junho 27, 2006

Well then... God is an asshole.

Damos voltas e mais voltas e nunca conseguimos explicar a dor, a profundidade da dor que sentimos quando perdemos alguém.


[Quem acompanha uma série torna-se amigo das personagens. Partilha os momentos de indecisão, alegria ou de dramatismo e, às tantas, esquece-se que há um ecran que nos separa de um mundo fictício. O Nate foi hoje enterrado e eu, enredada pela qualidade da série, sofri como se ele fosse um dos meus. Se sofro assim com a ficção, imagino como a realidade me vai derrotar.]

junho 23, 2006

Never say goodbye

Eu, que como todas a gente odeio despedidas, hoje não me escapei. O meu colega Michael (note to self: três posts quase consecutivos sobre ele são motivo para perguntar se não há nada de errado comigo) vai apanhar o avião amanhã. Para sempre. É óbvio que nem sequer criei uma relação com ele: achar piada a um gajo pode turvar-nos as propriedades discursivas. Especialmente se tivermos de nos expressar numa língua estrangeira. E especialmente se não a dominamos.


Mas, durante duas semanas, habituei-me a ansiar pela chegada das nove horas da manhã e começar a trabalhar. Todos os bocadinhos em que me podia distrair do trabalho sabiam a pouco e lá o ia mantendo sempre debaixo do olho. No fundo, ele tinha ocupado um lugar que, na minha opinião, deve estar sempre preenchido: uma coisa semelhante a um objecto de desejo que, por mais fútil e platónico que seja, nos dá sempre razão para suspirar. Mesmo que nunca (e neste caso, nunca é dizer pouco) passe de uma fantasia, é bom sentirmo-nos empolgados com qualquer coisa e ainda melhor se for com uma pessoa.


De forma que a despedida foi assim muito fria e distante, como o protocolo alemão exige. 'Boa sorte para vocês, bom voo para casa, iada iada iada' e lá se foi ele, com os seus saquinhos do Corte Inglês debaixo do braço. Eu ia jurar que ele olhou para mim com pena e, se quisesse mesmo ser parva, ia jurar que lhe vi os olhos a marejar com lágrimas. Não vi lágrimas nenhumas. Mas ele queria ficar. E eu queria que ele ficasse e que ele fosse embora.


Ai.

junho 22, 2006

Agora que já recuperei alguma da tralha que tinha no template anterior há alguma santa alma que me explique como é que puxo a barra lateral para o topo? Ofereço alvíssaras :)

junho 21, 2006

Hoje podia ter sido um dia muito diferente, um dia bom, assim uma cena digna de filme. Podia ter resultado assim numa coisa ousada mas com estilo, daquelas coisas que sabemos que não nos vão acontecer nunca. Fiquei presa num dos elevadores lá do trabalho com o alemão. Eu e ele, lá dentro, com um calor insuportável, pouco abaixo do primeiro piso. Nos primeiros momentos, a minha fantasia adiantou-se mais uma vez. Havia colegas lá fora a perguntar se estávamos bem, a chamar alguém para ajudar. Mas enfim, fiquei presa com ele e mais 6 pessoas... Não se falou uma palavra de português enquanto lá estávamos e eu, como boa representante da altura da mulher portuguesa, vi-me obrigada a ficar em bicos de pés para tentar respirar ar fresco.
O elevador nunca teria parado se fossemos só dois lá dentro (assim estaríamos mais longe dos 630 kg permitidos). Quer dizer, podia parar... Talvez eu possa saltar lá dentro ou fazer um movimento mais brusco. Não, não valia a pena. Só a minha fantasia é que trabalha com vigor. Um dia juro que me faço uma surpresa.
Pronto. Chegou a minha vez de perder o template e os comentários e as alterações todas feitas à mão. Odeio estas merdas informáticas.


[desperate]

junho 20, 2006



Foi neste episódio.

[sad sad sad]

junho 17, 2006

O medo

Aconteceu ontem sonhar com o alemão lá do meu departamento. Chama-se Michael, como o Schumacher (e diz-se Mixael) e está cá por um breve período de formação. O sonho era bem bom mas, ao mesmo tempo, um problema. Primeiro, sonhei com um alemão, o que só por si podia ser já suficiente mau (não é uma questão de xenofobia, simplesmente a ideia de um namorado que não falasse português nunca me agradou). Em segundo lugar, o cabelo e as sobrancelhas dele não têm cor, o que faz com que ele se torne numa espécie de fantasma que se pavoneia pelo departamento em busca do telefone para falar com a Alemanha. E depois... Bem, o que me chateia mesmo é esta ideia de que a minha fantasia me precede e já me faz imaginar um caso com um colega de trabalho. Que na realidade não vai ser colega nenhum porque deve estar quase a embarcar para um avião de volta.

[O que me leva a pensar que a minha libido trabalha duma forma subtil. E o que me leva também a reparar no incrível rabo que ele tem e, acreditem, um rabo não é para mim um grande chamariz. Mas o dele é. E faz-me distrair do trabalho sempre que se levanta para ir encher a garrafa de água. Ou vai à casa de banho. Ou está ao telefone. Ai.]

junho 11, 2006

A semana do cansaço (bom!)

Já não tinha memória de uma semana assim há muito tempo. Da mesma maneira, já não fazia ideia da força que é necessária para conseguir levantar o rabo da cama todas as manhãs - não que entre muito cedo, porque não entro, mas porque há um ano que só começava a trabalhar às 4 da tarde. E, asseguro-vos, a falta de hábito fez-me mal.


Começa-se no trabalho novo, em ambiente de formação e descontração. Fica-se, por acidente, inserida no grupo onde a média de idades é mais alta (todos com 35 ou mais, excepto eu), o que pode (ou não) vir a ser um problema. Há colegas calmos, inexperientes e com vida feita na Alemanha e depois existe ELA. ELA não gosta de não conseguir aprender depressa e odeia quem já tem experiência no ramo das telecomunicações. ELA acha que ter vivido numa cidadezinha na Alemanha durante anos foi suficiente para saber como é o Mundo. ELA fala alto, assusta os colegas com os esgares que esboça atrás dos óculos e desconhece a noção de espírito de equipa. Já planeio a altura em que vou pedir para não me sentarem do lado DELA. Porque, não sei bem porquê, a minha paciência para pessoas frustradas e hostis esgota-se muito depressa.

Sushi @ Henri's novamente na terça-feira: pude finalmente assistir a todo o processo culinário e desta vez arriscou-se mesmo o peixe crú. É apenas mais um bom motivo para estarmos todos juntos, bebermos umas cervejas e combinarmos futuros petiscos. Mas desta vez não correu bem para mim (e se a minha amiga E. estivesse a ler isto, de certeza já estava a rir-se muito, com cara de 'eu bem te avisei'): na manhã seguinte pus a hipótese de vender o meu bilhete para o Super Bock, tal era a confusão que reinava no meu aparelho digestivo. Tudo fruto de uma indiposição matinal que me ia arruinando o dia. Ia...

Super Bock Super Rock na quarta-feira, para quem gostava de rock. Saída directamente do trabalho, há tempo para parar na barraca da mana (ao lado das bilheteiras), beber umas cervejas a custo zero, apanhar sol, ver como toda a gente se queixava da quantidade de cerveja que lhe era servida ('Porque é que fazem copos tão grandes se não os enchem?', perguntavam como se a minha irmã fosse reponsável pelo fabrico dos copos...). Acompanhada pela S. (o Sudoeste vem aí!) e restante malta de Portalegre, lá vimos dEUS de tarde (grande sacrilégio) e The Cult como semi-estrelas (já não me lembrava de um concerto tão interminável e tão mau há muito tempo...). Entre macacadas várias e a omnipresente bifana, não consegui ficar para os Franz Ferdinand. Completamente exausta, consegui usar o argumento 'Vá, já os viste 3 vezes...' para me arrastar até um táxi e rumar ate à cama.

Quinta jantar com o M., que se andava a arrastar por Lisboa sozinho. Foi noite de massa rápida mas gulosa, garrafa de vinho verde, muito calor naquela sala e fotografias sem graça (eu entrava, claro...)

Sexta-feira rally paper pelas enigmáticas e belas terras de Sintra. Agora que estou mais perto de ser uma executiva e que me querem embebedar com o espírito corporativo da empresa, nada melhor que oferecerem actividades totalmente grátes, para fortalecer o team building (vejam como já uso o jargão da empresa... Arghhh.). Pelo menos, deu para galgar mato num UMM com 4 portugueses e uma alemã grávida ao lado, resolver enigmas ao calhas e descobrir que estávamos certos, ficar em quinto lugar e jantar descansadamente com um jarro de sangria como meu melhor amigo.

E ontem, last but not least, Wray Gun num cenário não menos belo e campestre. Posso finalmente descansar! Ok, não posso. Lembrei-me agora que Portugal joga hoje...

junho 02, 2006

Começámos bem a noite, bebendo umas cervejas holandesas compradas no Carrefou em Espanha (a isto chamo eu globalização...). Provou-se um arroz de marisco, em que era preciso desviar o dito cujo para tentar descobrir o arroz, acompanhado com cerveja bem portuguesa. Ouviu-se Fela Kuti baixinho, só para criar aquele ambiente de festa.


Sob a ameaça da chuva, corremos ao local do espectáculo para um café tardio mas a tempo de assegurar a posição para o concerto. A sala estava muito mais cheia do que para JP Simões, talvez fruto do espalha-a-palavra e já tinha algumas (tímidas) mesas para justificar a ideia de café concerto. Entraram, tímidos também, sentaram-se e de repente já não estávamos em Portalegre: abriu-se uma porta para um deserto americano qualquer, para uma travessa lisboeta, para o set do Kill Bill. Pedro apresentou-se num impecável fato listado e óculos escuros, Tó Trips de calças vermelhas e cartola na cabeça - a cara deste nunca a vi, senão no fim.


[Eras tu que estavas sentado naquela cadeira, muito agarrado à guitarra. A magreza era a tua, o alheamento também. Tinha sonhado contigo a noite passada, um sonho bom, e agora podia olhar para ele em palco durante uma hora e fingir que eras tu. Por momentos consegui mesmo enganar-me.]


Tocaram com sobriedade, com austeridade até mas totalmente entregues às notas que saiam ora das guitarras, ora do contrabaixo. Mais do criar música, eles criam ambientes e desenham cenários - musicam os nosso filmes privados. Eu gostei tanto...

Depois: FESTA!


(foto daqui)

[Para mim acabam-se as quintas feiras na Quina das Beatas. Ainda há Tiger Man este mês... Pode ser que consiga uma escapadinha de vez em quando.]