fevereiro 19, 2018

(ainda há aqui gente)






Ainda aqui estou. Muitas vezes sem vontade de escrever/dizer nada porque sinto que não tenho nada de interessante para dizer/mostrar. Muitas vezes sem qualquer tempo para rabiscar meia dúzia de palavras, dividida entre o trabalho cada vez mais exigente e os filhos a precisarem um olho a toda a hora. Tem feito muito frio por aqui, mais do que no ano passado (se a minha memória não me falha).

Já nevou bastantes vezes mas nunca assistimos assim a um daqueles nevões de parar tudo. Neva, a neve transforma-se em gelo pouco tempo depois e o Sol depois encarrega-se do resto. Acordamos, levantamos as persianas e está tudo branco, sempre sem aviso e sem se fazer avisar. Quando está a nevar, parece que o silêncio se torna ainda mais dominador. Os miúdos têm brincado na neve nas respectivas escolas e nós saímos só um dia para ver a paisagem fora da cidade e levá-los a enfiar os pés em alguns centímetros de neve. Sair de casa nestes dias é um exercício contra a minha natureza, condicionada por anos a viver nos Invernos frios e molhados de casa e por aquele reflexo imediato: está mau tempo, o melhor é nem sair. E como eu sei que estar ao livre ia ajudar a passar o tempo (estas três pequenas feras precisam de muita actividade para não se concentrarem a implicar uns com os outros constantemente). 

Foi Carnaval e este ano os mais pequenos tiveram direito a dois disfarces diferentes, um novo e um herdado do mais velho. Além dos disfarces, o pequeno Augusto começou agora a vestir a roupa que era do Vicente e isso ajuda muito. A Amália teve direito a muita roupa nova (quase toda, diria) por ser menina. Espero que as coisas não tenham passado muito de moda depois de sete anos mas a verdade é um irmão mais velho ajuda muito. E então sapatos!, nem vos conto quantos têm herdado os miúdos da altura do Vicente. Ter apenas um filho resultava naquele luxo de nos podermos concentrar apenas nele, comprarmos tudo apenas a pensar nele. Agora chegou a altura desse luxo compensar! 

No trabalho, as coisas continuam a mudar e neste momento não me sobra nenhum momento para nada que não sejam os projectos que tenho em mão. Antes, encontrava momentos de acalmia de vez em quando, podia respirar fundo antes de me atirar ao próximo cliente. Agora não dá: há imensos relatórios para entregar, ha outras responsabilidades totalmente novas para mim, há um poder de decisão que ainda não tinha experimentado. E aconteceu-me a melhor coisa possível: deixei de trabalhar em equipa porque a minha equipa sou eu! Sim, eu sei que nas entrevistas de trabalho toda a gente diz que adora trabalhar em equipa mas será isso mesmo verdade? Eu cá sei é que é muito mais excitante depender apenas de mim para alcançar os objectivos, não ter que fazer esforços suplementares para compensar o resto. E atenção que eu adorava a minha equipa anterior, mesmo. Mas esta posição fora de uma equipa trouxe-me mais entusiasmo e mais realização. Se calhar descobri uma das minhas vocações: organizar a informação que temos à disposição. À semelhança do que sinto em casa, também agora sinto um prazer em organizar e preparar a informação de forma a ajudar a empresa a entender como correm as coisas nos diferentes mercados. Gráficos e tabelas tem sido comigo e acabo sempre ogulhosa dos relatórios que construo. É parvo, eu sei, mas faz com que acordar de manhã seja menos um sacrifício e mais um novo prazer. 

Entretanto, no pouco tempo livre que me sobra, comecei a tricotar. Primeiro, tive um aula com alguém já experiente (este projecto Mamie et Moi é espectacular e recomedável para quem, como eu vive no Luxemburgo e quer aprender a tricotar) e depois comecei a praticar depois do jantar, quando os miúdos já estão deitados. Ainda estou muito no início da coisa mas já tenho planos para fazer três cachecóis para os miúdos com o ponto mais fácil. Depois, a ideia é voltar a ter uma aula, aprender mais pontos até conseguir aventurar-me em verdadeiras peças de roupa. Sonho com o dia em que consigo fazer roupa para os miúdos, não precisam ser muitas peças, até pode ser só uma peça daquelas essenciais para cada estação mas feitas por mim. Tricotar sabe-me bem porque é uma actividade tão repetitiva que me acalma, ao mesmo tempo que me entusiasmo a ver as peças a crescerem. Portanto, os meus bocadinhos livres são divididos entre o tricot e a leitura, mas a verdade é que estou muito atrasada para atingir o meu objectivo de leitura deste ano (24 livros.. ufff.. estou bem longe). 

E agora resta-me esperar que esta semana passe depressa: os meus pais chegam Sábado para passar uns dias connosco e matar saudades dos miúdos. Nós, por sua vez, vamos poder respirar um pouco, quem sabe mesmo jantar fora a dois, aliviados com um pouco de ajuda. Isso e os planos para as férias deste ano têm ajudado a manter a cabeça à tona deste Inverno que tem sido escuro, cinzento e muito frio. Daqui já me vejo deitada ao Sol...