Desta vez foi num restaurante no centro da cidade, sério e calmíssimo mas em que o maître d' fez cara de frete desde que chegámos até que a festa foi esmorecendo. Não entendo estas pessoas a quem a vida obriga a ostentar estas trombas, especialmente numa profissão que exige tamanha delicadeza e contacto com o público mas adiante.
Eu gosto de me divertir, apesar de às vezes me esquecer um bocadinho disso. Gosto de sair, comer bem, conversar com gente interessante, dançar muito e (talvez por aqui não ter muitas oportunidades de o fazer) aproveitar muito bem a ocasião. Por isso decidi (inconscientemente) que quando posso vou fazer tudo o que me dá na gana. Karaoke? Estou lá batida. Dançar guilty pleasures? A pista é toda minha. Participar nas actividades que alguém perdeu tempo a preparar? Estou nessa. Apreciar e agradecer o gesto que a empresa onde trabalho resolveu proporcionar a toda a gente? Evidentemente. Por isso ontem eu diverti-me muito e não foi por certo pelas pessoas com quem passei algum tempo.
Sabem aquelas pessoas que aceitam convites, aparecem na festa mas depois criticam tudo, desde o cabide do bengaleiro, ao material de que é feito o balcão, a decoração das mesas, a comida e o vinho? Lembram-se das pessoas que não participam em nada de livre vontade porque só vieram mesmo para marcar presença e odeiam toda e qualquer escolha de música, actividade ou ementa e passam o tempo a desdenhar disso mesmo? Imaginam aquelas pessoas que vão mas não queriam ir, mesmo que ninguém lhes estivesse apontado uma pistola à cabeça? E aquelas pessoas que acham aquilo tudo uma hipocrisia mas que mesmo assim aproveitam tudo o que lhes é oferecido até não poderem mais? Pois, ontem ouvi isto tudo e mais algumas coisas.
Eu não sou ingénua ao ponto de pensar que somos todos uma grande família e que a empresa faz tudo o seu alcance para premiar os seus trabalhadores mas quando me apanho em sítios destes é para me divertir. Beber uma ou duas flautas de champanhe enquanto esperamos por todos, tirar a fotografia da praxe mesmo que receie ser pouco fotogénica, participar no sorteio sem stress, saborear os pratos que vão passando pela mesa, enquanto provo também um copo de tinto, conversar com pessoas com quem não passo muito tempo normalmente, partir a pista de dança ao som daquelas músicas de há uns quarenta anos em cima de uns saltos imponentes, cantar a "Asereje" porque o CEO lembra-se que a cantei no ano passado e quer que eu repita, aceitar um conhaque pouco antes do final da minha noite que a festa ainda continuou para alguns.
Não quero saber das convenções, ou se os ordenados são justos ou se uma pessoa é ou não um bom profissional, isso fica para Segunda-feira. Em dias destes, eu deixo a malta a conspirar e vou fazer o que me apetece, vou festejar com quem quer que esteja nessa onda também. Uso chapéus, dou à perna no "I will survive", faço coros e discuto o Benfica com adeptos da Lazio. Já me bastam as semanas de espera e de inferno a fazer uma coisa que já me deixa nauseada, a aturar injustiças, ineficiências e incompetências também. Quando é festa, eu visto-me à altura da ocasião e deixo o trabalho para trás. E por isso saí de lá rouca mas contente porque passei um bom bocado. Mas que para o ano me contratem a mim para escolher a playlist que já vou tendo pouca pachorra para o medley do Grease!