Aqui chegou mais do que pontualmente.Ainda não tínhamos passado do vinte e um para o vinte e dois de Setembro e o Outono já cá estava.
É sempre difícil dizer-lhe adeus, sempre. Por mim era Verão o ano inteiro, se possível fosse. E este Verão foi especial, foram quase dois meses em Portugal, sempre de chinelo no pé, o céu sempre azul Alentejo, o calor. Posso não ter ido a nenhum sítio espectacular nem feito nada fora do comum mas este Verão foi muito importante para mim. Melhor do que toda a novidade, foi poder simplesmente estar num lugar seguro e protegido e poder estender essa sensação aos miúdos. Nem todos os dias foram fáceis e em alguns desanimei um pouco mas precisava mesmo desse tempo longe daqui.
Este ano tivemos Verão no Luxemburgo. Lembro-me que enchemos a pequena piscina dele ainda em Maio e fomos tendo dias bem quentes até irmos de férias. Comprámos uma ventoinha antes delas terem esgotado um pouco por todo o lado. Fomos ao lago de Madine para o miúdo nadar um bocado. Passeei muitas vezes com a pequena, o tempo convidava a sair. Ao contrário de outros anos, foi um Verão simpático mesmo aqui. Sem o calor luxuriante do meu Alentejo, sem dias de Sol a fio mas o melhor que podia ter sido.
Passam quase duas semanas que voltámos e só hoje consegui sair com ela para andar um bocado. Parece parvo mas acho que uma pessoa precisa de muito tempo para reorganizar a casa, as roupas, a bagagem que trouxemos e para se reorganizar também. Beber um café em silêncio em frente à janela da cozinha e aceitar que o cinzento vai ser o padrão dos dias. Levantar as persianas de manhã e desanimar um bocadinho quando se vê nevoeiro até ao chão ou a chuva que cai a potes. Ou então dormir de persianas levantadas porque afinal o Sol só nasce por volta das sete e meia. Aceitar que os dias ficam mais pequenos desde Junho e preparar o coração para o escuro e a neve. Abraçar a ideia de voltar ao trabalho no início do ano que já se avista lá ao fundo, deixando a vida de mãe a tempo inteiro para trás.
Eu gosto do Verão mas depois lembro-me de todas a abóboras, dos marmelos e romãs, das broas de milho da minha mãe, das florestas luxemburguesas a mudarem de cor, da chuva que me faz apreciar mil vezes mais a nossa sala (que já adoro!), das séries que regressam em catadupa, de pausarmos os passeios com um chocolate quente e bem, custa menos deixá-lo para trás. Até que chegue a neve está tudo (muito) bem.
4 comentários:
Querida, pois, sempre podemos encontrar um lado bom na vida de emigrante...
Os meus primeiros meses de Canadá foram terríveis depois vi o lado positivo e senti-me abençoada pela experiência! Amanhã voamos para Montreal matar saúdades e acredita que são muitas! Beijinhos e goza a "Fall" que pelas fotografias também começa a fazer-se sentir.
As imagens são lindas. As romãs já as tenho, mas de resto, por aqui, ainda está muito calor para pensar nas outras coisas :)
Revejo-me tanto nestas tuas palavras, mas com a diferença que a minha estação preferida é o outono. Não sei se é por nascer em setembro, ou se por preferir as temperaturas amenas em detrimento do calor abrasador do verão (aqui nos Alpes nunca está assim tanto calor, mas este foi o verão mais quente dos últimos 15 anos!), mas gosto muito mais do recolhimento que o outono pede. E acredita que quando chegámos de férias de Portugal (e foram só 3 semanas) também levei quase 2 semanas a pôr a casa e as ideias em ordem!
Beijinhos
Gostei! Eu aprendi a gostar do outono mas ainda não me rendi ao inverno, sobretudo por causa da escuridão.
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