O olho dele segue-me para todo o lado.
Vá, tirando o pequeno pormenor (enorme para mim, é a verdade) da total proibição de comer morangos e do regime ditarorial que me queriam impor (apenas três peças de fruta por dia e não pode comer fruta que não se possa contar...), tenho sido abençoada com um fim de Primavera tão rico em boa fruta que me cresce água na boca só de pensar. Espero estar já a contribuir para a educação da criança, para que ela cá fora lamba os beiços de satisfação sempre que a mãe lhe apresentar uma frutinha cozida.
(Entretanto, regressei ao trabalho para os últimos sessenta dias antes do apocalipse final. Esta semana de férias foi uma belíssima amostra do que serão os meus dias antes do Vicente nascer. Até me deu para passar a ferro (umas três máquinas de roupa!), motivo pelo qual a minha mãe ia chorando de alegria e eu ia morrendo de tédio. Já preparei o meu calendário para ir riscando os dias que faltam até se fechar este capítulo da minha vida, que, a avaliar pelo primeiro dia, vai ser mais longo do que eu desejava. Há poucas coisas a ocupar-me o pensamento - sardinhas, caracóis, dias de praia, a barriga cada vez maior, a minha pessoa preferida. E eu fujo de quem me quer desafiar a falar de contratos de trabalho e indemnizações e injustiças sociais porque, para me deprimir, basta ligar a televisão. E neste momento eu quero é ser positiva e acreditar que, como o Earl, o karma se encarregará de me devolver o que mereço. Se calhar já começou mesmo a devolver...)