Primeira viagem a cinco e, surpresa!, não vou dizer que foi um sucesso. Aproveitámos as férias da Páscoa para trazer o pequeno Augusto a conhecer a família e os amigos. Procurei os bilhetes de avião para os cinco demasiado perto da data e enfim, o preço andava na casa dos quatro dígitos, o que nos facilitou a decisão de virmos de carro.
Nós, os adultos, gostamos de fazer viagens longas e também de conduzir, por isso a ideia de viajar durante dois dias não nos incomoda. Só que não nos podemos esquecer que agora temos três crianças a viajar conosco, todas com diferentes necessidades de atenção e formas de satisfazer as necessidades básicas. Mesmo os planos pensados com alguma antecipação (livros de autocolantes, filmes para durar alguns dias de viagem, comida) não foram suficientes para conter tanta frustração e acalmar os ânimos quando mais foi necessário.
Somemos a isto um GPS que escolheu um caminho errado sem que nós nos apercebêssemos (digamos que duas horas para apenas contornar Paris estavam muito longe dos nossos planos...), um bebé cheio de fome e muito calor em pleno engarrafamento, uma miúda birrenta e muito cansada e é coisa para explodir a qualquer momento. Apenas se aproveitou o mais velho, que praticamente fica hipnotizado assim que começa um filme ou um episódio de animação e que quase não abriu a boca durante dois dias de viagem! Claro que precisámos parar mais vezes do que tínhamos idealizado e assim, em vez das 10 horas de viagem que o GPS previa para o primeiro dia, acabaram por ser 14 horas. Chegámos ao hotel perto das 9 da noite e éramos apenas dois farrapos humanos adultos e três crianças a precisarem de colo, comida e de uma cama ASAP.
O segundo dia de viagem é sempre mais fácil: são menos quilómetros, trânsito quase inexistente nas auto-estradas espanholas, a meteorologia a ajudar, a perspectiva de chegar ao nosso país a cada quilómetro que fazemos. Longe vão os tempos em que o Vicente via qualquer casa ou prédio no horizonte e perguntava se era a casa dos avós, não importa em que país... Já conhecemos as estações de serviço e sabemos onde podemos almoçar aquelas tapas marotas. Há sempre aquela emoção sempre que numa placa se lê Portugal e a satisfação de entrar pela fronteira em Valência de Alcântara, com Marvão ao fundo e a serra de São Mamede a separar-nos de Portalegre.
Para as pessoas que nos acharam corajosos: não é bem isso. Já aqui disse que os bilhetes de avião eram proibitivos (e será cada vez mais assim, já que dois dos miúdos já pagam bilhete inteiro), portanto era mesmo um caso de falta de alternativa. Além disso, três filhos depois, acho que estamos mais prontos para estes testes de esforço e somos capazes de ignorar birras durante um período mais longo. É preciso dizer que não pude controlar as lágrimas quando estávamos parados nos subúrbios de Paris, o bebé chorava de calor e de fome (tínhamos saído do Luxemburgo com 3 graus e, de repente, estavam 26...), a miúda estava cansada e a precisar também dormir (o que só aconteceu umas 10 horas depois...) e, apesar do engarrafamento gigante, não dava para sair do carro. Apetecia-me fugir, apetecia-me gritar impropérios contra todos os condutores que entupiam a auto-estrada e apenas me restou respirar fundo e rezar em silêncio por uma área de serviço para acalmar as hostes.
All in all, acho que saímos mais fortes destas experiências. Ou pelo menos, se a nossa sanidade mental sair intocada destas horas dentro de um carro, acho que seremos capazes de tudo!
2 comentários:
Não deve ter sido fácil... Mas chegaram bem e encontraram a vossa família, não é? isso vale tudo!
Querida, fiz várias vezes viagens dessas (umas 14 ou 15) com os meus filhos e já eram crescidos e era como tu agora contaste! Nessa altura não havia GPS, só mapas e portanto enganos deploráveis tb houve!
Agora estamos os dois no aeroporto de Veneza de regresso a Lisboa e tu vieste lembrar-me esse tempo... e senti saudades!
P.S Mas nunca mais arranjarão forma de não ter que se passar em Paris? Já era tempo!
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