Depois de ler o 'Glamorama', assistindo à queda de Victor Ward, e de me impressionar verdadeiramente com a brutalidade de Patrick Bateman em 'American Psycho', chegou a vez de sofrer com 'Lunar Park' e a história de Bret Easton Ellis. Desta vez não criou um monstro - escolheu escrever sobre si próprio. E eu maldigo o dia em que me deixei impressionar com um livro (mesmo sabendo que a imaginação e a sugestão são mais fortes que uma imagem...)
dezembro 25, 2005
dezembro 24, 2005
Finalmente é Natal. Não sei o que me deu este ano mas acho que estou contente por ser Natal. Lembrei-me daquele Natal em que revolvemos os papéis dos embrulhos e as caixas à procura de um envelope com uma nota de 500 paus que alguém tinha perdido. Ou de como, em todos os Natais, a minha tia Isaura contava sempre - mas sempre - a mesma anedota (imaginem algo que envolva um cagalhão no esgoto e a estrela de cinema Gina Lolobrigida ou lá como se escreve). Lembro-me do jantar de Natal em que, na sala fria da minha avó, essa escolha tão invulgar, assistimos angustiados ao fuzilamento de Ceausescu na televisão. E houve aquela noite em que todos acabaram a chorar, tudo culpa do mal que o ex-marido da minha tia lhe tinha feito e eu sem perceber bem o que estava a acontecer.
Hoje a mesa já não é tão comprida. Somos só 8 (digo só mas sei como sou afortunada por ter comigo todos os meus avós), já não se contam anedotas mas fala-se inevitavelmente dos que morreram ontem ou daqueles que estão para morrer. Os meus avós dormitam na sala, um deles não fala porque a língua se enrola demasiado. O bacalhau é o mesmo, a alhada continua a ser servida e há cacau quente depois de abrirmos as prendas - a hora de abertura varia conforme a disposição dos velhotes para se manterem acordados. De novo só existe um Franchicola, que deixou de ser vizinho do lado mas continua a alegrar a malta com aqueles olhões castanhos.
Este ano acabaram as férias de Natal e, pela primeira vez, tive saudades das duas semanas absolutamente secantes, em que se fazia sempre o mesmo: nada durante o dia e combinar a passagem de ano à noite. Este ano só tenho os dois dias da praxe e queria que eles esticassem até mais não dar. A magia do Natal promete voltar, pelo menos para mim.
Feliz Natal :)
dezembro 11, 2005
dezembro 10, 2005
Irrita-me profundamente que aquelas fases em que finalmente resolvemos confiar nos outros sejam repetidamente interrompidas por uma notícia menos boa, por mais uma desilusão. Como é que podemos ser pessoas estáveis, se de repente nos enfiam uma facada nas costas? Já toda a gente o sentiu, já toda a gente o lamentou mas hoje não deu, não deu mesmo para me manter calada.
Há uma data de provérbios que de repente passam a fazer sentido ('Com amigos destes, quem precisa de inimigos?' ou 'Mantém os amigos perto e os inimigos ainda mais perto'), há decisões que nos passam pela cabeça mas nunca vão ser tomadas, há raiva que dificilmente é contida, há conversas que nos arrependemos de alguma vez terem acontecido, há uma profunda desilusão porque, mais uma puta de uma vez, aquilo que tomávamos como verdadeiro não o é.
Mas o que me irrita ainda mais é que estas pessoas, do alto (ou deverei dizer do baixo, do rastejante) da sua mentira, mesquinhez e deslealdade, nos fazem deixar de acreditar que um mundo bom é possível. Irrita-me que sejam exactamente as mesmas pessoas que recebo, que acolho no meu coração (não que isso seja algo realmente importante) a tornarem o meu mundo numa coisa bem mais miserável. Só que desta vez só me engasgo em raiva, não tenho pena de mim e muito menos pena da outra pessoa. Só quero que essa pessoa um dia se morda a si própria e prove um bocado da destruição que foi espalhando ao longo do caminho. Tenho dito.
[Também irritante é a promessa que fazemos em manter a boca fechada. Quem é que inventou essa ideia de moral, que advém do facto de guardarmos um segredo?]
dezembro 04, 2005
Quando, na terra que vos viu nascer,
alguém se apresentar como 'Muito prazer! Eu sou o irmão do Duque de Bragança' pensem que há algo de muito errado com o sítio onde param. Ou mesmo com vocês, visto que após esta cena absolutamente chocante (de mais a mais, o tipo precisava de um bocadinho de soro ou de um clister...) é natural que surjam entre vocês identidades como o 'Visconde de Ceia' ou o 'Marquês da Urra'. Não existe NADA de natural numa pessoa que se apresenta assim. Ou talvez o ar aparvalhado e ligeiramente atrasado mental seja normal nesta família real. Socorro!
dezembro 03, 2005
Subscrever:
Mensagens (Atom)