fevereiro 27, 2005

A semana passada vi



"Disponível para amar", de Kar Wai Wong (2000). A história desenrola-se em Hong Kong, onde uma mulher e um homem (com respectivos marido e mulher) alugam apartamentos lado a lado. A suspeita de que ambos os cônjuges mantém relações extra-matrimoniais cresce todos os dias, assim como o fascínio que parecem exercer um sobre o outro. Su Li-zhen Chan (interpretada pela belíssima Maggie Cheung) encarna o amor platónico, reservado e tímido, nunca disposta a quebrar as regras do casamento. Chow Mo-wan (interpretado pelo sedutor Tony Leung Chiu Wai) encarna o amor-desejo, curioso e menos contido mas respeitador.
O fim, longe de ser um "happy ending" mas também não propriamente sendo triste, abre caminho para a também aclamada sequela - "2046". Partindo de um argumento quase inexistente, Kar Wai Wong assina um ensaio onírico sobre a traição, explorando o mundo de quem é traído. Pouco (nada?) se sabe sobre os motivos pelos quais ambos os casamentos não funcionam, apenas sabemos o que liga Chow e Su: o isolamento dentro de um casamento (aparentemente) disfuncional, o interesse mútuo por revistas de artes marciais ou o facto de ambos irem buscar noodles a um restaurante perto de casa.
A banda sonora é bastante boa e, conjugada com os sequências em câmara lenta, resulta em momentos verdadeiramente mágicos. Nem os meus receios (infundados) de não gostar do cinema produzido no Oriente conseguiram impedir de achar o filme uma delícia.

fevereiro 25, 2005

Colecção "Berlim fazes-me falta!"
Fascículo 1: As saudades
As cervejas de meio litro. A alcatifa do chão. Os legumes dos turcos. A Fernsehturm. O horário dos transportes. O M10. A Zitty. Os parques por todo o lado. As Kitas. Andar de bicicleta. Os punks. Os picas no S-Bahn. A banheira à moda amtiga. A Dussman. A ponte sobre a Warschauer Strasse. Os Döners. Os Pfannkuchen. Os lagos. O Muro. O café San Remo. O horário dos transportes. Os mails da minha mãe. As saudades de casa. Todo o tempo do mundo para namorar.
A carta (reflexão tardia)
Não sou filiada em nenhum partido. Não simpatizo especialmente com nenhum dos dirigentes partidários em funções. Votei no último domingo, infelizmente muito pouco consciente porque estava ausente do país aquando da dissolução do Parlamento ou da campanha eleitoral. Votei na mesma linha de eleições anteriores, depois de ouvir lamentos de familiares e amigos sobre a pobreza da já referida campanha. Mas votei.
Hoje, um dia após José Sócrates ser indigitado Primeiro Ministro, abro a minha caixa do correio e encontro uma daquelas cartas, uma das estratégias eleitorais mais usadas este ano (e que supostamente devemos fingir que é dedicada especialmente a nós...). Uma carta tardia, diria eu (e repararam vocês). "Escrita" pelo candidato Pedro Santana Lopes, não seria estranha, se não fosse o discurso lamechas, a roçar o patético.
Passo a citar: "Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como a mim?". Fim de citação.
Fiquei estupefacta, ri-me. Em que medida, exactamente, é que esta pergunta vai levar um eleitor às urnas? De que forma se pensa convencer um leitor a votar? O apelo à compaixão é agora uma importante ferramenta eleitoral? Onde está o programa eleitoral, as propostas concretas (ainda que raramente postas em prática)?
Bem sei que a campanha destas eleições não foi feliz por parte de quaisquer forças partidárias mas este foi o exemplo mais concreto que me chegou às mãos. Quando Pedro Santana Lopes termina a carta com "É um favor que lhe peço!", eu assusto-me e penso "Não posso envolver-me com este senhor ou um dia ele acusa-me de lhe ter dado uma facada nas costas...".



fevereiro 18, 2005

É oficialmente o último post que vou escrever em terras germanicas (pelo menos por enquanto). O meu voo está marcado para amanha às 11h 10m da manha e as malas estao já (quase) todas feitas. Como seria de esperar, sinto-me muito dividida por dentro: uma parte de mim quer ficar, continuar esta experiencia valiosa (especialmente a nível linguístico) e ver Berlim no Verao; mas a minha outra metade quer voltar a casa, à minha vida "normal", onde me sinto mais tranquila.
As responsabilidades aqui multiplicaram-se em relacao às que tinha em Portugal e o facto de morar com dois rapazes mudou em muito a minha forma de organizacao doméstica. Por isso, é bom poder voltar a um sítio onde os pais ainda ajudam e os companheiros de casa (nesta caso, a minha mana) nao nos dao água pelas barbas.
A minha metade preguicosa quer voltar a Portugal porque lá as coisas sao todas tao mais fáceis e porque sinto que tenho sempre alguém que me pode ajudar. Mas a minha metade aventureira e audaciosa quer ficar em Berlim, absorvida por esta anonimidade e protegida também por ela.
Já prometi a mim mesma que vou voltar: para férias, para voltar a viver, para tentar trabalhar... Qualquer coisa. Mas prometo-me que um dia vou ver Berlim no Verao :)

fevereiro 02, 2005

É um bocado triste apenas voltar a postar para dar a conhecer mais um resultado de testes virtuais mas nao há nada a fazer. Eu sou estes:

thepixies.jpg
You rule. in 15 years, you won't be as known as you
are now, but most of the people that will know
you then will like you (or else I'll beat them
with a stick). You're nice to listen to.

What band from the 80s are you?
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