Amanhã é o nosso último dia inteiro em Portugal. Digo isto enquanto suspiro profundamente e penso que ainda não me apetecia ir. Tenho saudades da nossa casa, das nossas coisas e rotina (apesar do frio e do cinzento dos dias) mas sinto que ainda podia ficar por aqui mais uns dias.
Levo comigo uma lista de desejos quase cumprida na totalidade: sobraram três que seguirão para uma próxima visita e que estão todos ao nível da restauração. Agradeço aos meus pais terem ficado com o bebé Vicente para que os pais tivessem uns dias de verdadeiras férias - eles adoraram e o Vicente aumentou exponencialmente o seu léxico português, ao mesmo tempo que espalhou cambalhotas em tudo o que foi cafés, parques e casas de família. Tivemos os três muitas saudades mas foi a coisa certa a fazer e ele não podia ter tido melhor companhia.
Pude ver quase todos os meus amigos e família mas ainda me faltou o tempo para outros. Desdobrei-me em visitas e jantares e cafés o mais que pude e sempre que as circunstâncias mo permitiram sem pregar partidas: encontrámos os Fixes para um banquete alentejano a terminar em guitarradas, os primos F. e S. receberam-nos com um petisco de chorar por mais e uma garrafa fresquinha de Lambrusco, os amigos S. e S. deram-nos de jantar no teu terraço maravilhoso com vista para o mar e a serra de Sintra, os amigos H. e H. encheram-nos três boas caixas de sushi depois de lancharmos no Adamastor, os nossos amigos J. e J. acolheram-nos numa noite quente com a melhor batata doce que conhecemos. Jantámos com muitos deles no Bairro Alto e foi muito bom falar com todos e deixar que todos se conhecessem também. Recebemos mais um mimo da M. para matar as saudades de Lisboa, despedimo-nos do H. que estará já hoje em Munique, bebemos um capilé em casa do Z. - ficou-me o coração apertado com tantos gestos de amizade, ficou-me a memória mais fresca com tanta recordação.
Vimos o mar, subimos a serra sem pressa, demorámo-nos na linha de Cascais. Corremos Lisboa de carro, a pé e de eléctrico, matámos saudades do rio e da Lapa, respirámos fundo no jardim da Estrela, visitámos os nossos vizinhos, curvámo-nos sob a basílica da Estrela. Miradouros vimos uns poucos, sempre de céu azul, sempre debaixo de um Verão que este ano nos tinha escapado. Fomos turistas na nossa cidade e fui-me lembrando vezes sem conta do bom que é viver ali.
Mas está a chegar a hora de regressar e as previsões não são animadoras: céu cinzento, chuva e mínimas de dois graus. É o preço a pagar, dirão muitos e pensamos nós. Isso e a distância tão intransponível a que nos encontramos de quem queremos bem. Foram dias tão bons e com tão pouco descanso que luto (na minha cabeça) pela ideia de que lá estamos melhor. Mas daqui a um dia e meia estaremos a embarcar para o Luxemburgo, de preferência com menos lágrimas do que na última vez. Quem me dera que pudesse estar (quando quisesse) em toda a parte.
3 comentários:
escreves tão bem miúda
Parece-me que foram dias muito bem passados que vos aquecerão o coração nos dias frios do Luxemburgo. Boa viagem!
até já ;-)
amanhã hastearemos a bandeira (direita) em vossa homenagem !
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