março 10, 2014

(não quero mais voar)

Há uns dois dias que me é difícil pensar noutra coisa. Desde que o avião desapareceu algures entre a Malásia e a China que volta e meia dou comigo a pensar nisso.
 
Já li mais de mil posts num desses forums especializados em aviação comercial e onde, entre pura especulação, cenários cinematográficos ou discussões sobre probabilidades, já aprendi mais sobre este tipo de aviões, este tipo de acidentes e os métodos de detecção e busca que se usam em casos destes do que poderia imaginar.
 
Para mim, é difícil assistir a tudo isto exactamente a dois dias de embarcar no meu próximo voo. Em que, ainda para complicar mais as coisas, tenho a companhia do meu filho. Não é que esteja aterrorizada ou realmente nervosa mas a verdade é que não consigo deixar de pensar no que terá levado a este desaparecimento tão misterioso que tantas hipóteses já levantou até agora. Quando mais viajo de avião e quanto mais leio sobre desastres aéreos mais me ocorre que não vale a pena tentar antecipar nada e há sim que aceitar que um dia podemos ser nós a estar no lugar errado à hora errada.
 
É verdade que a maior percentagem destes acidentes acontece em aviões de companhias aéreas (ditas) menores ou com menos projecção mediática mas basta pensar no caso do avião da Air France que se despenhou em 2009 no voo que ligava o Rio de Janeiro a Paris e a conversa muda um pouco de figura. Também se pode alegar que há um tipo de aeronaves mais propício a acidentes (se é que isto se pode dizer assim) mas o avião que desapareceu há três dias era um Boeing 777, que aparentemente tem a fama de ser um avião incrivelmente seguro entre os fãs da aviação, muito à custa de um reduzido número de acidentes registados. Até agora.
 
Como se não me bastasse o meu próprio terror (que é contido, sublinho), ainda me ocupo a imaginar o que sentiram os passageiros, embora seja quase impossível saber, pelo menos antes de conhecermos as razões do desaparecimento. Parece que quase ninguém espera que estejam vivos ou que o avião tenha aterrado numa qualquer pista improvisada. Sabe-se que não existiu nenhum pedido de ajuda da parte da tripulação, que o avião aparentemente iniciou uma manobra não prevista na sua rota quando já estava em altitude de cruzeiro mas resta saber o essencial: como pode um avião desta envergadura desaparecer num mar alegadamente pouco profundo sem deixar qualquer rasto? Já sonhei inúmeras vezes com o fim do mundo e outras tantas com a minha própria morte e sem dúvida que um desastre aéreo é das coisas mais assustadoras de que me consigo lembrar. A sensação de impotência que um passageiro deve sentir, fechado numa cápsula sem poder libertar-se e provavelmente com tempo suficiente para perceber o que lhe está a acontecer... Não sou pessoa de rezar mas se o fizesse estaria agora a rezar pelos passageiros, tripulação e famílias. Que todos possam encontrar paz de espírito o mais rápido possível, mesmo que isso signifique que se confirmam as piores expectativas.
 
E eu... Bem, eu vou fazer figas para que a sorte não nos abandone também. Morra a necessidade que temos de nos deslocarmos de avião, pim!

2 comentários:

Helena Barreta disse...

São desastres terríveis.

Boa viagem e que morra, então, a necessidade de terem que se deslocar de avião.

Boa semana

Dalma disse...

Pois, Marisa, entre o desconforto de muitas horas de avião, 9 para Miami, 7 para Nova York, ou ficar em casa parece, que a pesar de tudo não temos dúvidas em escolher!