Chegou o dia que (simultaneamente) mais desejava e temia: o dia de deixar o país para trás. Tanto tempo a sonhar com uma mudança assim, tanto tempo a invejar outras vidas noutros pontos do Mundo e agora chegou mesmo a nossa hora. Em menos de um mês seremos três novos habitantes do Grão-Ducado do Luxemburgo.
Se me tinha imaginado a viver aqui? Não, nunca. Sempre que se pensava e falava e sonhava em emigrar era um país que não me atraía, demasiado neutro para o meu gosto, demasiado desconhecido, onde aparentemente nunca se passa nada. Mas as oportunidades são exactamente assim, surgindo onde menos se espera, pedindo para serem aceites. Acho que cedo se tornou evidente para nós que, a ser verdade, era algo que não podíamos recusar. E foi assim que nos aterrou no colo a notícia de que a vida poderá recomeçar no Luxemburgo.
Não levamos os dois um contrato de trabalho mas um já é um começo. Tanta gente partiu daqui sem nada, sem dinheiro nem expectativas, sem falar outra língua ou sequer ter andado de avião. Porque raio não haveríamos nós de aceitar esta como a oportunidade para onde dirigíamos as nossas preces? Apesar de aceitar parecer algo óbvio, não o fizemos de coração à larga. Com esta decisão, soltámos uma enxurrada de cartões e contratos para cancelar, famílias para consolar, apartamentos e casas que adoramos e não podemos pagar, uma quantidade absurda de escolhas que ainda não resolvemos. Se estamos entusiasmados? Claro que sim: afinal, é uma maravilhosa oportunidade de começar de novo e começar melhor. Se estamos terrivelmente assustados? Obviamente que sim: afinal, não é o nosso país, a nossa língua e também já não somos só dois. A três, as expectativas sobrem exponencialmente. E a solidão que nos espera faz apertar um bocadinho o coração.
Acreditamos que esta é a melhor decisão e contamos com o ombro um do outro para acalmar os nossos medos. Mas na verdade, quando imaginamos que podemos vir a ter um quintal para o Vicente brincar, quando pensamos que vamos finalmente deixar de contar todos os cêntimos que nunca chegam para mês nenhum, quando nos imaginamos com a Europa toda à mão, a coisa alivia um bocadinho. E agora, além de sorte, precisamos de muita, muita perseverança para levar isto a bom porto. Começar de novo é muito, muito assustador.
10 comentários:
Desejo-vos do fundo do coração a maior sorte do mundo! Que tudo seja mágico nesta porta que agora se abre na vossa vida! :)
Big Kisses
ML
Nunca o nome do teu blogue foi mais apropriado. Ok, excepto quando estavas à espera do Vicente. Como ex-expatriado que sou e actual morador na tua terra natal, desejo-vos as maiores felicidades no Grão-Ducado e que sejam, acima de tudo, felizes com as escolhas que agora têm que fazer.
Um beijo grande.
Só me resta dizer-te.. o teu filho vai falar franciú! LOL :D
Vai correr tudo bem. :) Beijos
Desejo-vos tudo de bom e que sejam muito felizes! :)
F.
BOA SORTE E MUITA FORÇAAAA !
Tomei a mesma decisão há já quatro anos e se é verdade que custa deixar muitas coisas (família, amigos,etc) para trás, também é verdade que tudo aquilo que já consegui neste período de tempo compensou em tudo.
Deixo um conselho para atenuar as saudades, pensa assim: se tiver mesmo muitas saudades são 2 horas de avião e vou passar o fim de semana a Portugal (pelo menos a mim ajuda-me e já o fiz algumas vezes. É verdade que se for para ir matar saudades de Portalegre já é um bocadinho mais complicado, mas normalmente quando assim é Portalegre desloca-se a Lisboa.
Boa sorte nesta tua nova aventura
Desejo-vos a melhor sorte e que a vida que buscam no Luxemburgo seja muito boa.
Beijinhos e um abraço apertado
São novos, vão os três e o Luxemburgo não está tão longe assim. Depois há o Skype e o Vicente continuará a ver os avós e tia com frequência tal como aconteceu quando eu estive no Canadá que todas os domingos tinha um encontro marcado com os meus netos, às 7.30 de lá 12.30 daqui. Era muito divertido para eles e para mim uma delícia de momento! Não dá para ter saudades dos queridos que deixamos...verás que contigo também será assim.
As maiores felicidades para vós, pena é no entanto que, pelo que conheço de ti, Portugal perca mais alguém tão capaz!
beijinhos
a tua Professora
Força aí!!
Muita força! Tu és uma mulher de garra, és uma guerreira! Muita felicidade no teu caminho, linda!
não te vás é embora sem te despedir da minha pessoa, pode ser?
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