agosto 02, 2011

Sobre uma coisa chamada karma (também conhecido como azar)

Ando um bocado zangada com esta ideia de karma e de destino: o que fazemos será devolvido em dobro ou qualquer coisa do género. Ultimamente temos andado numa maré de azar tão gigante (e quando digo temos falo da minha família mais próxima em geral) que é absolutamente inacreditável como não aconteceu ainda algo pior *. Rodeada de pessoas que respeitam e, acima de tudo, acreditam nas forças sobrenaturais, é quase impossível não pensar que alguém nos rogou uma gigantesca praga. Os motivos, esses, não os conheço.

As peripécias que já nos aconteceram com a nossa carrinha, que comprámos usada há menos de um ano atrás, já chegam a roçar o absurdo e muito dias houve em que o simples facto de acordar de manhã me fazia temer pela minha sanidade mental: que avaria nos estaria reservada hoje? Os últimos tempos também não foram particularmente meiguinhos no que a saúde diz respeito: entre idas às urgências, consultas de recurso e de pediatria, doenças mal curadas e faltas ao trabalho também acho que já levamos a nossa dose para este ano.

O que eu não percebo é: se o conceito de karma supõe que nos devolvem todo o mal ou o bem que fazemos, isto significa que eu e restante família temos sido uns grandes filhos da mãe? Onde ficaram as nossas boas acções, os nossos actos desinteressados de civismo, o aumento forçado da nossa tolerância aos outros, o bom uso da crescente maturidade? Onde ficam todos os esforços que fazemos para ser pessoas melhores e dar ao mundo pessoas igualmente porreiras, honestas e serenas? Não somos perfeitos, longe disso, mas não seria de esperar que esse lado oculto premiasse a nossa vontade de ser melhor em vez de nos castigar com provações sucessivas e muitas vezes kafkianas? Eu, uma céptica em relação aos trânsitos dos planetas, leituras de búzios, auras e demais demonstrações do oculto já dei por mim a ponderar se não preciso abandonar este meu cepticismo e deixar que o oculto me ajude a compreender esta fase maligna que estamos a atravessar. De cada vez que penso que isto já não tem por onde piorar, lá acabamos a bater mais fundo do que esperávamos.

Eu espero. Eu resigno-me e espero que tudo não passe da fase mais longa de azar de que me lembro. Até lá, esforço-me por não me tornar numa panela de pressão, pronta a explodir a qualquer momento. Confesso que já me faltou mais para parar o meu trabalho e, calma mas revoltadamente, ir até à casa de banho gritar a minha raiva. É respirar fundo cinquenta mil vezes e esperar que passe.

* pior só mesmo a notícia de um muito infeliz acidente de uma pessoa conhecida, que me abalou de uma forma que não sei explicar. A partir do momento em que soube, é como se a recriação do mesmo não me saísse da memória. O facto de agora ser mãe influencia agora a minha percepção das coisas: ter filhos obriga-nos a estar aqui, vivos, sãos, prontos para valer a estes pequenos seres que ainda não saem debaixo das nossas saias. E estas desgraças, responsabilidades ou merecimento à parte, doem muito no meu coração de mãe. Isso e imaginar a dor da família, impotente perante tamanho desafio do destino. A verdade é que muitas, muitas vezes o karma parece acertar ao lado. E, sem saber novidades, o meu coração de mãe deseja apenas que esta família se refaça do susto a correr.

4 comentários:

Tati disse...

tb não estou a passar por uma fase muito boa.
e o olho gordo das pessoas que acham que a galinha dos outros é sempre melhor que a delas, embora nós achemos que não temos galinhas de jeito (utilizando a própria expressão) não ajuda nada.

desejo-te muita força e melhores tempos.
beijinhos****

Eurico Ricardo disse...

Passei o dia inteiro a pensar neste post.

Isabel Cachinho disse...

Hum... a vida realmente não é fácil, mas eu acredito seriamente que somos sempre capazes de vencer! :)
O karma é um bocadinho mais complexo do que esse retorno que as pessoas falam, mas sabes que é possível contorná-lo... E acredites ou não, esses búzios muitas vezes são mais certos do que o cepticismo nos possa fazer crer... ;)

Confiança, miúda, e acima de tudo, muita FORÇA!! Lembra-te que enquanto há vida... :)

Beijo grande!
Isa

Anónimo disse...

M. lembra-te que não há bem que nunca acabe nem mal que sempre dure. É só uma fase, vais ver!
Beijinhos aos 3,
F.