Ter começado na nova posição quase em meados de Dezembro teve um lado positivo e um lado menos bom: por um lado, os clientes estavam quase todos a entrar de férias (que em Espanha e Portugal a coisa não se faz por menos) e então não havia muita pressa para empurrar projectos ou para conseguir reuniões; mas por outro lado, os clientes estavam todos a entrar em férias e não havia quase nada para fazer. Os últimos dias antes das férias do Natal foram de tal maneira aborrecidos que já começava a pensar que tinha feito a escolha errada.
Seguiram-se quase duas semanas de férias. Quase duas semanas em que decidimos que não iríamos a lado nenhum, iríamos ficar por casa realmente a descansar. A coisa é que já não nos lembrávamos das férias sem precisar de fazer as malas ou entrar num ou dois aviões e isso fazia-nos desejar ainda mais esta benção que era ficar no mesmo sítio. Só que sem trabalhar. E quase sempre em pijama. Como de qualquer maneira não podíamos ir a Portugal pelo Natal, decidimos abraçar este modo de férias. Eu adorei, rejubilei: quase sempre de pijama, só sair pelo estritamente necessário, a aumentar páginas lidas a uma velocidade vertiginosa, a cozinhar um pouco mais mas não necessariamente o suficiente, a contemplar o céu cinzento todos, todos os dias. Os dois homens lá de casa não estavam necessariamente contentes: o maior porque não é gajo para ficar em casa, precisa arejar e ver pessoas, precisa passear e descobrir, precisa de actividade; o mais pequeno porque necessita largar toda a energia que tem fora de casa, precisa correr e estafar-se ou então faz-nos a vida negra. Que nos fez, especialmente nos últimos dois, três dias mas porque precisava das actividades que a creche normalmente lhe proporciona e estava em casa com dois jarretas que queriam algum descanso. Foi mau não ir a Portugal mas para ele foi ainda pior estar tanto tempo no conforto do lar.
Quando finalmente regressei ao trabalho, doeu. Doeu tudo: doeu o corpo, porque isso significou também o regresso ao exercício; doeu o corpo, porque acordar e ser noite cerrada continua a não ser coisa para mim e tantos dias a acordar depois das oito fizeram mossa; doeu a cabeça porque de repente o Mundo inteiro voltou ao trabalho e toda a gente decidiu que tinha problemas e queria as coisas para ontem; doeu-me a alma porque de repente parecia que eu era feita era para estar em casa, tranquila da minha vida, dedicada aos afazeres domésticos. A única coisa que (se me) aliviou foi o gaiato, que foi gastando as energias acumuladas fora de casa. Li um título de uma notícia esta semana que dizia que o dia 6 de Janeiro era (sei lá eu como o mediram) o dia mais depressivo do ano. Não sei se foi mas que foi penoso voltar à realidade, isso posso eu confirmar.
O resultado disto tudo? Chegar a casa também noite cerrada, carregada de compras, material do ginásio, computador, roupa que foi a limpar, perder uma ou duas baguetes no caminho, equilibrar isto tudo enquanto tento abrir o correio, desfalecer enquanto subo a pé até ao terceiro andar e ter apenas vontade de deitar-me no sofá e fechar os olhos. Depois, idealmente, dormiria sem interrupções até ao dia seguinte, altura em que acordaria fresca e pronta para a labuta diária. Queria eu. Porque na realidade arrumo tudo em casa e depois o gaiato chega mais o pai e ainda há o jantar e o banho dele para tratar e depois do jantar ele precisa ainda de mais atenção. Depois há que conseguir convencê-lo a ir dormir e guardar um tempinho para nós e, se tudo correr de feição, uma hora para ler umas páginas e depois sono agitado. E, é claro, toda e qualquer vontade de escrever esvaiu-se em cada final de tarde. Pensei em temas, comecei posts na minha cabeça, dormi (muito pouco) sobre os assuntos - escrever é que nada. Eu gostava de escrever mais e, sobretudo, melhor em 2014 mas por este andar vou escrever muitos posts só na minha cabecinha exausta. Esperemos que estes sejam apenas os efeitos colaterais do regresso. Regressar é normalmente bom mas não tanto.
2 comentários:
Força!!! os tres são uma pinha que se amam e têm saúde. Alem disso são uns lutadores e não param de "caminhar".FELIZ ANO e um bj ao Vicente.Posso?
O teu dia a dia não me é estranho embora isso me acontecesse na nossa cidade que era/é como um grão de arei numa "praia"que por comparação é a cidade do Luxemburgo! A diferença é que eu tinha 3 filhos e muitas vezes estava sem a minha metade... Porém melhor ou pior tudo correu e fui lá muito feliz.
Coragem, muitas vezes é preciso fechar os olhos à arrumação, aos brinquedos pelo chão, à cozinha em confusão... Embora saiba que isso para uma verdadeira alentejana isso é difícil!
Enviar um comentário