agosto 31, 2016

Os terríveis voltaram a casa!

Três semanas depois, temos de volta o nossos dois terríveis! Escusado será dizer que no dia antes até me sentia nervosa, do mesmo género de nervosa antes de uma entrevista, sabem? Também não ajudou o facto de ter de ir de avião e muito menos ajudou o facto de partir e chegarmos ao aeroporto de Bruxelas... Racionalmente, a minha cabeça dizia-me que era improvável acontecer outro atentado no mesmo sítio num curto espaço de tempo; menos racionalmente, o coração fazia-me estar mais alerta e acautelar o máximo possível as deslocações dentro do aeroporto. Uma parvoíce, eu sei, mas vá-se lá saber como controlar estes instintos mais irracionais.

Os miúdos estavam numa pilha também! Ela tocava-me nas pernas e olhava-me com a cara de quem ainda não acreditava de que eu continuava a existir. Ele teve alguma dificuldade em dividir a atenção entre mim e os desenhos animados, que lhe ocuparam uma boa parte das férias. Abraçámo-nos, eles sentaram-se no meu colo e eu pude apertar os dois simultaneamente. Ele contou-me algumas das coisas que pôde ver e fazer durante estas três semanas, ela chorava sempre que eu desaparecia do seu campo de visão. Imagino que pensava que me ia ausentar outra vez e não estou certa de saber até que ponto ela entendeu que toda esta situação era temporária. Mas, ao mesmo tempo, sei que também sentirão a falta dos avós depois destas três semanas de caos e gritaria lá em casa. Ela bem chorou quando viu o carro dos avós a partir...

Foram três semanas de muita calma. Aliás, tanta calma que não cheguei a fazer tudo o que imaginava em casa. A preguiça vencia-me quase sempre ao final do dia e só aquela sensação de poder chegar a casa e simplesmente sentar-me no sofá sem pensar em mais nada era tudo. As noites sem pesadelos dele e sem choro dela, as manhãs sem ter que correr atrás dos dois para estarmos prontos a tempo, as refeições sem birras foram os pontos altos. Mas é claro que não vê-los a correr atrás um do outro, não estarem sentados cada um com o seu livro, não lhes dar aquele beijo de boa noite que garante que tudo está bem deixara algumas saudades. No fim, a ausência foi quase terapêutica: eles puderam ter férias, encher a barriga de gelados, quebrar horários e evitar os sítios onde passam boa parte do tempo aqui; nós pudemos parar e apreciar o silêncio, pudemos simplesmente não fazer planos e descansar, pudemos saltar refeições ou ir comer fora, pudemos dormir um pouco mais.

Mas, três semanas depois, já precisávamos daquele abraço e daquelas caras sem vergonha. Agora é regressar a tudo o que nos é habitual e rezar para que os dias comecem tranquilos e acabem da mesma maneira. Pelo menos até o terceiro elemento decidir chegar!

agosto 25, 2016

Uma feira com mais de 670 anos!


A Schueberfouer começou na semana passada e, para nós, já é um hábito que cumprimos religiosamente e que até esperamos ligeiramente empolgados. Começa no final de Agosto e dura duas semanas. São quinze dias de festa esperados por toda a gente - afinal, segundo sondagens mais ou menos seguras, 80% da população do Luxemburgo vai passar pela feira pelo menos uma vez! (Mas enfim, num país com pouco mais de quinhentos mil habitantes, não é assim um feito tão difícil.)

De qualquer maneira, eu divido-me um pouco naquilo que sinto assim que passo o pórtico da entrada: por um lado, é um acontecimento completamente provinciano, faz até confusão como pôde algo assim sobreviver numa capital europeia; mas, por outro lado, o ambiente é tão incrível que é impossível uma pessoa não se deixar contagiar pelas barracas do torrão e pelos stands de tiro ao alvo. Vem mesmo toda a gente à feira: o pessoal das instituições europeias que trabalha ali ao lado e que vem beber uma cerveja depois do trabalho, os frontaliers que chegam de França e da Bélgica para ganhar qualquer coisa naqueles stands de jogo, as famílias portuguesas que chegam do Sul do país em bandos, os adolescentes que saem pela primeira vez e os que já são repetentes, grupos de motards reunidos à volta de canecas de cerveja, idosos que só comem peixe frito nos restaurantes montados para o efeito, aquela família com cinco filhos e o sexto a caminho que me fez tremer só de pensar, os pais que cedem aos caprichos dos filhos e carregam os peluches que ganharam aqui e ali, as pessoas que vêm pela comida (noodles, salsichas, gyros, hamburgers - yay!) e que procuram alguma diversão que não implique um cinto/uma protecção sobre uma barriga em crescimento (só a roda gigante...) - nós.

O barulho é muitas vezes ensurdecedor, entre a música insuportável dos carrinhos de choque, os feirantes que vão gritando que ali se ganha sempre, os decibéis que sobe naturalmente com o consumo da cerveja, a gente que não pára de chegar. É difícil circular entre quem espera a sua vez para ser virado ao contrário, entre quem espera por uma waffle coberta de morangos e chantilly, entre grupos de miúdos e graúdos à procura de uma sombra. Mas este ano o Verão fez-nos uma surpresa e parece que vai ficar até ao final da feira. Ontem, às oito e meia da noite, não corria uma brisa que fosse e o casaco era para ficar em casa. A espera foi difícil mas parece que agora há uma semana inteirinha de Verão para aproveitar. Isso e levar os miúdos à feira, esperar que eles não façam quinhentas birras porque querem dar mais uma volta no carrossel ou não querem comer o resto da salsicha ou precisam - u r g e n t e m e n t e - de um saco de pipocas. A feira é velhinha, viva a feira!

agosto 17, 2016

Saber ou não saber

Estou a breves instantes de escrever uma barbaridade mas preciso de a escrever/dizer: preferia ter vivido numa época com menor acesso a informação. Ou, pelo menos, em que não fosse tão simples qualquer pessoa espalhar uma notícia/um boato/um estudo, dando estes origem a um sem número de contraditórios.

Vem esta minha ideia a propósito de dois assuntos completamente diferentes que se cruzaram na minha cabeça nos últimos dias.  O primeiro tem a ver com as diferentes correntes dietéticas que concorrem entre si hoje em dia. Que o melhor é ser vegetariano. Que a carne nos faz muita falta. Que os adultos não devem beber leite. Que toda a gente precisa do leite. Que o glúten faz mal a tudo. Que o glúten não é o inimigo. Que comer como o homem das cavernas é que é. Que eliminar todos os hidratos de carbono é a única salvação. Às tantas, a pessoa normal e leiga em nutricionismo não sabe mesmo o que fazer. Os meus avós sempre comeram de tudo (pão com toucinho cru, massa com arroz ao pequeno-almoço, alho cru em todos os pratos...) sem pensar em todas estas restrições. No tempo dele, morria-se sem se saber muito bem do quê e é claro que também existia o cancro, as doenças neurodegenerativas, as intolerâncias... Mas não havia nome para nada disto e eles limitavam-se a comer o que havia, apenas com uma enormíssima vantagem sobre nós: comiam muito menos alimentos processados do que nós comemos hoje em dia. Eu, reconhecendo a necessidade de comer o melhor possível, evitando os produtos processados e dando prioridade a tudo o que é natural, não consigo abraçar nenhuma dieta, não consigo eliminar nenhum grupo alimentar, não consigo dar ouvidos a tantos especialistas.

O segundo tem a ver com a condenação de Carlos Cruz no processo Casa Pia. Estive a ouvir a participação dele na Prova Oral do Fernando Alvim, após a sua saída da prisão. Eu sou daquelas pessoas que admiravam imenso o Carlos Cruz (na verdade, ainda admiro) e que o consideravam numa figura incontornável da comunicação em Portugal, o que o obrigava (tacitamente) a altos padrões de moral e de ética. Vê-lo envolvido num escândalo de pedofilia foi um golpe difícil de encaixar porque não podia ser, o Carlos Cruz não podia participar dessas actividades - afinal, parecia que o nosso ídolo tinha pés de barro e não há pior momento do que aquele em que o descobrimos. Mas ao ouvir a participação dele na Prova Oral, ao escutar a calma e a confiança com que nega os factos e refuta os argumentos da acusação, ao deixar que ele conte também a sua versão dos factos, é-me impossível não ter dúvidas. É difícil não imaginar que parte da sua condenação se deve à voracidade da comunicação social e ao rápido julgamento em praça pública, é triste pensar E se ele esteve preso, e se lhe destruiram a vida estando ele inocente? Não sei se acredito nele ou na justiça portuguesa mas inclino-me para a precaução na análise dos factos.

A mesma coisa se passa com as diversas teorias da maternidade, do parto e da amamentação mas, ao terceiro filho, já me encontro vacinada contra todas as opiniões...

Hoje em dia somos bombardeados todos os dias com notícias, estudos, artigos, investigações sobre tudo e o seu contrário. Se não nos protegermos da quantidade de informação a ser disparada em todos os sentidos, parece-me fácil ceder à pressão e tentar viver em função de demasiadas teorias ao mesmo tempo. Eu lido mal com isso. Quero ser uma pessoa informada, isso é evidente. Só não quero viver a pensar nestas escolhas constantes ou que tudo é uma teoria da conspiração ou sem saber se escolhemos o caminho certo.

agosto 10, 2016

Três é a conta que Deus fez!

Foi hoje o dia em que confirmámos que está tudo bem com este milagre e que vamos passar a ser cinco em vez de quatro! O terceiro bebé vem a caminho e eu divido-me entre a angústia total e aquela felicidade estúpida de estar a formar dentro de mim mais uma pessoa que (espero) será maravilhosa!

Desta vez, já não tenho medo de não gostar deste terceiro filho como do primeiro: a chegada da Amália encarregou-se de me provar que há muito espaço no nosso coração para gerirmos a imensidão de afectos que os nossos filhos nos dão. Esta sementinha ainda mal se formou e já gosto dela com todas as minhas forças.

Para mim, as questões que se colocam agora com esta nova chegada são de ordem prática e financeira. Tenho pena de pensar assim, de não conseguir agarrar-me mais ao facto de que do que eles precisam é de amor e pouco mais. O meu primeiro instinto foi procurar exemplos de famílias numerosas e que não são ricas. Sim, porque há muitas famílias com muitos filhos mas que têm uma estrutura de apoio invejável e que não precisam de fazer coisas. Eu quis ver famílias com vidas reais, a enfrentarem desafios reais e a esticarem ordenados. Eu quis encontrar alguém que me dissesse Descansa, vai ficar tudo bem, onde se criam dois também se criam três. Procurei, sem pensar em mais nada, exemplos de organização e eficiência. Eu até cresci com exemplos desses na porta ao lado mas queria estar mais descansada e ainda não estou. A noite ainda não é minha amiga e há tanta coisa que me passa pela cabeça: a logística de três filhos versus dois, os braços que não vão chegar para pegar os três ao colo ao mesmo tempo, o tempo que já me falta agora e como ainda vai ser ainda mais encurtado. E aquela velha questão de não saber se lhes podemos dar o melhor, sempre a martelar na minha cabeça.

Acho que nunca pensei em ter mais do que dois filhos.Cresci numa família apenas com uma irmã e os meus pais foram ambos filhos únicos. A minha família só foi mais ou menos grandes com a ajuda dos tios-avós e dos primos em segundo ou terceiro grau. Os Natais, por exemplos, nunca tiveram vinte ou trinta pessoas à mesa e era bom na mesma porque os que estavam bastavam. Dois filhos era aquele número fixo na minha cabeça e mais porque não gostava de ter apenas um filho: aprender a partilhar, a brincar, a falar e crescer é certamente mais fácil quando há irmãos. Mas aqui em casa o pai sonhava com uma equipa de futebol e de repente até eu já me tinha deixado entusiasmar com mais um pirralho a correr atrás dos outros dois. Daí ao terceiro filho... um curto passo!

Algumas pessoas já sabem e, até agora, posso confirmar que as reacções ao terceiro bebé são tipo Ah sim? Meh... Quando se anuncia o primeiro é tudo super novo e excitante e toda a gente está imensamente feliz por nós. Ao segundo, o entusiasmo começa a abrandar mas ainda é giro porque há sempre o mistério: será que vão conseguir o casal? Ao terceiro... A reacção é mais de incredulidade do que outra coisa, do género Mas vocês têm a certeza do que estão a fazer? Não chegava já? Eu cá ainda me divido entre a super-felicidade e o terror, entre pensar que quem cria dois também cria mais um e pensar que vai ser o verdadeiro desequilíbrio de mãos, atenção e finanças. Mas não há tempos ideais nem há situações ideais e nós vamos moldando a vida às circunstâncias e até agora não temos falhado. E se falharmos, não será o fim do mundo porque não há nada como arregaçar as mangas e começar de novo.

agosto 08, 2016

Férias, parte II - sem filhos

Um disclaimer prévio: eu (nós) adoro (adoramos) os nossos filhos. Mas isso não significa que não necessitemos de tempo longe deles.

Para nós, é muito importante ter também dias de férias sem filhos. A maneira como escolhemos viver (longe do nosso país, da nossa família e amigos) fazem com que passemos muito tempo a quatro durante todo o ano e isso significa concentrarmo-nos nas necessidades do mais pequenos e relegarmos as necessidades dos maiores para segundo plano. Sei que fomos nós que escolhemos viver assim e aceito, pacificamente, as consequências dessa escolha. Mas reservamo-nos o direito de ter tempo a dois e até mesmo tempo sozinhos para que possamos descansar da erosão do dia a dia.

Como este ano tirámos três semanas de férias, passámos as primeiras duas com os miúdos e deixámos a última só para nós. O destino não podia ser outro - Lisboa, por três ou quatro dias, só para fingir que vivemos outra vez ali, para sentirmos o cheiro a mar. Estar sem os miúdos foi sinónimo de acordar sem despertadores e sem pressas, de comer fora sem o stress de distrair um e alimentar o outro sem que a nossa comida fique gelada, foi decidir ir à praia à última da hora sem precisar de carregar mil coisas, comer caracóis tranquilamente ao final do dia, namorar livros devagar, deixar que os dias acontecessem. Estarmos sozinhos foi ainda, imagine-se, sinónimo de não fazer mesmo nada, um dos maiores prazeres que tenho desde que fui mãe.

É claro que isto só foi possível com o apoio da nossa família, que aceitou ficar com os miúdos sem pestanejar. E que, aliás, ainda está com eles enquanto escrevo. É que este ano decidimos ainda deixá-los em Portugal por umas semanas para que possam ter realmente férias (em vez de se limitarem à rotina de todos os dias aqui) e para que nós possamos respirar fundo uns dias. Tomar a decisão foi fácil para mim, o que não foi fácil foi o dia de os deixar. O complexo de culpa era tão gigante que só me apetecia voltar para trás a correr e dizer que não, que não podia ser, que eles afinal tinham que voltar connosco. Contive-me, ainda de nó na garganta, sabendo que à hora em que iniciávamos a viagem de regresso, eles estariam ainda a dormir calmamente em casa dos meus pais. E consolo-me com uma chamada de vídeo todos os dias, que invariavelmente tem um puto aos saltos e uma bebé que se ressente de não poder vir ao nosso colo. Não me arrependo de passar vinte dias sem eles - afinal, passamos os outros 345 juntos. Mas também não posso dizer que não lhe sinto a falta, que não me lembro o que diria o mais velho numa ou outra ocasião, de sorrir ao imaginar a pequenina frente a um poster gigante dum gato.

Para bem da nossa sanidade mental, para reforçar os laços entres eles e o resto da família e para permitir que avós e tios (principalmente) possam desfrutar da sua companhia e acompanhar uma pontinha do seu crescimento, acho que fizemos bem. Estranhamos o silêncio na nossa casa, é estranho não se fazerem correrias pelo corredor ou birras antes do banho. Mas todos beneficiamos desta distância e o reencontro será ainda mais doce.

agosto 07, 2016

Férias, parte I - Com filhos

(ainda aqui estou e este blog está longe de acabar mas merecia, como eu, umas semanas de férias)

Este ano decidimos fazer uma roadtrip com os miúdos quando chegassem as férias de Verão. Ainda falámos numa viagem semelhante pela Califórnia mas só para adultos, que resolvemos deixar para daqui a uns anos. Já nem me recordo muito bem como defini os sítios a visitar mas sei que comecei com um item que queria riscar da minha bucket list: ir ao Lichtenstein! Não me perguntem porquê mas parecia-me um destino tão exótico e inalcansável que tinha de lá ir ver com os meus próprios olhos.

A partir dessa ideia, criei o percurso que demorou cinco dias e que nos levou de seguida a Itália (lagos Como e Iseo), França (Mont Blanc) e Suiça (Lausanne), antes de nos pormos a caminho de Portugal. Para isso, foi essencial tirarmos três semanas de férias, o que fizemos pela primeira vez desde que trabalhamos. Para complicar um pouco mais o esquema viagem de carro + crianças, resolvemos acampar nestes dias. Sairia mais barato do que ficar em hoteis e sempre era uma experiência nova para os miúdos. O pai gosta de acampar, a mãe nem por isso.

Acabou tudo por correr melhor do que eu esperava. O pai ocupava-se da logística no acampamento (montagem e desmontagem de tendas, principalmente), enquanto eu olhava pelos miúdos. O mais velho foi fazendo breves amizades por onde passámos, mesmo já se tendo esquecido do Francês ou nem sequer falando a língua dos outros - a verdade é que acabavam sempre por se entender. A miúda deu o trabalho normal dos outros dias e foi espalhando a sua simpatia por estes lados da Europa. Não foram dias perfeitos, longe disso. Muitos trajectos de carro foram um autêntico pesadelo, com ela farta de estar na cadeira e sem perceber que esses quilómetros eram necessários ou com ele a implicar com ela para se distrair. Precisei de respirar fundo muitas vezes para não me deixar consumir pela frustração mas acho que no final valeu a pena.

Puderam brincar ao ar livre em todos os sítios onde parámos, ele ficou espantado quando lhe mostrámos a montanha mais alta da Europa, molharam os pés na água fria e límpida do lago Como ao lado dos patos, aguentaram estoicamente o calor que se fazia sentir em Lausanne enquanto nos tentávamos refrescar junto ao lago Léman.  Saltaram entre países com a naturalidade de quem está habituado a isso, andaram de barco e de trotinete, comeram massas daquelas e gelados, fizeram desenhos ao lado do Mont Blanc. Tivemos de gritar algumas vezes, de acalmá-los outras tantas, tivemos de dar colo e de encorajá-los a saltar. Experimentaram a dormir numa tenda, tomar banhos a correr, ele fez muitas perguntas e ela pôde aventurar-se em terrenos vários.

Quando chegámos a Portugal, ainda os levámos uns dias para um turismo rural (Colmeal Countryside Hotel, que só posso recomendar por ser um sítio tão belo quanto remoto). Passeámos muito na região (Castelo Rodrigo, Foz Côa, Almeida, Castelo Melhor, Freixo de Espada à Cinta) e combatemos o calor com o ar condicionado no carro e no hotel e com braçadas em todas as piscinas que encontrámos. No hotel, ao jantar, a nossa mesa passou a ser conhecida (entre os funcionários) como a mesa da Amália, tal foi o charme que ela lançou e a quantidade de periécias pela qual passou enquanto lá estivemos (incluindo a cabeça quase partida...). Estes dias foram bastante mais cansativos do que as viagens anteriores. O calor era sufocante, o cansaço já começava a acusar, os espaços comuns obrigavam à vigilância constante, as birras multiplicavam-se.

Acho que, daqui a muitos anos, nos vamos rir muito destes dias. E talvez até eles se lembrem das nossas aventuras (naturalmente, ele mais do que ela) e possam entender porque decidimos fazer isto: para que eles possam ver o Mundo lá fora, para que possam dar valor ao património, à geografia, para que possam conviver com gente de todo o lado, para que possam saber como é estar longe da nossa zona de conforto, literalmente falando. Eu cá já começo a olhar para trás com uma espécie de nostalgia, contente por termos estado juntos em ocasiões e sítios tão especiais!