setembro 19, 2013

Marise & Patrice, grande duo musical!

Só tenho a dizer ouvi isto na duas últimas manhãs e se há coisa de que tenho saudades* é de fazer concertos com a minha irmã e cantar a duas vozes com ela.



(e tenho pena que a vida nos tenha empurrado para sítios tão diferentes, tornando muito mais complicada a intenção que tínhamos de morar no mesmo prédio, lado a lado ou frente a frente. E ainda das coisas parvas que inventávamos as duas, daquelas coisas que, se acontecerem hoje, ainda nos fazem mijar a rir, tipo gozar com o Thom Yorke a cantar a Exit Music (for a film) ou falar como a nossa vizinha Luísa Cristina. Não vale a pena tentar explicar porque isto é nosso e mais ninguém pode compreender-nos. Posso dizer que é a minha melhor amiga (mesmo se às vezes me esqueço de ligar), com um coração e bochechas gigantes e uma das melhores profissionais que conheço. Ela há-se ser sempre a bonitinha e eu a gordinha, não interessa se já passámos as duas os trinta. E agora apetecia-me que ela entrasse em casa cansada, vestisse logo o robe e se sentasse no sofá a comer torradas porque ela também é um bocadinho da minha casa. Olha, muah muah!)

setembro 18, 2013

As coisas boas, como as desgraças, nunca vêm sós * **

Adivinhem só quem é que iniciou uma parceria em regime de freelancer (claro) com um jornal português no Luxemburgo? Pois, acho que adivinharam! Contactada por uma jornalista da Lusa (obrigada P.!, outra e outra vez), escrevi a minha primeira crónica para um jornal de grande tiragem: vinte e cinco mil exemplares parece-me obra! Se cem pessoas lessem o que escrevi já eu era uma moça feliz mas poder chegar a tanta gente não tem mesmo preço! Se tudo correr bem, a coisa irá repetir-se e eu terei mais um motivo para fazer aquilo de que realmente gosto: escrever escrever escrever.

* o artigo pode ler lido na íntegra aqui.

** sem esforço, hei-de lembrar estas semanas como uma enxurrada de coisas boas, que me têm levantado a moral do chão e reconhecido algum valor. E bendigo a hora em que decidimos mudar de vida: sem aquela monumental cambalhota inicial, talvez não me tivesse mexido um milímetro. Mudar foi e será sempre duro mas não posso negar que o gosto, esse, é demasiado doce para olhar para trás.

setembro 15, 2013

Reduzir a velocidade



Uma das razões porque gosto tanto do Luxemburgo é esta sensação de viver rodeada por bosques, por floresta cerrada onde dificilmente penetra a luz do Sol, por campos cultivados e por cultivar. 

Hoje de manhã, aproveitando as abertas deste Outono precoce que já vivemos há uns dias, levei o Vicente a andar de bicicleta na tranquilidade do nosso bairro. Encontrámos algumas crianças num dos parques que visitámos mas o segundo estava vazio e silencioso. Eu pedalava pela parte mais alta do bairro e, entre as árvores, parecia estar a ver qualquer coisa colorida, cujas formas não conseguia identificar. Resolvemos ver com os nossos próprios olhos e encontrámos mais um parque a cinco minutos de casa, rodeado de árvores frondosas e supervisionado por um enorme depósito de água em plena recuperação. Havia sinal de toupeiras pelo parque fora, uma caixa de areia um pouco abandonada e um tapete verde e selvagem que, resultado dos últimos dias por aqui, escondia algumas poças de lama.

Ainda naquela zona, duas velhinhas conversavam numa esquina com pão fresco debaixo do braço, casais despediam-se das visitas do fim de semana e o restante silêncio só foi interrompido pelos sinos da igreja em que a missa já havia terminado. Isto não é uma aldeia mas podia bem ser. Durante muito tempo, eu quis viver em cidades grandes (mesmo que Lisboa não seja a maior das capitais europeias), cheias de possibilidades e agitação. Sinto que vivi e aproveitei (relativamente) bem essa fase da minha vida e acho que é por isso que sinto tanta satisfação com a diminuição da velocidade a que andam agora as coisas. Isto não foi exactamente uma marcha atrás, simplesmente estamos a travar com o motor, com alguma precaução e com tempo, sobretudo com algum tempo.

setembro 12, 2013

Partir

Daqui a minutos embarco num voo para Barcelona. Voltarei amanhã mas sinto-me como se fosse estar fora uma semana inteira.

É a primeira viagem de trabalho aqui, uma espécie de demonstração do que os bons e experientes sabem fazer. Na minha bagagem, um caderno pronto a estrear, o computador e uma gigantesca vontade de aprender e de que tudo me faça sentir o menos desadequada possível. Eu, sempre cheia das minhas inseguranças e incertezas, fui meter-me numa posição em que a empatia que souber/puder trasmitir aos outros irá, indirectamente, medir o meu sucesso. Ou vai ser uma boa forma de aprender a afirmar-me, a aceitar-me ou um falhanço total. Se espero falhar? Mentiria se dissesse que sim mas encho-me de medo conforme o tempo passa.

Daqui a umas horas aterro em Barcelona apenas e só para absorver todo o conhecimento que possa. Aproveito os tempos mortos para pôr as ideias e a leitura em dia, para respirar fundo e continuar a convencer-me que estarei à altura. Não agora, não em breve mas quando for tempo. A viagem começa agora.

setembro 09, 2013

Arregaçar as mangas: a mudança chegou

Já esperava escrever este post há muito tempo.

Tinha aberto uma vaga lá na empresa que eu gostava de ocupar. Não me tinha candidatado porque a) pensava que não tinha a experiência necessária e b) havia outro colega (a quem muito estimo) que também estava interessado. Acho que desde o início pensei que ele conseguiria o lugar e isso deixava-me feliz porque sei bem daquilo que ele é capaz. Mas depois percebi que ele fazia falta noutro lugar e que se calhar a questão da experiência não era assim tão importante. Mais ou menos "empurrada" por dois colegas que acreditavam nas minhas capacidades, candidatei-me ao lugar para ver no que dava.

Passei pela primeira entrevista com aquele que irá ser o meu novo chefe, preparei e conduzi uma apresentação que testava as minhas capacidades de comunicação, fui convidada para uma conversa informal com o chefe do meu futuro chefe. Na minha óptica, tinha passado com distinção em todas as fases mas há muito ganhei o hábito de me desconfiar das coisas que me parecem muito bem e muito fáceis. Esperei. Esperei por isto durante dois meses em que não se descortinava nenhuma decisão, em que não percebia se aquilo que a intuição me dizia estava certo ("Tu podes conseguir!") ou se era uma pessoa com demasiada auto-estima (profissionalmente falando, claro). Esperei até hoje à tarde, eram cinco e pouco quando me sentei com o meu futuro chefe para ouvir que sim, a pessoa acertada era eu.

Muitas vezes quis escrever sobre isto e desabafar sobre a espera que me agoniava e me deixava sem saber o que pensar. Mas o tempo ensinou-me que há muita gente invejosa, incapaz de aceitar o sucesso dos outros e também que não vale a pena deitar foguetes antes da festa. Quantas vezes me enganei, pensando que tinha conseguido alguma coisa para pouco depois acontecer o contrário. Guardei tudo para mim porque me parecia que a desilusão, a existir, seria menos dura mas desta vez não foi preciso. Vou poder crescer e evoluir, vou poder exercitar a minha diplomacia e melhorar a minha comunicação, vou viajar e deixar de estar presa a um telefone durante todo o dia. Olá, sou a nova Area Sales Manager para Portugal e Espanha. O título pode parecer pomposo mas para mim significa simplesmente que posso aspirar a ser mais e a ser melhor.

setembro 03, 2013

Le weekend a la campagne *


Passámos este fim de semana para os lados de Champagne, onde fomos encontrar os nossos amigos R. e S. Como eles vivem para os lados de Bruxelas, temos mais oportunidades de nos vermos e tentamos marcar coisas a meio caminho para todos para matar saudades. Desta vez esperavam-nos dois quartos numa pequena quinta na aldeia de Lisse-en-Champagne, em regime chambre d'hôtes. Ainda não tínhamos experimentado o conceito: são quartos (neste caso, independentes da casa principal) em casa de anfitriões que nos abrem as portas de casa e, de certa forma, partilham um pouco da sua vida connosco. No nosso caso, isso foi especialmente importante, dadas a ricas histórias de vida do casal que nos acolheu: ela é natural da ilha da Reunião (que, para quem como nós não sabia onde, fica aqui) e ele é francês, tendo prestado o serviço militar na Argélia. Conheceram-se por carta e foi mesmo antes de se poderem olhar frente a frente que Bernard decidiu ir à ilha da Reunião e trazer Leoncie para o continente. Ele divorciado, ela viúva numa daquelas histórias de como o amor supera tudo!

A quinta era pequena mas lindíssima. O jardim ganhou inúmeros prémios e muita gente marca visitas com alguma antecedência para poderem admirar o trabalho na nossa anfitriã. Ainda têm também uma horta, de onde vem grande parte dos produtos que traz à sua mesa - também oferecem a possibilidade da Table d'Hôtes: podemos marcar um jantar, eles sentam-se connosco à mesa e Leoncie prepara um belo desfile de cozinha franco-crioula. Maravilhoso, tenho a dizer! Contaram-se histórias, falou-se sobre o racismo que ainda se sente em França, rimo-nos com os episódios intermináveis que os sessenta e muitos anos dão para contar, descansámos por ali.


Enquanto não estávamos por ali, tivemos tempo de visitar a região e cumprir a vontade que todos tínhamos: visitar uma cave de champanhe. Escolhemos aleatoriamente e acabámos com visita guiada, com o processo de fermentação do champanhe bem sabidinho e com algumas recordações liquidas na mala do carro. Ainda visitámos catedrais e abadias, comemos un pain au chocolat sentados debaixo das nuvens e envoltos em silêncio e constatámos que em alguns partes de França é difícil encontrar um restaurante com a cozinha aberta depois das três da tarde. Chegámos a casa com aquela sensação de tranquilidade e de momentos bem passados, uns prontos para trabalhar, outros para seguir em frente nas férias. Este sucesso também se ficou a dever ao senhor Vicente, que até se portou à altura e fez questão de não fazer mais birras do que as estritamente necessárias ;)

* o site onde encontrámos o alojamento é este e se alguém algum dia quiser conhecer Leoncie e Bernard pode ir directamente aqui.