março 18, 2013

DIY: mais uma macacada para o Vicente



A mais recente fixação do Vicente são os números. Como ainda usa o biberão, é vê-lo contar de 1 a 9 (as ounces marcadas) de frente para trás e de trás para a frente. Quando vemos noticiários, por exemplo, as horas estão continuamente marcadas no ecran, o suficiente para ele se levantar a correr e, com um dedinho espetado, gritar quais são os números que consegue ver. Lembrei-me que era engraçado que ele pudesse jogar com os números como lhe desse na telha e surgiu-me uma ideia.

Desde que fui mãe, descobri esta paixão assolapada por fazer coisas à mão. Já o disse várias vezes, não tenho muito jeito com os trabalhos manuais mas ele ainda me desculpa todas as imperfeições. Sinto-me feliz com os meus passatempos pré-maternidade mas criar coisas para o Vicente entusiasma-me de uma maneira muito mais intensa e desta vez tivemos a recompensa. Como não me lembrava se alguma vez tinha visto um conjunto assim numa loja de brinquedos, decidi criá-lo à minha maneira. Idealizei o formato, arranjei uns moldes e os restantes materiais e, juntamente com o paciente pai, criei um jogo do mais simples que há mas feito com todo o carinho do Mundo. É possível que, dada a natureza dos materiais, isto não vá durar muito nas mãozinhas destruidoras do Vicente mas vai dar para entretê-lo umas quantas vezes. Dá para ele ordenar os números, procurar os números iguais, adivinhar que números temos não mãos, irá dar para ele os compor também (agora só chega até ao dez mas há-de avançar). Arrumam-se as peças muito bem numa caixa de plástico, sempre à mão. Só os gritinhos de felicidade dele quando brincou pela primeira vez já compensam a tarde toda a desenhar, cortar e colar como há muito não sei via.

É a maravilha desta fase que começou há uns tempos: a interacção. Não quero ser mal interpretada - eu adorei o meu filho em bebé, muito redondo e bochechudo, mesmo chorão e a dormir mal, sempre senhor da sua vontade. Mas agora as coisas estão num nível completamente diferente: ele brinca connosco, ele exige que nos sentemos no tapete com livros e camiões, ele interessa-se por tudo. Foi muito bom cuidar dele mas agora é ainda melhor juntar a isso a curiosidade crescente, a sua empatia pelos sentimentos dos outros, todas as vezes em que lhe explicamos alguma coisa e ele parece finalmente entender. Por isso, guardo todo o cartão que me chega a casa, encho a gaveta de tesouras, colas e pincéis, fico indecisa entre aguarelas ou lápis de cera, perco-me em papelarias. Enquanto não nos faltar a imaginação, não lhe faltará com que brincar.

4 comentários:

Pedro Sobreiro disse...

Ter uns pais que o amam todos os dias, uns pais que têm consciência do seu papel, uns pais que o querem dessa forma, é a maior riqueza de uma criança.

Essa bênção e saúde, constituem um património valioso e único.

Até para os de fora do vosso núcleo, é bonito e tocante o apenas poder assistir.

Dalma disse...

Marisa, como vez tudo se vai ajeitando com o Vicente. Às vezes as birras resultam da impossibilidade que naturalmente têm em comunicar com os adultos. Quando o conseguem tudo melhora.
Já agora, nunca dei porque tivesses falta de jeito, o teu "caderno de Trabalhos Práticos estava sempre impecável!

Helena Barreta disse...

São os momentos de cumplicidade e brincadeiras com os pais que ficam para sempre. Esses jogos e brinquedos, feitos por vezes a três pares de maõs, são os mais valiosos. Aos olhos do Vicente, não há imperfeições naquilo que constroem para ele, pensado e feito em exclusivo para ele e por ele.

Deixo-lhe uma sugestão, forrar as peças com autocolante transparente, ficam laváveis e mais protegidas.

M. disse...

@Pedro, não exageres! Fazemos só o que podemos e o que achamos pode ser mais útil para o gaiato :)

@Professora Dalma, é engraçado que fale nisso. Sabe qual é uma das minhas memórias mais límpidas e recorrentes da altura do Liceu? Um mapa da pluviosidade em Portugal que nos pediu uma vez para fazer em casa. Ainda o consigo imaginar como se fosse hoje :)

@Helena, a sugestão do papel transparente já vai ser posta em prática. Pelo menos assim as brincadeiras podem demorar mais uns tempos nas mãozinhas trapalhonas dele :)