junho 05, 2013

Lisboa



Passar férias em Lisboa, ainda por cima na nossa própria casa, tem tanto de doce quanto de amargo. Imaginar que a nossa vida ainda se faz pelas mesmas ruas, a bica bebida sempre na mesma pastelaria, o abraço do nosso filho aos senhores do café, os vizinhos que quase não se lembram de nós, o dono da loja de animais que se espanta com o tamanho dele, o mesmo jardim exuberante e cheio de vida que deixámos para trás, olhar o corredor onde este menino começou a andar - tudo custa e, ao mesmo tempo, conforta. Depois ainda temos os amigos que se desdobram em atenções que nem sabemos se merecemos, temos as praias quase ali, o tempo que se esforçou para nos receber de céu bem azul, os sons e as ruas da cidade que nunca esquecemos, todas as coisas que queremos ainda ver, como que para garantir que não se apagam da nossa memória. Estar em Lisboa é a melhor e a pior coisa que nos acontece esta semana, é sentir outra vez o que perdemos quando decidimos ir, é imaginar como seria se o caminho fosse outro, é sonhar como seria se pudéssemos regressar já. Só que não podemos e por isso afogamo-nos em cheiros a sardinhas e a Tejo, decoramos paredes e últimos andares banhados pelo Sol, repetimos os hábitos de uma vida que já não existe a não ser nas nossas cabeças. E durante uma semana é tudo Sol, é tudo tempo para nos lembrarmos que, apesar de sermos do Mundo, é aqui que pertencemos e esperar que um dia, não demasiado tarde, possamos ainda voltar.

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Boas férias.

Mariana B disse...

É aproveitar o melhor dos dois "mundos"...Boas férias!