maio 08, 2013

As aparências iludem (agora mais do que nunca...)

Escrevo este post na sequência deste pedaço de diálogo que tive hoje no trabalho.

Pessoa: M., devias pintar o teu cabelo.
Eu: Pois devia, mas não quero.
Pessoa: Ah sim? Então porquê?
Eu: Porque se o fizesse uma vez teria de o repetir para o resto da vida e não quero estar presa a isso. Além disso, não tenho vergonha dos meus cabelos brancos.
Pessoa: Ah M. parabéns. És a rapariga mais natural que eu conheço.
Eu: Hum... vou tomar isso como um elogio.

Quanto mais cresço, vejo, leio, experimento menos compreendo esta fixação das pessoas pelo aspecto dos outros. Sempre tive um bocadinho de dificuldade em perceber porque há pessoas que iniciam conversas falando do nosso peso, da nossa roupa ou dos nossos cabelos brancos. A questão do peso, por exemplo, eu até a suportaria, mas só vindo de um amigo muito chegado ou família e se essa questão estivesse a pôr em risco a minha vida. De resto, não tenho paciência para pessoas que se focam nos nossos defeitos e pensam que nos estão a fazer um grande favor em dissecá-los. Pessoas, nós todos temos espelhos em casa! Eu vejo-me todos os dias, encaro os meus cabelos brancos, encolho a barriga que não consegui ainda pôr no lugar mas eu sei qual é o meu aspecto. Eu sei exactamente o que poderia melhorar em mim e aquilo que, lamentavelmente, não tem cura.

É claro que isso não quer necessariamente dizer que eu estou em paz com a minha imagem - não estou. Mas pelo menos, não perco tempo a pensar no que podiam as pessoas à minha volta melhorar, porque nem sequer sei se isso é importante para elas. Acho natural que se queira ter uma imagem agradável mas preocupa-me mais, por exemplo, a falta de higiene do que umas unhas sem verniz. A maquilhagem que uso é apenas para não deixar transparecer o cansaço e não para me tornar numa pessoa que não sou. Cresci assim, em minha casa nunca houve grandes pinturas nem grandes truques de beleza e sinto-me confortável com isso. Claro que às vezes tenho inveja das miúdas embonecadas que vejo por aí mas não morro por isso porque me aceito como sou. Mais do que isso, aceito que há características que nunca poderei mudar, que há assuntos em que a genética não me favoreceu e há outros em que posso dar uma mãozinha. Não sou cega e tenho opinião formada sobre as pessoas à minha volta mas não faço disso um tema de conversa e tento dar sempre lugar às segundas e terceiras impressões. Ter boa cara, vestir-se bem ou usar roupas da moda nem sempre é sinónimo de honestidade, inteligência, competência ou bom carácter. Já o pude comprovar muitas vezes na vida.

Se gosto de ter tantos cabelos brancos (um tema recorrente neste blog, aliás)? Não, claro que preferia não os ter. Se acho que isso me torna numa pessoa diferente? Claro que não, a não ser numa pessoa que os tem desde os dezoito anos e que resolveu deixá-los sobreviver livremente. Felizmente, o nosso crescimento vai-nos trazendo mais certezas e tranquilidade e eu estou certa que não me importo de ser quem sou.

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Também sou assim, sempre que corto o cabelo oiço sempre a mesma sentença, de que devia tapar os cabelos brancos e invariavelmente a minha resposta é também sempre a mesma: não quero!

Tenho pena daqueles que são escravos da aparência e vivem obcecados com coisas sem qualquer importância

Dalma disse...

Marisa:
1º como sempre escreves muito bem e com muita graça e acredita isso é um dom/habilidade que não se perde!
2º a meu ver fazes bem não aceitares a escravatura de teres que ir ao cabeleireiro de 15 em 15 dias!
3º um cabelo "salt and pepper" pode ser muito charmoso!

p.s. O bebé da Fátima já nasceu... http://noareeiroeporai.blogs.sapo.pt/

Beijinhos