Eu não sei o que escrever, a verdade é essa, sem rodeios possíveis.
A poucas semanas do blog completar nove anos (é obra!, acho eu) eu não sei o que
escrever. Maioritariamente porque leio os blogs à minha volta e sinto que não
tenho nada de interessante para dar. Sinto que a minha é a menos entusiasmante
das vidas e não há nada que eu possa acrescentar à blogosfera. Deixei de ler os
blogs perfeitos e famosos porque não suporto essa ideia de que há vidas
imaculadas e porque já não acredito naquelas pessoas: afinal, elas
passaram a ser marcas.
Como não nasci com nenhum talento especial,
sofro. Não tenho jeito para trabalhos manuais, não sei tocar nenhum instrumento
e muito menos cantar, seria uma péssima actriz, gosto de cozinhar e escrever e
é só. Não sei se foi o Mundo que me meteu na cabeça que todos havíamos de ser especiais, que havíamos de ser talentosos ou se fui eu mesma que me meti nesta armadilha. Não somos, não sou. Hoje em dia escrever é quase uma tortura, especialmente depois de ler o que se escreve por aí e perceber que se calhar nunca encontrei un estilo, nunca encontrei a minha voz.
Em nove anos aconteceu tanta coisa! Tive namorados, vivi em Berlim, comecei a
trabalhar, comprei uma casa, senti-me a pessoa mais só de sempre, vivi sozinha
e com a minha irmã, desiludi-me uma mão cheia de vezes, fiz belos amigos, encontrei a
pessoa que mais me compreende no Mundo e que me completa de uma maneira quase
assustadora, tive um filho, emigrei. Postas assim as coisas, parece muito. Mas
não é isso que sinto agora. As palavras abandonaram-me e eu tenho tentado encontrá-las a todo o custo mas não tem sido fácil.
Não me estou a despedir de ninguém. Não estou estou a dizer adeus, é
preciso sublinhar. Mas o que é certo é que preciso com urgência aprender a
lidar com esta frustração, a combater esta afonia. E fico triste porque são
nove anos a escrever e eu sempre a ter assunto e achar que podia fazer isto
para sempre. Não sei se consigo e nem sei se o problema não é ainda mais
profundo do que a falta de palavras. Espero sobreviver, salvar a minha voz virtual mas honestamente não estou certa disto. Não sei mas quando souber digo. Mesmo se já não houver ninguém desse lado a ouvir.
14 comentários:
tu não te atrevas a deixar-me sem ti...bem sabes o que durante quase 9 anos aprendi contigo.
eu sou um bocadinho de cada um de todos e por isso preciso de todos para me sentir completa, entendes ?
beijos de saudades
Eu estou sempre cá para te ouvir e adoro - MESMO - a maneira como escreves. Não te conheço pessoalmente e portanto não poderei avaliar os teus talentos especiais mas a escrita é, sem dúvida, um deles! Bjs e boa pausa!
estou aqui :D
Tens o teu talento escondido, ou adormecido. Tens primeiro de fazer uma limpeza interior. Afastar esse tipo de pensamentos que não te levam a nenhum lado bom. Acredita em ti. Se começares a acreditar em ti, vais ver que desbloqueias o teu lado criativo e novas ideias surgirão naturalmente. A vida passa depressa demais para fazermos afirmações que não´trazem nada de bom com elas. Olha-te ao espelho e afirma: eu sou linda. A minha vida está ótima, vou continuar em frente e receber o que a vida tem de bom para me dar. É um crime acharmos que não temos nada de bom para dar aos outros. Somos todos únicos e seres maravilhosos.
Tens o teu talento escondido, ou adormecido. Tens primeiro de fazer uma limpeza interior. Afastar esse tipo de pensamentos que não te levam a nenhum lado bom. Acredita em ti. Se começares a acreditar em ti, vais ver que desbloqueias o teu lado criativo e novas ideias surgirão naturalmente. A vida passa depressa demais para fazermos afirmações que não´trazem nada de bom com elas. Olha-te ao espelho e afirma: eu sou linda. A minha vida está ótima, vou continuar em frente e receber o que a vida tem de bom para me dar. É um crime acharmos que não temos nada de bom para dar aos outros. Somos todos únicos e seres maravilhosos.
Eu também estou aqui, fielmente! O que é certo é que não consigo tirar este blog dos meus favoritos, há sempre algo que me atrai para aqui, porque sei que vou encontrar posts simples e nada elaborados mas com tantos sentimentos, lições, tanta coisa! Tantas vezes o que escreveste significou tanto para mim. Por favor, não desistas disto! Tu nem sonhas o impacto que tens nas vidas das pessoas que aqui vêm. Eu continuarei a vir enquanto tu quiseres!
Naaaaao! Nada de pausas!
Vai haver sempre alguém aqui, à tua espera :)
Dalma disse...
Marisa, nem por nada podes deixar desiludidas, pela tua ausência, quem está deste lado. Eu, gosto de ler posts simples, daqueles a que eu chamo de post de trivialidades como acho que é o meu. Um post agradável é para mim o que me prende pela surpresa do que vou ler!
Já viste como os post temáticos qualquer que seja o assunto, política, culinária, etc são uma chatice?
Portanto vais escrevendo sobre o que de momento te vier à ideia pois estando num país diferente há sempre assunto. Quando eu estava em Montreal e me faltava assunto ia para a rua e nunca deixei de o encontrar. Claro que tu trabalhas, tens casa, marido e filho e não tens vagar para este luxo, mas não deixes de aparecer, por favor!
Além disso quem te disse que tu não escreves bem?
A tua professora
p.s. já sabes que a Fátima vai ter um bebé em Maio?
Se eu quisesse e gostasse de palavras encomendadas, publicidade a marcas e vidas perfeitas e certinhas com certezas absolutas, opinando e sabendo sobre tudo e nada e ausência de dúvidas e erros, de certo tinha muito por onde escolher, mas não quero nem gosto, precisamente por isso é que aqui venho todos os dias, embora ultimamente a minha passagem seja silenciosa, gosto muito da sua escrita e de não ser pretensiosa.
Um beijinho
Vês, Marisa como tens tanta gente a gostar de te ler! Faz lá um sacrificiozinho e aparece mais vezes, sim porque eu identifico-me com a Helena Barreta e também só passo nos blogs que considero genuínos, sem pertensões, daqueles em que até as banalidades são interessantes. Que tal uma vez por semana dar-nos o prazer da tua escrita?! É um pedido da tua velha professora de Geografia que sabe como tu escreves bem!
Beijinhos
Pois eu acho que vais fazer falta a MUITA gente, e até a mim, que te acompanho à pouco tempo (desde que estou por terras luxemburguesas também), mas que ,me revejo em muitas coisas que escreves.
Se achas que não tens dom nenhum, não acredites nisso, tens uma forma de escrever e de nos cativar como há poucas!
quanto aos trabalhos manuais, se algum dia quiseres voltar a tentar, fala comigo. Quem sabe se não te entendes com as agulhas e o tricot? ;)
Beijinho!
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