Umas das coisas que mais me agrada aqui é o processo da reciclagem. Como noutros países da Europa, e ao contrário do acontece em Lisboa, as próprias câmaras (ou comunas) estão mais activamente envolvidas para que tudo resulte. Há um calendário pré-estabelecido para os dias de recolha do lixo (diferentes tipos de lixo são recolhidos em dias e com periodicidades diferentes), alguns sacos são distribuídos gratuitamente pela câmara (ou comuna) e pelo centro de reciclagem e é possível solicitar recolhas de materiais especiais por marcação. Mas o que realmente me impressiona por aqui é que o cidadão é convidado a participar também ele activamente, o que só é possível com altas doses de civismo.
A nossa comuna dá aos habitantes nela registados um cartão pessoal de acesso ao centro de reciclagem. Este centro encontra-se aberto durante a semana e pode substituir as recolhas periódicas do lixo, assim as queiramos antecipar ou atrasar. É-nos pedido que façamos uma separação metódica do nosso lixo e que a distribuamos pelos recipientes devidamente assinalados no centro. A separação é um pouco mais específica do que apenas papel, vidro e plástico e também há lugar para o chamado lixo verde (limpezas de jardins, por exemplo) ou para equipamentos eléctricos ou outros.
A melhor parte disto tudo? É que efectivamente este é um sistema que funciona! Tivemos já a oportunidade de ver a azáfama no centro de reciclagem, de perceber como cada um organiza o que traz, como as crianças também são desde cedo envolvidas no processo, assimilando-o como natural e aprendendo enquanto crescem. Eu não sou nenhuma ambientalista radical: acredito que todos podemos fazer um pouco para diminuir a pegada ecológica mas acho que, acima de tudo, esta é uma questão de civismo e eu fico contente por podermos fazer a nossa parte. Há até uma loja de objectos em segunda mão para quem se quer desfazer de objectos ainda perfeitamente utilizáveis - é uma ideia ganhadora a cem porcento. Gostava que isto também funcionasse em Portugal mas não sei, acho que ainda há muito a mentalidade Não separo o lixo porque estou a gerar mais emprego ou Eu pago, alguém que faça isso por mim. Enfim, eu sou uma fã da organização e responsabilização das pessoas, nada a fazer!
3 comentários:
Marisa, não chegaremos ainda à perfeição do Luxemburgo, mas digo-te por experiência que estamos muito à frente de Montreal (Quebec) caso que como imaginas conheço bem. Quanto ao resto das outras províncias canadianas não sei.
Não acho que o cenário em Portugal seja assim tão mau no que toca à reciclagem, nos últimos anos fizeram-se grandes avanços. Tirando o "lixo verde" há possibilidade de reciclar tudo o que referiste. E as lojas em 2a mão estão a tornar-se mais comuns e populares, sobretudo para artigos de crianças, nem que seja por causa da crise (mas já conheço lojas de 2a mão para coisas de crianças desde 2000 e poucos).
Na minha rua e ruas envolventes existem 4 contentores de lixo e 3 grupos de ecopontos, ou seja, só um contentor de lixo não tem ao lado os ecopontos, mas mesmo assim vejo que ainda há quem não faça reciclagem.
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