O director da empresa chegou ao pé de mim, estendeu-me a mão e disse Félicitacions!
Flashback: ontem tive um dia de trabalho bastante difícil. Sou nova ali, é uma posição onde tem que se saber tantas coisas que no início achei que nunca seria capaz. Mas as coisas vão andando e as coisas progridem e eu aprendo todos ps dias mais. Só que não posso aprender bem se os colegas - por desleixo, incompetência ou má fé - me ensinam as coisas incompletas. Ontem fiz calhou-me a mim esse papel de incompetente, depois de um colega resolver não me dizer tudo o que devia fazer, mesmo depois de eu o perguntar directamente. Enfim, encolhi os ombros e lembrei-me que é preciso tempo e paciência para se conhecer as pessoas e, sobretudo, para se poder julgar um carácter.
Depois foi o meu chefe que resolveu implicar por eu às quatro e cinquenta e nove ter tudo pronto para partir. Tinha feito mais do que as minhas obrigações, esse minuto que me faltava não me ia resolver nada mas ele fez questão de o dizer a rir, parecendo que tudo não passava duma brincadeira. Não foi só a injustiça deste momento que me irritou mas acima de tudo sentir que estes padrões não são para toda a gente da equipa. Mas enfim, eu tenho que compreender que há relações ali que ele mantém relações com outras pessoas fora do emprego e que isso lhes dá direito a que ele feche os olhos aos seus desvios. Pois.
Flashforward: hoje não me apetecia ir trabalhar mas foi até me lembrar que o chefe não estava lá. Lá fui eu, pronta como sempre, empenhada para fazer boa figura. Ontem tinha-me calhado fazer a minuta de uma reunião, o que fiz com gosto mas sem pretensões. Só que esqueci-me que a minuta vai para o management todo e que é capaz de haver alguém que realmente lê aquilo. E então o senhor CEO deslocou-se do seu gabinete ao nosso departamento e fez questão de me felicitar em público. Eu, vermelhona e encavacada, não consegui dizer mais do que uns Mercis muitos tímidos. E depois pensei que mais vale cair em graça que ser engraçada e enchi-me dum orgulho solitário, interior, silencioso. É que eu cá gosto de reconhecimento mas gosto ainda mais de fazer o melhor que sei. E bem, a minha experiência diz que mais cedo ou mais tarde isso há-de trazer uma recompensa...