Chegou finalmente o dia: temos uma casa a que chamar nossa. Sou obrigada a acreditar, uma vez mais, que a sorte protege os audazes porque não só conseguimos uma casa, como conseguimos a mais barata que tínhamos visto e a que melhor nos convinha. Não o conseguimos pela nossa perseverança mas antes por um conjunto de circunstâncias que jogou a nosso favor (se calhar devíamos só agradecer não termos ficado com a primeira que nos apareceu à frente, o que acabou por nos trazer até aqui).
Conseguir uma casa no Luxemburgo, mesmo quando um dos membros do casal tem um contrato de trabalho válido, revelou-se quase um pesadelo. Querendo salvaguardar-se de fraudes ou faltas de pagamento, os senhorios pedem referências impossíveis, cauções difíceis de pagar (especialmente para alguém que vem de um país como o nosso em que os ordenados são quase ridiculamente baixos) e impõem condições à sua vontade. Tenho lido muitas histórias de emigrantes que arriscam a viagem até ao Luxemburgo apenas com 20€ no bolso e acabam na miséria e, sinceramente, não me custa a crer. Arrepio-me com cada história de pobreza e preocupo-me com o nosso futuro mas a verdade é que a nossa mudança foi um pouco mais pensada e com planos debatidos até à exaustão. Se vamos viver folgados? Nem pensar, não nestes primeiros tempos mas sabemos que teremos o suficiente para nos deixar continuar a lutar.
Esta nossa busca serviu também outro feliz propósito: acabámos por conseguir contactos de boa gente que já faz a sua vida por lá há uns anos e que nos ofereceram a sua disponibilidade, a sua hospitalidade porque muito mais não podem fazer por nós. Será difícil agradecer esta espécie de corrente de contactos e solidariedade que nos fez sentir mais amparado e já parte de uma comunidade. Este era o desafio que tínhamos à nossa frente agora. Outros se seguem e, desde logo, o emprego para esta que vos escreve. Mas os tempos ensinaram-me a não sofrer por antecipação (o que não quer dizer que o consiga sempre...) e agora seguem-se dias agitados, conferindo a lista de coisas a fazer antes da viagem, segue-se uma viagem de dois mil quilómetros para recordar e o melhor reencontro possível. Oxalá não perca toda esta pedalada e optimismo!
1 comentário:
Boa, quer dizer que o reencontro está para breve, que bom.
Não tarda nada está a ouvir o Vicente a falar francês e a sentirem-se em casa, por isso a pedalada e o optimismo são palavras-chave. Depois destes dias agitados ainda vai saber melhor o descanso em terras luxemburguesas.
Um beijinho
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