Não sei se alguma vez vos aconteceu reverem-se numa obra de alguém que mal vos conhece mas que, de alguma maneira inexplicável, vos imortalizou num retrato/música/livro. Não é que me aconteça isto a toda a hora ou o sentimento tornar-se-ia demasiado banal mas recebi há alguns dias um destes fenómenos na minha caixa do correio e fiquei enternecida por ser uma coisa tão especial.
Esta ilustração da Marta (cujo trabalho magnífico podem seguir aqui) chegou-me às mãos pela primeira vez para ilustrar um texto meu, um pedaço de ficção que me comprometi a escrever numa base mensal para esta revista. Eu não conhecia a Marta, nunca tinha trocado nenhuma palavra com ela mas ela acabava de me desenhar em plena planície alentejana salpicada de uma ou outra papoila. Era eu a mulher de vestido que olhava os campos a perder de vista, era eu que sentia aquele calor dourado, era eu e a Marta não sabia. Mas eu sabia e sentia-me estranhamente confortável com isso.
E então num destes dias, numa encomenda cheia de talento e de incrível beleza, a Marta fez-me chegar esta ilustração, já emoldurada e pronta para iluminar a nossa casa. Eu não sei se vocês já conhecem o trabalho dela, especialmente a série das mulheres, mas se não conhecem apressem-se a fazê-lo. E se calhar, quem sabe, ainda encontram o vosso retrato ou um pedaço de vocês que achavam perdido. Às vezes acontece-me isso mas nem sempre tenho a sorte de o pendurar na minha parede.
2 comentários:
Bonito.
Vou espreitar.
Marisa, tenho que procurar a tua revista para ler o teu artigo!
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