agosto 09, 2012

Perita em despedidas

Esta que vos escreve começa a sentir-se uma fada da despedidas. 

Na Segunda-feira foi o meu último dia no escritório. Dada a falta de tempo para fazer bolos para aquela gente toda, resolvi levar qualquer coisa que me representasse e corri ao supermercado português. Levei umas línguas de gato, umas cavacas, umas broas de mel, decorei uns básicos pratos de plástico, disse até já em várias línguas e espalhei tudo pelo escritório. Não sei se tive muito sucesso: pareceu-me que enquanto lá estive os pratos estiveram quase sempre na mesma mas para falar a verdade não me podia importar menos. Não que seja uma cabra insensível mas algures no caminho, e especialmente desde que soube que ia sair, resolvi não me apegar a ninguém para não sofrer desnecessariamente.

Tinha pedido ao meu chefe para espalhar a notícia, o que ele falhou em fazer. Faltavam uns dois dias para me despedir e quase ninguém ainda sabia. Quando o boato se começou a espalhar, as pessoas começaram a vir ter comido e eu falei mais e com mais gente em dois dias do que em três meses inteiros ali. Coisa estranha mas enfim. Descobri que toda a gente procura um novo emprego, que o ambiente no meu departamento era de cortar à faca e fiquei desconsolada por nunca ter percebido o que se passava à minha volta. Fiquei com a sensação de houve gente que se aproximou de mim nesses dias para saber onde há vagas, sem se interessar minimamente por mim. Percebi que podia ter feito uma boa amiga ali: no penúltimo dia almoçei com uma colega espanhola e o tempo passou sem darmos por isso, resultado das nossas afinidades. Fiquei com aquele sabor amargo de saber que as promessas de telefonemas e cafés nunca se concretizarão.

O meu chefe levou-me à porta e, imediatamente antes de sair, insinuou que vou fazer a escolha errada mas que poderei, se necessário, regressar. Não gostei desta atitude: posso passar de cavalo para burro, pode o ordenado não compensar as restantes condições, posso não simpatizar com ninguém - mas assumirei as consequências da minha decisão. Esperava dele que aceitasse a minha decisão sem tentar interferir de maneira alguma e não que se comportasse de maneira algo infantil mas agradeci o tempo que ali passei e a oportunidade que me foi dada e saí. De bem com a minha consciência e ainda sem perceber verdadeiramente que me esperam quatro semanas de férias. Tantos dias de férias antes de recomeçar! E muito tempo para pensar que não me quero despedir de mais nada/ninguém tão cedo.

2 comentários:

Joana Real disse...

qd vi a foto pensei...fogo a rapariga é mesmo prendada a fazer estas coisinhas fofinhas!!! depois li o texto e percebi que era tudo comprado ahahah

Katy disse...

O importante é isso mesmo: seguires o teu coração e o que ele te diz. Costumo dizer que mais vale arrependermo-nos de algo que tentámos e não correu como queriamos do que viver eternamente a pensar no "e se"...

Bola para a frente! :-)

Beijinhos!