novembro 14, 2013

Três mudanças nunca chegam sós!

Para as coisas piorarem um bocadinho , ou para eu  sentir ainda mais a mudança de bebé a menino, cheguei a casa esta semana e tinha uma carta da nossa comuna. Vinha endereçada “Aux parents de ...” e acho que soube imediatamente o que continha.
Aqui, as crianças com três anos feitos até o final de Agosto entram directamente para uma espécie de pré-primária, a que aqui se chama também adequadamente Éducation Précoce. Os miúdos seguem para a escola primária da sua área de residência (ou outra, caso os pais o desejem, possam justificar e haja vagas) e preparam a sua entrada no ensino primário (ainda precedido por um ano a que chamam a verdadeira Éducation Préscolaire).
Se no final do primeiro trimestre ainda existirem vagas na escola, a comuna convida as crianças que tenham feito os três anos até ao final de Setembro para começarem também, se os pais assim o entenderem. E o menino Vicente recebeu o seu convite esta semana. Portanto, apesar de ainda estar longe da educação primária, já me querem tirar o miúdo da creche e passá-lo para a escola propriamente dita.
Isto tem uma série de consequências para nós, algumas boas, outras mais desestabilizadoras. O principal ponto positivo é que ele estaria a avançar um pouco na sua educação. Depois de comentarmos o convite com a sua educadora, ela confirmou-nos que ele estava mais do que pronto para seguir em frente e se calhar já precisa de um salto destes para poder continuar a progredir motivado. De seguida, a escola primária fica a poucos metros da nossa casa – sempre imaginámos como seria boa esta proximidade, como nos facilitaria a vida porque deixaríamos de fazer quilómetros para o levar e como ele estaria bem na tranquilidade do nosso bairro. Na verdade, não podia ser mais conveniente. Se somarmos a isto o facto de o ensino fundamental ser gratuito, bem – são alguns argumentos a favor.
Um dos pontos menos bons (mas para mim, não para ele) é que esta mudança significa necessariamente começar com o Luxemburguês. Até há uns tempos, isto parecia-me uma realidade tão distante que não valia a pena pensar nela. De repente, caiu-me a realidade no colo e, mais cedo ou mais tarde, tenho o gaiato a balbuciar nesta língua que, francamente, não há quem entenda. Eu tinha um pouco medo do Francês mas pelo menos arranho o suficiente para compreender e fazer-me compreender. Passam-me perguntas pelas cabeça: e se ele não consegue? E se ele se recusa a aprender porque já são coisas a mais? E se isso lhe trava o desenvolvimento e prejudica a progressão escolar? E se eu não o puder ajudar com os trabalhos de casa? Dirão que não vale a pena preocupar-me com isso e eu sei que ele é um gaiato como os outros e que fará o melhor que pode e que até agora nos tem surpreendido com o seu poder de adaptação. Mas pode uma mãe ou um pai enfrentar todas as mudanças sem sequer pensar nas consequências, sem desejar que tudo corra pelo melhor?
O único problema real é que não temos onde deixá-lo nas tardes em que não há escola (Terças e Quintas). Ao entrar no prazo normal, é-lhe garantida a vaga numa espécie de atelier de tempos livres (maison de relais) onde tomam o almoço e ficam quando não há escola. A mesma vaga não é garantida para quem entra depois de Setembro.
Não sei porquê mas encontro um grande conforto em imaginá-lo no ensino público mas, acima de tudo, a crescer assim, perto de casa, numa escola que já espreitámos, num bairro tranquilo, aqui à mão de semear. Mas depois penso que é uma escola e o meu bebé não é o mesmo sem os seus caracóis tão bonitos e se ele está a crescer, eu estou a envelhecer. Ou a crescer também, se também eu me encher de optimismo. Enquanto procuramos um sítio para o tempo livre, habituo-me à ideia de estar a criar um rapazinho que se porta muito mal às vezes mas que também dá os abraços mais doces que conheço. Vamos lá, estou pronta.

2 comentários:

M de M disse...

por aqui as preocupações já são outras e estava precisamente agora a escrever sobre elas-entre outras, mas isto de se ser mãe já se sabe-...mas se te serve de consolo o cabelo dele volta a crescer ;-)

beijos

Helena Barreta disse...

Vai, certamente, correr tudo bem. Não tarda nada e o seu cachopinho domina na perfeição o luxemburguês.

Bom fim de semana.