dezembro 18, 2014

Reconhecimento


Eu sei, eu sei: nos últimos meses, não andei muito feliz a nível profissional, o que me fez questionar muitas coisas, em especial o meu percurso futuro. Quando pensava que já tinha encontrado uma resposta, aconteceu-me uma coisinha chamada Amália e digamos que todos os planos (ou esboços de planos) que tinha na cabeça foram necessariamente colocados de lado. Não custou muito, aceitei a mudança tranquilamente, afinal é por uma boa causa.

Mas é preciso ser clara: o meu desalento não foi causado directamente pelo sítio onde trabalho mas sim pelas expectativas e planos que eu mesmo tenho vindo a criar para mim. É apenas um reflexo de alguns anos de trabalho em áreas em que nunca me imaginei ou em que sou, na prática, forçada a aprender tudo de raíz e em que a natureza das actividades não podia estar mais longe da minha personalidade. Isto partindo do princípio de que sei exactamente do que falo... Ainda não fui capaz de verbalizar o que gostava exactamente de fazer mas sei duas coisas: gostava que envolvesse uma parte criativa e de alguma liberdade e também que me fizesse sentir que o meu trabalho é importante e que posso ajudar outras pessoas com ele. Não está fácil, eu sei, porque isto pode ser muita coisa. E bem, com o tipo de qualificações que tenho ou fui adquirindo, o mais fácil é ser engolida por qualquer monstro capitalista que tenha sede no Luxemburgo do que fazer qualquer coisa que valha mesmo a pena.

Isto tudo para dizer que me sinto grata por trabalhar na minha empresa, mesmo com todas as dúvidas e hesitações idealistas que me assaltam às vezes. Para mim, continua a ser muito difícil a batalha entre fazer o que é preciso para viver e (tentar) fazer aquilo que me faz feliz, sendo que a primeira hipótese ganha sempre. Cada dia, cada mês ou ano que passsa, fica ainda mais complicado renunciar à estabilidade e conforto que é ter um emprego fixo, com oportunidades de desenvolvimento e desafios constantes e agarrar o desconhecido - é cobardia, eu também sei. E com todos os seus defeitos e com todas as decisões com as quais não concordo ou com todas as mudanças um pouco assustadoras porque temos passado este ano, preciso dizer que mesmo assim é bom trabalhar numa empresa sólida, com planos para o futuro e com uma cultura empresarial em pleno desenvolvimento. Algumas vezes, um pouco cega com os pequenos problemas do dia a dia, esqueço-me dos esforços e dos investimentos que se fazem nos funcionários. Noutras vezes, em que tenho mais tempo para apreciar verdadeiramente a estrutura que me rodeia, sinto orgulho por fazer parte desta organização bem oleada e gerida à boa maneira suiça.

Gostava poder ser mais constante e, algum dia, sentir que estou finalmente no sítio que sempre me tinha esperado. Talvez isso não seja realista - no próximo ano, não será com toda a certeza, embora vá estar no melhor sítio possível, que é a cuidar da minha filha. Até que encontre essa paz de espírito, agradeço o que tenho vindo a conquistar, assimilando as partes boas e más da experiência, consciente de que o mundo é um pañuelo, já dizem os espanhóis, e que é preciso deixar sempre a melhor impressão possível. Uma pessoa lá sai preparada para isto duma universidade... Aprender a trabalhar e a conduzir são actividades exactamente no mesmo plano: a teoria é muito linda mas só quando somos obrigados a meter as mãos na massa ou a fazer aquele ponto de embraiagem é que vemos como elas são. Para já, não tenho conduzido muito mal.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá
É a primeira vez que comento o teu blog, mas já li dezenas de textos teus e adoro.
O que relatas neste texto acredito piamente que é comum a muitos seres humanos,que no fundo não deixa de passar apenas e só apenas, pela busca da felicidade!
Beijinhos e continua a escrever! :)

Dalma disse...

Marisa, dp de ler o teu Post e tirando pequenos nadas, concluo que até te sentes realizada no teu trabalho, sim porque as tuas utopias e de todos nós são por definição inatingíveis! Beijinhos