Vinte anos. Em 1999, eu estava no segundo ano da faculdade, saída de uma relação absurdamente tóxica e a experimentar finalmente o que era gostar e ser gostada a sério. Há vinte anos atrás, este disco fazia a ponte entre estas duas pessoas em extremos tão longínquos: uma insistindo em manipular-me e afogar-me nas suas mentiras, não deixando mais do que dor e uma espécie de ódio; outra mostrando-me o que era a liberdade de gostar, ensinando-me a poesia e restaurando o meu amor próprio. Há vinte anos atrás, ouvi no meu voicemail alguns versos duma música deste álbum, numa tentativa desesperada de resgatar um amor que já não existia. Mas também me deitei de sorriso na boca, sentindo que talvez não merecesse um coração tão acelerado enquanto compreendia finalmente o que era isso de amar alguém. Duas décadas, ainda me custa a dizer e a pensar nisso, duas vezes dez anos a dançar pela vida fora como no tal video da Instant Street, a tentar (pelo menos) sentir realmente tudo o que faço, à procura da verdade, recebendo e aceitando prazer e dor em quantidades generosas, sem escolher. Tanto mudou desde esse ano, eu aprendi e mudei tanto, arranjei alguém com quem dançar de olhos fechados mas este álbum, estas dez canções carregam para sempre o peso dessas recordações: uma viagem de comboio a ouvir um conjunto de insultos gratuitos no meu voicemail, a súbita ideia de que talvez eu merecesse qualquer coisa diferente, o meu primeiro festival de Verão, as canções que cantei primeiro feliz e com as quais me isolei depois.
Of all of the fuckups that I do
I've saved up the best one for you
Heaven and moonshine, you gotta be kidding
You wanted to give it a try and I didn't
I've saved up the best one for you
Heaven and moonshine, you gotta be kidding
You wanted to give it a try and I didn't
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