagem leva um tiro na cabeça, a aparição do microfone é especialmente absurda); que as personagens sobrevivam à catástrofe apenas porque se amam e estão a tentar superar uma (pouco credível) crise conjugal. Portanto, eu sabia o que dizia quando, antes do filme, sugeria vermos antes o Sexo e a Cidade - é que era trigo limpo, farinha amparo: sabia-se exactamente o mau que iria ser.
Portanto: eu consigo acreditar na vingança das plantas, que libertam uma toxina que inibe instinto de auto-preservação dos humanos, levando ao suicídio colectivo numa questão de minutos. O que eu não consigo engolir é que isto se passe num espaço curto de horas, sem razão aparente, sem explicação plausível que não uma hipótese lançada ao ar; que a história que liga as personagens principais se cole demasiado àquilo que aconteceu na Guerra dos Mundos (que, sendo igualmente fantasioso, era um filme que se sustentava sozinho); que os momentos de suposto terror alternem com piadas low-profile; que, intencionalmente ou não, se veja em diversos momentos do filme o microfone mesmo acima dos actores (numa cena em que uma personagem leva um tiro na cabeça, a aparição do microfone é especialmente absurda); que as personagens sobrevivam à catástrofe apenas porque se amam e estão a tentar superar uma (pouco credível) crise conjugal. Portanto, eu sabia o que dizia quando, antes do filme, sugeria vermos antes o Sexo e a Cidade - é que era trigo limpo, farinha amparo: sabia-se exactamente o mau que iria ser.
junho 22, 2008
Receita para os primeiros dias de Verão *
Depois da estreia em noites quentes, dorme-se a primeira sesta do fim de semana, em quarto com ambiente tropical e propício à preguiça. Quando o sono acaba, aproveita-se a boleia até à Portagem para um soberbo prato de caracóis, dois dedos de conversa e uns minutos de ar menos pesado e quente. Encerra-se o capítulo gastronómico do dia com umas sardinhas ( quase a chegar à dezena) e uma imperial fresquinha.
Passa-se à música, com uma noite animada pelos Yard Dogs Road Show (que podem experimentar aqui). São onze pessoas envolvidas numa mistura de cabaret, freak show e rock cuja presença em palcos portugueses já pode ser designada de frequente. Muito bons músicos, humor burlesco e dançarinas sensuais - passo o espectáculo todo de sorriso na boca, espantada com as plumas, o acordeão e com o homem que engolia facas. A fechar a noite, assiste-se pela segunda vez à actuação do Cais Sodré Cabaret (que também podem conhecer aqui), um grupo de sensuais e coquetes raparigas convenientemente vestidas a rigor (todas com o ar super-retro anos 40/50 e maravilhosos penteados a rematar) com coreografias originais mas ainda a precisarem de mais tempo em palco.
Termina-se em beleza com uma manhã na piscina. É dos meus momentos preferidos: quando finalmente seco numa espreguiçadeira e o meu pai lê o jornal à sombra. Vamos falando dentro e fora de água, ele mergulha de chapão e eu consigo fantasiar tanto de olhos abertos...
Passa-se à música, com uma noite animada pelos Yard Dogs Road Show (que podem experimentar aqui). São onze pessoas envolvidas numa mistura de cabaret, freak show e rock cuja presença em palcos portugueses já pode ser designada de frequente. Muito bons músicos, humor burlesco e dançarinas sensuais - passo o espectáculo todo de sorriso na boca, espantada com as plumas, o acordeão e com o homem que engolia facas. A fechar a noite, assiste-se pela segunda vez à actuação do Cais Sodré Cabaret (que também podem conhecer aqui), um grupo de sensuais e coquetes raparigas convenientemente vestidas a rigor (todas com o ar super-retro anos 40/50 e maravilhosos penteados a rematar) com coreografias originais mas ainda a precisarem de mais tempo em palco.
Termina-se em beleza com uma manhã na piscina. É dos meus momentos preferidos: quando finalmente seco numa espreguiçadeira e o meu pai lê o jornal à sombra. Vamos falando dentro e fora de água, ele mergulha de chapão e eu consigo fantasiar tanto de olhos abertos...
* consumir exactamente por esta ordem.
junho 20, 2008
Terapia
Dentro do carro estão seguramente quase quarenta graus. Tenho as calças coladas às pernas e as pernas coladas ao banco. O calor come as cores e passa a existir apenas o amarelo palha do chão e o cinzento sujo do céu. Na recta entre Pavia e o Vimieiro, dezassete quilómetros traçados a esquadro e régua, grito com tudo o que as minhas cordas vocais podem oferecer. Todo o amor do Mundo não foi suficiente/Porque o amor não serve de nada. Quando abrando nos semáforos do Vimieiro, sinto-me mais leve. O suor já a correr em bica mas o fardo um bocadinho aliviado.
junho 19, 2008
*
Era o desejo em ondas tímidas sempre que podia pensar nele. Era uma erupção morna, palavras deslizando sobre o calor, naufragando entre o ventre e a boca cheia de beijos. Ela encostava a cabeça ao vidro e sonhava-o durante os minutos vagos. Intencionalmente, deixava os olhos abertos enquanto a escuridão se instalava a seu lado, à sua volta e repetia a sombra dele encostada à porta, repetia o gesto casual da sua mão tocando a parede, preparando-se para lhe tocar. Era muito mais que o desejo, era o fascínio cru da carne e do suor enquanto se olhavam, como dois corpos celestes em doce colisão. Entregavam-se à ausência do amor e, em silêncio, habitavam outros corpos nesses breves instantes de abandono total. E era tudo demasiado simples para sequer ser real.
*[...] o teu corpo não me serviu de resgate[...]
*[...] o teu corpo não me serviu de resgate[...]
junho 18, 2008
Au coeur d'un Orient *
Estão os dois sentados numa boîte de péssimo gosto e partilham o mesmo maço de tabaco. Um tem o olhar perdido num passado que o faz continuar a correr, o outro abandona-se à incerteza do caminho que fez até agora. Querem ambos ser amados apesar dos seus segredos, da falta de tempo, da efemeridade das palavras com que encantam as mulheres que à noite os satisfazem.
Ele pega na máquina fotográfica e dispara incessantemente: um abraço proibido num posto fronteiriço, a força a que submete todas as mulheres que se deitam na sua cama, o homem com quem partilha o quarto e que diz mais com os olhos do que com palavras, os cabelos negros espalhados pela almofada do seu quarto de hotel. Procura em todas as mulheres pedaços que o ajudem a construir a sua amada - aprendeu-o num dizer tradicional. Os seus olhos semi-cerrados são a fonte da luxúria, a razão pela qual as mulheres terminam a noite deitadas sob a sua objectiva. É terrivelmente sexual e sabe disso.
(ou a história deste filme que, não deslumbrando, tem o mais poderoso par de olhos - como os dele - dos últimos tempos e uma banda sonora tão inesperada me ocupará o adormecer durante algumas noites...)
Ele pega na máquina fotográfica e dispara incessantemente: um abraço proibido num posto fronteiriço, a força a que submete todas as mulheres que se deitam na sua cama, o homem com quem partilha o quarto e que diz mais com os olhos do que com palavras, os cabelos negros espalhados pela almofada do seu quarto de hotel. Procura em todas as mulheres pedaços que o ajudem a construir a sua amada - aprendeu-o num dizer tradicional. Os seus olhos semi-cerrados são a fonte da luxúria, a razão pela qual as mulheres terminam a noite deitadas sob a sua objectiva. É terrivelmente sexual e sabe disso.
(ou a história deste filme que, não deslumbrando, tem o mais poderoso par de olhos - como os dele - dos últimos tempos e uma banda sonora tão inesperada me ocupará o adormecer durante algumas noites...)
junho 16, 2008
A garagem da vizinha + Great DJ
Afinal, Santos também podem ser quando nós quisermos - é esta a vantagem das festas da cidade em Lisboa se arrastarem por um mês inteiro e por vários bairros simultaneamente. Portanto, eu continuo a acreditar que para tudo há uma razão e a razão pela qual eu fiquei em casa na véspera de feriado foi para me poupar para a noite de Sábado.
O que nos juntou foi essa ideia de comer sardinhas e aproveitar as noites já quentes (esqueçamos a chuva de ontem e o dia de hoje...) para bailar. Já tínhamos falado na Bica e foi exactamente aí que satisfizemos o nosso desejo de Santos. Depois de esperarmos duas horas para conseguir uma mesa para oito (e aquele casal passar à frente e os músicos passarem à frente e estas duas senhoras passarem à frente e esta malta não se levantar nem à lei da bala), lá conquistámos a simpatia da Guida (a empregada de serviço, que acabou a noite a oferecer-nos imperial) e do senhor Jaime (com a sua cara encardida de assar tanta sardinha e de voltar tanta bifana mas que fazia questão que tudo estivesse em ordem).
O baile já se ouvia onde na noite anterior se tinha reunido Portalegre A. O largo de Santo Antoninho estava longe de cheio mas era isso que tornava tudo mais agradável. As pessoas, maioritariamente moradoras na zona, dividiam-se entre o gradeamento que assomava sobre o palco e o largo propriamente dito, onde um grupo de freaks dançava efusivamente. Os músicos eram (provavelmente) os piores do Mundo mas isso tornava a noite numa ocasião irresistivelmente mais divertida. Entre nós, não se dançou muito - alguns pés guardavam-se para o que viria depois.
Já tinha perdido a conta às vezes que quis ir ao Incógnito numa noite destas. Adiei quase sempre por falta de companhia - estar sozinha numa discoteca não faz nada o meu género. Mas ontem, culpa de uma conjugação inédita de factores, lá dancei ao som dos Discos Voadores do Nuno Galopim. Sempre li os alinhamentos das edições anteriores com alguma inveja porque eram sempre demasiado perfeitos para eu não poder dançá-los. E foi perfeito na mesma: a pista mais desimpedida que o costume, o gin tónico logo à entrada, o dj de braços no ar a incentivar toda a gente à festa, a música que se ouve em casa, agora pronta para dançar.
Do que veio a seguir, guardarei apenas memória porque não me orgulho de ser irresponsável. Mas digamos que envolveu quatro sandes mistas, um biquini vestido e estender o corpo finalmente na cama às nove da manhã. E os Santos eram na quinta-feira, diziam vocês? Na.
O que nos juntou foi essa ideia de comer sardinhas e aproveitar as noites já quentes (esqueçamos a chuva de ontem e o dia de hoje...) para bailar. Já tínhamos falado na Bica e foi exactamente aí que satisfizemos o nosso desejo de Santos. Depois de esperarmos duas horas para conseguir uma mesa para oito (e aquele casal passar à frente e os músicos passarem à frente e estas duas senhoras passarem à frente e esta malta não se levantar nem à lei da bala), lá conquistámos a simpatia da Guida (a empregada de serviço, que acabou a noite a oferecer-nos imperial) e do senhor Jaime (com a sua cara encardida de assar tanta sardinha e de voltar tanta bifana mas que fazia questão que tudo estivesse em ordem).
O baile já se ouvia onde na noite anterior se tinha reunido Portalegre A. O largo de Santo Antoninho estava longe de cheio mas era isso que tornava tudo mais agradável. As pessoas, maioritariamente moradoras na zona, dividiam-se entre o gradeamento que assomava sobre o palco e o largo propriamente dito, onde um grupo de freaks dançava efusivamente. Os músicos eram (provavelmente) os piores do Mundo mas isso tornava a noite numa ocasião irresistivelmente mais divertida. Entre nós, não se dançou muito - alguns pés guardavam-se para o que viria depois.
Já tinha perdido a conta às vezes que quis ir ao Incógnito numa noite destas. Adiei quase sempre por falta de companhia - estar sozinha numa discoteca não faz nada o meu género. Mas ontem, culpa de uma conjugação inédita de factores, lá dancei ao som dos Discos Voadores do Nuno Galopim. Sempre li os alinhamentos das edições anteriores com alguma inveja porque eram sempre demasiado perfeitos para eu não poder dançá-los. E foi perfeito na mesma: a pista mais desimpedida que o costume, o gin tónico logo à entrada, o dj de braços no ar a incentivar toda a gente à festa, a música que se ouve em casa, agora pronta para dançar.
Do que veio a seguir, guardarei apenas memória porque não me orgulho de ser irresponsável. Mas digamos que envolveu quatro sandes mistas, um biquini vestido e estender o corpo finalmente na cama às nove da manhã. E os Santos eram na quinta-feira, diziam vocês? Na.
junho 12, 2008
(E ainda) os Santos...
É quinta-feira, véspera de Santo António e a menina está onde? Em casa. Os pais saíram para uma sardinhada ainda não eram oito horas; os amigos ligaram a perguntar onde se dava o pezinho de dança; as marchas ocupam o horário nobre na televisão. Não é que eu tenha saudades de ser esmagada por uma corrente humana alcoolizada e alegre por coisa nenhuma, nem das sardinhas que nunca conseguimos comer porque não aguentamos e precisamos procurar mais uma casa de banho, nem das três horas que esperei sozinha por um táxi no ano passado.
Mas apetecia-me tanto bailar. E perder-me nas travessas que rodeiam o Castelo. E procurar transporte até a manhã começar a levantar... Acho que vou ali amuar e maldizer o dia em que resolvi trabalhar num departamento alemão - feriados? Nem vê-los.
Mas apetecia-me tanto bailar. E perder-me nas travessas que rodeiam o Castelo. E procurar transporte até a manhã começar a levantar... Acho que vou ali amuar e maldizer o dia em que resolvi trabalhar num departamento alemão - feriados? Nem vê-los.
E agora para três ou quatro coisas diferentes...
Well, it's not like you're one thing or the other, okay? There's still a kid inside but you grow up when you decide to do right, okay, and not what's right for you, what's right for everybody, even when it hurts.
Os abraços que faziam doer, o prato de comida ainda por tocar, o pânico que fazia desapertar a gravata. Ele não sabia como crescer senão inventando para si mesmo um amor incondicional, um substituto do conforto e da paixão. Vestia camadas de roupa para se proteger do toque dos outros. Espreitava atrás das cortinas a vida normal que ele não conseguia para si. Queria gostar mas isso só fazia tudo doer ainda mais. Por não ser também muito tolerante à frustração, gostei deste filme. É material para me deixar com um nó na garganta.
Não tinha assim grandes expectativas sobre o novo álbum destes moços, principalmente porque só há pouco tempo me apercebi que vinha aí qualquer coisa nova. Sei bem as opiniões contraditórias que a música deles gera por aí mas acho que não me podia importar menos com os preconceitos dos outros. Ando a ouvi-los muito (alternando com os moços do post abaixo), especialmente pela manhã, enquanto os primeiros raios de sol (já quente) furam entre as copas do jardim da Estrela.
Eu consegui resistir até aqui. Não partilho desta histeria generalizada à volta da selecção que leva as pessoas a interromperem o trânsito só porque ganhámos mais um jogo da fase de grupos. Não tenho sido adepta da bifana nem sequer da mini durante os jogos, porque jogos e trabalho são duas coisas incompatíveis. E não me incluo nos pessimistas que davam tudo como perdido antes do primeiro jogo nem aos optimistas que acham que vamos ser campeões. Mas foi a primeira vez que ouvi o relato de um jogo da selecção e a primeira vez que ouvi um golo e pude comemorar com as pessoas que encontrei a caminho de casa. Em vez de Estrela brilhante brilhante brilhante brilhante* não podíamos ter Portugal brilhante brilhante brilhante brilhante?
* se não sabem a que me refiro, experimentem a ver a Liga dos Últimos um dia destes e descobrem :)
junho 10, 2008
Dezoito segundos antes do amanhecer *
Absolutamente luminoso. As mesmas paisagens inóspitas da Islândia mas agora na Primavera. A infinita capacidade que a música tem de gerar paz. Os últimos acordes do piano a fecharem uma canção. O emaranhado de palavras que não entendemos mas que nos confortam. Os crescendos épicos a fazerem o peito inchar. A música ideal para o primeiro cruzar de olhos. Uma espécie de elevação que parece que não vou aguentar. As noites em que ainda vou adormecer ao som disto.
* em português porque o meu islandês (e o meu hopelandic) não está famoso. Eles voltaram e ainda bem. Já fazia falta esta luz.
* em português porque o meu islandês (e o meu hopelandic) não está famoso. Eles voltaram e ainda bem. Já fazia falta esta luz.
junho 09, 2008
junho 07, 2008
2-anos-2
Dois anos. Vinte e quatro meses a dedicar-me a um projecto a que vi nascer, crescer, estagnar e desenvolver. Duas promoções depois, sinto que ainda não estou no sítio onde gostaria de estar. Não me refiro exactamente à posição na empresa, que muito me honra, mas à actividade profissional. Esta coisa de não ter escolhido nada com uma designação profissional concreta baralha-me um bocadinho. Podia ter ido para as engenharias ou para o design ou para medicina mas não - tinha que decidir-me pelo abstracto das literaturas.
Depois, há toda a questão material. Não tenho nenhum desejo secreto de ser milionária mas não posso dizer que não sonho ganhar mais dinheiro. Faço planos com todo este dinheiro que não ganho. Porque nunca se sabe e um dia isto pode dar uma cambalhota grande e eu, quando menos espero, estou noutro sítio qualquer. Não me parece, em todo o caso. Mas como eu até sou uma pessoa crente (vulgo, patinho que acredita em tudo)...
Os dois anos neste emprego ensinaram-me muita coisa. Maioritariamente, ensinaram-me coisas más e digo isto sem qualquer amargo de boca: simplesmente ensinaram-me diferentes formas de sermos lixados por diferentes pessoas. Ensinaram-me a trabalhar sem os recursos necessários e, mesmo assim, conseguir atingir os objectivos a que eu mesma me propus. Mas também fizeram maravilhas pela minha paciência, pelas minhas capacidades de formação, pela vontade de unir as pessoas em torno de uma mesma coisa. Tudo isto me será útil no futuro, tenho a certeza. Mas fico sempre um bocadinho desconsolada por ter que aprender estas coisas todas à força, sem ter tempo para as digerir logo. Aqui, não há tempo para pensar em nada, nenhum segundo para contemplações. E esta segunda promoção amainou o meu desejo de procurar uma experiência nova. Mas, com esta gente por lá, é até ver.
(ou estou a enganar-me a mim própria?)
Depois, há toda a questão material. Não tenho nenhum desejo secreto de ser milionária mas não posso dizer que não sonho ganhar mais dinheiro. Faço planos com todo este dinheiro que não ganho. Porque nunca se sabe e um dia isto pode dar uma cambalhota grande e eu, quando menos espero, estou noutro sítio qualquer. Não me parece, em todo o caso. Mas como eu até sou uma pessoa crente (vulgo, patinho que acredita em tudo)...
Os dois anos neste emprego ensinaram-me muita coisa. Maioritariamente, ensinaram-me coisas más e digo isto sem qualquer amargo de boca: simplesmente ensinaram-me diferentes formas de sermos lixados por diferentes pessoas. Ensinaram-me a trabalhar sem os recursos necessários e, mesmo assim, conseguir atingir os objectivos a que eu mesma me propus. Mas também fizeram maravilhas pela minha paciência, pelas minhas capacidades de formação, pela vontade de unir as pessoas em torno de uma mesma coisa. Tudo isto me será útil no futuro, tenho a certeza. Mas fico sempre um bocadinho desconsolada por ter que aprender estas coisas todas à força, sem ter tempo para as digerir logo. Aqui, não há tempo para pensar em nada, nenhum segundo para contemplações. E esta segunda promoção amainou o meu desejo de procurar uma experiência nova. Mas, com esta gente por lá, é até ver.
(ou estou a enganar-me a mim própria?)
junho 04, 2008
Dormir mais feliz #14
me fazer sentir tão bem
decerto alguma coisa mais te disse a mesma voz
que tu não dizes a ninguém
decerto alguma coisa mais te disse a mesma voz
que tu não dizes a ninguém
junho 03, 2008
(Porto) After hours
Imagens minhas, música Eu tentei dizer do Manel Cruz
Todos os dias foram curtos para nós. Por isso, vi nascer duas manhãs no Porto. Tentámos apanhar gaivotas, conhecemos as faculdades todas e tomámos o pequeno-almoço onde, há menos de doze horas, tínhamos jantado também. Às memórias, junto aquilo que a minha máquina também viu e brinco aos vídeos caseiros. Como se nos pudéssemos esquecer.
junho 02, 2008
Porto ♥
Por ordem de chegada: C., A. e eu (sete da manhã, perto dos Aliados); Casa da Música♥ pós-concertos; Serralves toda para nós *
Se eu quiser dizer a verdade verdadinha, só existia uma razão para eu ainda não conhecer o Porto: não tinha ainda calhado. E lá por ser a única razão não quer dizer que seja boa ou válida ou compreensível até. O que interessa é que agora essa razão deixou de existir e eu regressei de um fim de semana (quase) perfeito, com mais uma cidade a juntar às que outras das quais gostei à primeira.
Há muitas razões para uma pessoa se enamorar do Porto. Temos a esplanada do Piolho às sete da tarde, enquanto os indies lêm o Y; temos a Ribeira completamente formatada para turista ver; as francesinhas verdadeiras e gigantes; temos a forma atrevida com que os empregados topam os não-portuenses à distância; a cor das fachadas dos prédios mais velhos; o bom gosto dos bares e discotecas; e temos o tempo que muda quando nos sente chegar à cidade. A isto tudo, eu ainda juntei boa companhia e um melhor guia. Quero voltar lá. E quero voltar depressa.
* estas e outras impressões visuais sobre os concertos aqui.
Há muitas razões para uma pessoa se enamorar do Porto. Temos a esplanada do Piolho às sete da tarde, enquanto os indies lêm o Y; temos a Ribeira completamente formatada para turista ver; as francesinhas verdadeiras e gigantes; temos a forma atrevida com que os empregados topam os não-portuenses à distância; a cor das fachadas dos prédios mais velhos; o bom gosto dos bares e discotecas; e temos o tempo que muda quando nos sente chegar à cidade. A isto tudo, eu ainda juntei boa companhia e um melhor guia. Quero voltar lá. E quero voltar depressa.
* estas e outras impressões visuais sobre os concertos aqui.
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