Ora, depois da semana e do fim de semana horríveis, o que é que se podia seguir? Nem mais - o dia horrível. Ter nos braços um bebé que chora durante quase doze horas seguidas foi coisa para me deixar os nervos esfrangalhados e para, confesso, pôr em causa o meu instinto maternal. Da uma e meia da tarde até à uma da manhã, este bebé (e sua mãe) mal dormiu, mal fechou a goela, alternando entre o choro cansado e os gritos que o deixavam sem respirar. Eu, impotente como todas as mães na terceira semana de vida dos seus filhos, tentei de tudo: massagens na barriguinha, ginástica com a perninhas de alicate, dançar ao som do VH1 Classic, embrulhá-lo num cobertor, percorrer o corredor de casa vezes sem conta, abraços e beijinhos de conforto e nada, nicles, népia - o rapaz continuou aflito até de madrugada.
É claro que eu sabia que isto ia acontecer. É claro que ter cólicas faz parte do processo de desenvolvimento do bebé, que tem agora os orgãos em processo de maturação. E também sei que não há nada que os médicos me possam receitar ou sugerir para acabar com as cólicas - é suportar, uns dias melhores, outros nem por isso. Mas a verdade é que ontem senti vergonha de mim mesma por sentir que não tinha o que é preciso para ser mãe e por sentir que a paciência se esgotava. Era eu em frente a uma criatura tão delicada e indefesa e só queria que ele se calasse durante uns minutos para me organizar interiormente. Senti-me tão tremendamente egoísta, não merecedora da graça que é ter um filho assim perfeitinho que até isso me doía. Mas a verdade é que não há nada que três ou quatro horas de sono não ajudem a relativizar e hoje é outro dia. Enquanto escrevo, tenho o bebé a dormir a meu lado e sei que a cada dia que passa tenho mais força e mais paciência para o meu pequeno homenzinho.
7 comentários:
É um período terrível, é. A minha sobrinha é uma bebé que só chora quando algo está errado, não é rabugenta por natureza, por isso sabíamos sempre quando doía.
(Mas um dia chega em que as barriguinhas deixam de estar tão duras e inchadas. Chega, afianço-te!)
Talvez o/a médico/a prescreva algo na linha do "Biogaia" ou "Colomil" e isso ajude. À parte isso, há o bebégel e a pontinha do termómetro embebida em óleo de amêndoas doces ocasionais...
Toda a gente se enerva ao ver o bebé "ir-se no choro" (como diz a minha mãe, expert desde os anos 70 e que voltou a sentir o que tu sentes agora, passado quase 30 anos).
Não tem que sentir vergonha ou achar-se egoista, muito pelo contrário. É precisamente por não ser egoista, por querer todo o bem ao seu bebé, que deseja que ele se acalme e que durma tranquilo. Se lhe fosse indiferente o sofrimento do Vicente, como é para os egoistas, não se tinha sentido pior que ele. É certo que as dores físicas não teve, mas e as outras?
E a paciência esgota-se, claro que sim, quem é a mãe que para além de se sentir impotente não fica à beira de um ataque de nervos? Nenhuma, quem disser o contrário mente.
Mas o amor é tão forte que passada esta fase não mais se vai lembrar das horas de sono perdidas e da angústia de não o poder valer. A única lembrança que fica dos momentos menos bons é que lhe deu muitos beijinhos, muito colinho e o embalou com ternura.
Beijinhos, para si e para o Vicente.
Já aqui não vinha há uns tempos, mas como estou de baixa em casa, hoje lembrei-me de vir ver do pukanino.
Eu, por defeito de profissão, segmento tudo. Incluindo mães. E pelo que leio, nós estamos em segmentos bastante diferentes. Eu sou das mães descontraídas! Ter criado 4 pequenos gnomos também contribui!
Portanto, se aceitares conselhos de uma tipa que leva sem stress, eu diria para lhe dares AERO-OM na chucha (algo que qualquer mãe do segmento "Pais & Filhos" ficará horrorizada) e quando for maiorzinho uma colherzinha pequenina de café de Atarax não lhe faz mal nenhum. A minha última cria também é dessas dos guinchos durante horas a fio. É preciso descobrir o que a consola! Andar de Automóvel ou no carrinho dele mas no empedrado... Bebé adora vibrações. Ter sempre ao pé dele, enfiado mesmo na cara o ó-ó com o teu cheiro (ó-ó é a fralda de pano que antes de ir para ele passa umas noites na tua cama). À falta de ó-ó qualquer camisola tua, usada, serve!
Eu sou muito de toques e cheiros e com todos os meus filhos sempre resultou uma coisa: com tranquilidade, encostar o ouvido dele ao meu coração ou barriga. É aí que estão os sons que ele reconhece! Mas tem que ser mesmo na pele!!
Tomar um banho juntos..... na água da banheira bem quentinha com o bebé na nossa pele.... tão bom!
E bom, calo-me já, mas deixo uma última ideia: todas as mães que amam o seu filho, são a melhor mãe para o seu filho. E todas essas mães já tiveram vontade que ele desaparecesse por meia-hora que fosse! Não te sintas mal por continuares a ser mulher, além de mãe e não deixes de cultivar também esse papel na tua vida!
E aceita ajuda! Ninguém te meteu uma capa às costas e um "S.M." ao peito, pois não?
Entretanto lembrei-me que, quando a Mia nasceu,a minha mãe ofereceu-me este livro:
http://www.wook.pt/ficha/o-bebe/a/id/55278/filter/
Está em "brasileiro" mas é, definitivamente,o livro com mais dicas e truques e com resposta a todas as perguntas e mais algumas.
Acompanha, mês a mês, as evoluções, dúvidas e angústias e foi o que mais me ajudou a superar a primeira maternidade.
Parece que o Infacol faz milagres. Eu não sei porque o meu nunca teve cólicas, mas é questão de experimentar. As melhoras!
Nunca desconfies das tuas próprias capacidades. Eu sei que elas existem...e estás a dar provas disso! :9 Acredita em ti e no teu instinto, e não dês demasiado valor àquilo que te rodeia...sim? ;) *beijinnhos à mãe, ao pai e ao bebé vicente! :)
É sempre reconfortante ouvir outras opiniões, novos conselhos, palavras de incentivo. Obrigada mães e futuras mães ;)
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