Há muito tempo que venho pensando nesta recente corrente de minimalismo que tem invadido outros blogs e tem conquistado mais e mais adeptos. Não consigo gostar de tudo o que é recomendado para se atingir essa forma mais pura e despojada de ser, às vezes chega-me a parecer radicalismo a mais. Continuo a gostar dum armário com muita roupa, de guardar revistas e outras inutilidades assim mas não posso ignorar que há coisas que fazem todo o sentido.
Um dos ensinamentos (chamemos-lhe assim) que mais me tocou no minimalismo é a ideia de que não temos tempo para fazer tudo nas nossas vidas e devemos por isso concentrar-nos no que é essencial e naquilo que nos dá verdadeiramente prazer. É verdade que nem sempre consigo aplicar isto à minha vida mas aos fins de semana lá vou conseguindo. Durante a semana concentramo-nos em fazer quase só o que é essencial e a falta de tempo leva a que estas horas de maior lazer sejam arrastadas para o fim de semana. Acho que é por isso que tenho escrito tão pouco: durante a semana estou ocupada com a rotina do trabalho, casa e do Vicente; nos fins de semanas, estamos a aproveitar o tempo em que podemos estar juntos e o tempo para aquilo que mais gostamos de fazer. Por isso tenho cozinhado muito nos fins de semana e gozado estes momentos como rituais mais ou menos sagrados, com um pouco de silêncio ou no meio da agitação da casa. Temos passeado, tratado de fazer com que esta casa seja mais a nossa casa, temos visto as séries que andávamos a perder há que séculos. Durante a semana o tempo falta-me mas tenho terminado os fins de semana tranquila, com a sensação que respirei fundo o suficiente para enfrentar uma semana nova, contente por ver tudo o que consegui em dois dias.
E depois, eu sei que me repito, há este Outono aqui. E tem sido como que revelações diárias as árvores a prepararem-se para o Inverno, o Sol que ainda foi aparecendo nos últimos dias, as chaminés fumegando, lembrando que agora as casas estão quentinhas. E eu faço um esforço diário para não me aborrecer com as esperas e as correrias e os autocarros que não chegam e a vontade louca de chegar a casa e ver os dias a passar à pressa. E eu não sei mas acho que o truque é aceitar o que nos vão dando, a vida e os outros e não esperar mais nada senão aquilo de que somos capazes. E deixar que as cores do Outono vão fazendo o resto, um dia de cada vez.