Desde que comecei a trabalhar que sempre o fiz em fins de semana e feriados. Em alguns sítios, era esporádico, noutros obrigatório. Perdi a conta às vezes que não saí com amigos porque no dia seguinte, feriado, trabalhava, às viagens que perdi por não ter um fim de semana. Mas aceitei sempre isso: faz parte do tipo de profissão, num mundo que exige que tudo esteja a funcionar a toda a hora, sem interrupções nem descanso, sem parar para respirar. Só aqui no Luxemburgo, apesar de ter alguns fins de semana de prevenção, tenho os feriados oficiais livres. Isto dá sempre jeito: quando se é solteiro, sai-se com os amigos ou simplesmente dormimos até mais tardes; quando se tem filhos, aproveita-se para passar tempo com eles porque as semanas passam a correr.
Só que agora descobri outra modalidade: trabalhar no fim de semana mas a partir de casa. Não vou negar que há um grande conforto nisto e, mesmo que tenha de acordar bem cedo, pelo menos não tenho que largar o pijama e fazer uns quantos quilómetros no frio. Mas há só um pequenino problema: um filho que é cego por mim. Se eu estou em casa mas não estou com ele (no quarto, por exemplo) grita e esperneia à porta porque me quer ver, nem que seja só para me abraçar. Por isso, isto exigiu um plano estratégico para o retirar de casa e minimizar os impactos no trabalho: como tenho que estar sempre disponível, não posso ter um caganito de dois anos aos gritos pela casa ou a querer colo à força. Pai e filho despachados para o parque e boa parte de manhã sozinha a trabalhar. A hora do almoço, desta vez, trouxe um bónus e o menino deixou-se dormir antes sequer de almoçar. Três horas (!) de sono depois e já o trabalho tinha terminado e agora o meu tempo era dele.
Eu cá safava-me bem com este tipo de trabalho. Dá para limpar o pó entre chamadas, estender uma máquina de roupa enquanto se resolvem um ou dois problemas, trabalhar tranquilamente num sítio que nos é familiar. Acho que me habituava a isto, era o melhor para conciliar trabalho com o outro trabalho que se faz em casa e com a vantagem de não ter que ver pessoas (não me levem a mal, pessoas, mas algumas de vocês fazem-me desesperar e assim paga justo por pecador...). E assim eu tenho crescido, mais apegada a casa e sempre um pouco mais anti-social. Amanhã há mais.
1 comentário:
Uma boa solução, até o Vicente ajudou com a sesta.
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