Sei que todas temos experiências diferentes mas para mim chegava-me passar por apenas uma gravidez. Na primeira vez, é tudo uma novidade, é tudo uma emoção, fazem-se videos e fotografias, balança-se entre o terror da responsabilidade que aí vem e a incrível sensação de ter gerado vida. Não quer dizer que não existam desconfortos mas para mim estes foram abafados pela gigante tempestade emocional que era vier a ser mãe. À segunda, já muitas coisas parecem dispensáveis. À terceira, então, nem comento.
Da mesma maneira que não fui bafejada com a sorte de ter filhos que dormem bem, também não pude saber o que significa a expressão gravidez santa. Desta vez, os enjoos foram terríveis mas felizmente pararam cerca das treze semanas (parece mesmo que o meu corpo sabe quando termina o primeiro trimestre). Depois seguiu-se um período de vigor, de tranquilidade e de ausência de qualquer desconforto. Sentia que estava a abrandar, algumas subidas já me custavam mas nada que não pudesse ignorar.
E agora a recta final. Entrada ontem nas trinta e três semanas de gravidez, já há muito que não acho piada a isto. Dores de ossos todos os dias, não importa se me sento, deito ou estou de pé; ataques massivos de azia, especialmente durante a noite, capazes de me fazerem chorar; cãimbras nas pernas que me deixam efectivamente a chorar por evitar pedir ajuda; uma constante falta de ar, especialmente depois das refeições, cortesia de um bebé que já está na boa posição mas que insiste em esmagar-me todos os orgãos que consegue; uma constipação que persiste e para a qual não tomo nada, que concorre com as outras causas que não me deixam dormir. Segundo a ciência, o bebé já está pronto, só está apenas a receber os últimos retoques. Eu cá estou mais do que pronta e a única coisa que me alivia o desconforto é saber que esta é a última vez na vida que vou passar por isso. Se eu vier aqui daqui a uns tempos dizer como tenho saudades deste tempo, por favor lembrem-me de que estava a escrever este post procurando, simultaneamente, a melhor posição para conseguir respirar.
E de repente caio em mim e lembro-me que faltam apenas seis semanas para passar a ser mãe de três e ainda me sinto surpreendida de isto me ir acontecer, logo a mim, que nunca me imaginei mãe de mais do que dois. Apesar de preferir trabalhar até ao fim da gravidez e ter mais tempo depois do nascimento, agradeço silenciosamente a lei luxemburguesa que nos manda para casa dois meses antes do parto.É certo que o trabalho me iria distrair muito mas passar oito horas sentada em frente a um computador daria cabo do que resta da minha bacia. Sei que estas últimas semanas fazem falta mas por mim ficávamos já por aqui.
1 comentário:
Querida, só mais um pouquinho de paciência, as mães têm a capacidade de esquecer logo tudo quando lhe põem o bebé nos braços.
Bjis
Enviar um comentário