dezembro 13, 2012

In our society, "you must learn to detach", Suad Joseph told me. "You must learn to let go in order to create a viable life."


 Muitas vezes penso se este ensinamento não será radical demais. Podemos aplicá-lo aos nossos filhos mas também a toda a gente que temos à nossa volta. Mas para quem, como nós, escolheu partir, é mais uma questão de sobrevivência.

Eu, culpada, me assumo: é mais fácil desinvestir do que regar muito as amizades. Não é que nos esqueçamos uns dos outros mas entre a nossa vida ocupada, a vida ocupada dos outros, a distância geográfica, as vidas que vão mudando, algumas coisas têm que ficar para trás. Não no sentido de nos desligarmos permanentemente das pessoas mas sim no sentido de não sofrermos horrores com a sua ausência. É um favor que fazemos à nossa sanidade mensal: aceitamos as consequências das nossas decisões, guardamos os amigos com força no peito, aproveitamos as oportunidades que temos de os ver e estimar e aprendemos a bastar-nos a nós próprios. Para muitas pessoas, estar assim não funciona e precisam de gente à volta para conseguir funcionar; para nós, esta foi uma decisão que nem sequer tivemos de tomar - ela impôs-se no dia em que decidimos sair.

Se eu sofresse com os amigos que não telefonam, com os que se esquecem dos aniversários, com os que mudam de vida e de cidade e de amor sem darmos por isso, se eu sofresse com tanta ausência, estava condenada a uma vida de angústia. Já com os filhos, enfim, é coisa para durar mais um tempinho a aceitar. Uns bons anos, creio eu. Vá, mais de uma década, de certeza.

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