Da primeira vez, comecei a sentir-me diferente exactamente no dia em que tive a primeira confirmação que estava grávida. Coincidência ou não, já passei essa primeira noite a sentir um borbulhar na barriga como se sentisse finalmente o meu corpo a trabalhar para formar o ser que nasceria uns meses depois. Depois disso, o descalabro: enjoos que não eram exclusivamente matinais, o calor que sentia no autocarro a caminho do trabalho, o sono que me tomava de assalto no trabalho sem que conseguisse manter os olhos abertos, a alergia aos cheiros (principalmente o do marido, coitado, que cheira sempre bem), o cansaço avassalador que me fazia ir à cama quase assim que chegava à tarde a casa.
Tudo passou no terceiro mês, em que como um milagre deixei de me sentir mal e passei a sentir-me no topo do mundo. Desta vez, os sintomas começaram um pouco antes da confirmação mas que eu, como parecia tão difícil engravidar, me despachei a descartar como falsos alarmes. Que não eram, soube pouco depois, claro. Mas a verdade é que a coisa ainda não está fina: tenho alguns enjoos durante o dia e tive um dia ou dois mais cansada mas ainda me consigo controlar bastante bem. Está a ser um pouco difícil explicar no trabalho o que se passa exactamente comigo mas até agora a teoria dos problemas de estômago tem safado a coisa. Creio é que não posso mantê-la durante muito mais tempo mas não queria que se soubesse aqui em primeiro lugar, queria aliás que fossem os últimos a saber.
A diferença gigante da primeira para a segunda é que agora já existe um rapazinho que exige muita atenção, que quer brincar, ajudar na cozinha, saltar em cima do sofá, abraçar-me sempre que pode sem ter noção da sua força. Não posso simplesmente deitar-me e esperar que passe a má disposição, não posso enfiar-me na cama e esperar que os cheiros deixem de ser tão intensos, não posso estar sempre cansada. Especialmente por isso peço aos céus (se lá existir uma entidade divina, melhor) que me deixem passar por esta gravidez com menos desconfortos, para que eu possa equilibrar as coisas e tratar do menino que está cá fora tão bem como a semente que está cá dentro.
(escrito no dia 10 Julho)
[actualização]
Foi mais ou menos um mês e meio de muito desconforto e de baixa médica. As náuseas eram demasiado fortes para conseguir sequer estar sentada mas ainda me devo sentir sortuda porque nunca vomitei. Não conseguia concentrar-me em nada que exigisse muita atenção, os dias passavam e eu sentia-me como se estivesse num pesadelo, muito calor e suores, de vez em quando a conseguir ver a realidade. A médica tentava acalmar-me, dizendo que tanta náusea era um bom sinal, era sinal de que as hormonas estavam a trabalhar bem e de que a gravidez estava firme mas eu queria lá saber. Sem medicamentos, tentei sobreviver o melhor que pude, mesmo com uma disposição de cão. E só me lembrava da minha ex-colega P., que me contou que na sua primeira gravidez vomitou e teve enjoos os nove meses certinhos! Eu podia lá aguentar essa provação!
Mas agora estabilizou. Não posso dizer que estou fina e livre desta má disposição mas a verdade é que já consigo trabalhar, não me sinto tão derrotada e fragilizada como há duas semanas atrás, já consigo estar sentada por uma quantidade simpática de horas. Mais ou menos como esperava, esta gravidez é bastante mais visível que a primeira e por isso, com apenas três meses, já se vê bem que qualquer coisa está a acontecer. Até à semana passada, fazia algum esforço para a esconder mas agora, que pude dizê-lo em voz alta e informar quem precisa de ser informado, já posso exibi-la com orgulho. E agora é esperar que os desconfortos se manifestem mais timidamente para eu poder viver o segundo trimestre com todo o esplendor que lhe corresponde. Até já azia e dores em todos os ossos, vemo-nos já no final!
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Foi mais ou menos um mês e meio de muito desconforto e de baixa médica. As náuseas eram demasiado fortes para conseguir sequer estar sentada mas ainda me devo sentir sortuda porque nunca vomitei. Não conseguia concentrar-me em nada que exigisse muita atenção, os dias passavam e eu sentia-me como se estivesse num pesadelo, muito calor e suores, de vez em quando a conseguir ver a realidade. A médica tentava acalmar-me, dizendo que tanta náusea era um bom sinal, era sinal de que as hormonas estavam a trabalhar bem e de que a gravidez estava firme mas eu queria lá saber. Sem medicamentos, tentei sobreviver o melhor que pude, mesmo com uma disposição de cão. E só me lembrava da minha ex-colega P., que me contou que na sua primeira gravidez vomitou e teve enjoos os nove meses certinhos! Eu podia lá aguentar essa provação!
Mas agora estabilizou. Não posso dizer que estou fina e livre desta má disposição mas a verdade é que já consigo trabalhar, não me sinto tão derrotada e fragilizada como há duas semanas atrás, já consigo estar sentada por uma quantidade simpática de horas. Mais ou menos como esperava, esta gravidez é bastante mais visível que a primeira e por isso, com apenas três meses, já se vê bem que qualquer coisa está a acontecer. Até à semana passada, fazia algum esforço para a esconder mas agora, que pude dizê-lo em voz alta e informar quem precisa de ser informado, já posso exibi-la com orgulho. E agora é esperar que os desconfortos se manifestem mais timidamente para eu poder viver o segundo trimestre com todo o esplendor que lhe corresponde. Até já azia e dores em todos os ossos, vemo-nos já no final!