outubro 18, 2013

A verdade é dura (e pesada!)

Chegou o momento de bater no fundo. Escrevê-lo aqui é como dizê-lo em voz alta, materializá-lo para que já não possa existir volta atrás: estou gorda.

Desengane-se quem pense que é de agora ou que eu nunca tinha dado por nada. Tudo começou há nove anos atrás, depois de deixar de fumar, com momentos de recuperação e de algum esforço mas agora cheguei a um ponto em que não consigo aceitar este facto serenamente. Não consigo olhar-me no espelho. Não consigo suportar a ideia de que a roupa me deixou de servir. Não consigo esconder a profunda desilusão que é ver as minhas fotografias de há dez anos atrás e olhar para mim hoje. Não aguento as comparações que faço entre o meu corpo e o de todas as mulheres com quem me cruzo. Não consigo aceitar a minha falta de agilidade e genica. Não posso mais fingir que me estou nas tintas para a minha imagem, porque o que interessa é o interior - estou gorda e isso foi difícil de aceitar.

Sempre tive problemas de auto-estima mas antes de engravidar tinha recuperado bastante bem. Tinha acabado de emagrecer dez quilos (depois de uma brincadeira que me magoou profundamente), fazia algum exercício, tinha encontrado uma pessoa que gostava de mim com todos os defeitos, já tinha vivido o suficiente para saber que conseguia mais se me esforçasse mais. Depois veio a gravidez. Para ser honesta, não sei se comi muito mais nessa altura mas tenho a certeza que comia muitas vezes o que me apetecia com a desculpa de que na gravidez tudo é permitido e que, a haver uma altura para engordar sem problemas, era aquela. Eu, que antes quase só sonhava com empadas, rissóis e croquetes, dei comigo a querer comer doces. Perdi a conta às queijadas de leite que comi na pastelaria da vizinha e sei que também comi uns quantos gelados enquanto passeava na Estrela.

Depois houve o pós-parto. Não tive a sorte de ser com aquelas mães que dizem que amamentar emagrece: amamentei o Vicente em exclusivo até aos quatro meses e depois continuei até aos oito, até que, exausta e refém de um bebé que tinha sempre fome, decidi parar. Emagreci uns quilos mas creio que só os que constituíam a barriga de grávida e pouco mais. Durante meses a fio esperei ver esse milagre do emagrecimento e com o crescimento do gaiato pensei que andar atrás dele me ajudasse também a perder quilos.

Não ajudou. Demorei até me habituar às rotinas e foi difícil voltar a fazer exercício outra vez. Depois, saímos de Portugal e ainda tive as minhas tentativas de me mexer: ainda consegui correr umas vezes no Verão passado e depois abracei quatro meses de ginásio para me esconder do frio. Nada resultou: não tinha objectivos, companhia e muito menos motivação. Essa força de vontade, essa determinação que só pode vir de dentro de nós falhou-me. O tempo passava, eu perdia a motivação, não via resultados e pensava desistir. Até que desisti, pouco antes da minha inscrição expirar. E continuei na mesma inércia, à espera que a solução me viesse ter às mãos (e à barriga, às ancas e às pernas) milagrosamente. Só que esse dia nunca chegou.

Hoje foi um dia importante nesta história toda. Fui procurar ajuda profissional e personalizada para perder não menos de quinze quilos. Quinze quilos! Preciso repeti-lo muitas vezes para acreditar que isto chegou a este ponto. Já não posso acordar mais a meio da noite e levar à barriga como para me convencer que ela ainda está lá. Não posso sentir-me inferiorizada porque sei que um dia fui diferente. Bem sei que a gravidez trouxe modificações ao meu corpo que não poderei apagar. Mas raios me partam se vou ficar a assistir à degradação do meu corpo e da minha saúde sem fazer nada! Boa forma, me aguarde!

5 comentários:

Dalma disse...

Quando comecei a ler o teu post pensei que te ia dar esse mesmo conselho, procurar uma dietista e afinal no fim dizias que o tinhas feito!
Com alguém a vigiar-nos é sempre mais fácil!

Unknown disse...

olá Marisa.
Como compreendo cada palavra e sentimentos expressos neste lindo texto. Não és a única eu também me sinto assim. pensei que depois da gravidez conseguiria recuperar os meus doces 67 kilos e passados dois anos e idas ao ginásio sem motivação, vontade, percebi que não iria facilmente ver-me livre de pelo menos 8 kilos...... Muito sucesso e determinação nesta fase ;)

ana disse...

Estou grávida de cinco meses e até agora não engordei muito. Não sei o que me espera depois mas acredito que não será fácil perder aquilo que ainda vou ganhar até ter o meu bebé.

Acho que fizeste muito bem. As mães também devem pensar no seu bem-estar.
Força!

Anónimo disse...

É isso mesmo, excelente decisão! Beijinhos grandes :)
F.

Sixty to Fifty disse...

Eu também ando numa luta para perder peso, passa pelo meu blog, vou escrevendo o meu diário e vou dando dicas que comigo resultam.
Boa sorte.