Hoje chegámos ao fim de uma fase, não tenho dúvida. Chegou o momento de deixarmos mesmo de ter um bebé e passarmos a ter um menino.
Tudo começou há uns meses atrás quando o gaiato nos chegou a casa de cuecas. Sem dramas e também sem fraldas sem que tivéssemos dado conta. Na creche, aquela pressão dos pares resulta sempre - para comer bem, dormir, deixar as fraldas. Os outro fazem e não sei, ele não se tem ficado atrás. Ainda estamos a trabalhar para as tirar de noite mas de resto tudo aconteceu quase sem querer. Eu estava preocupada porque ele estava a chegar aos três anos e não queria avançar nem por nada mas achei que o melhor era não stressar com isso. Um ponto para a ausência de stress e de plano.
Depois foi a chupeta. O pai achava que estava na altura e, racionalmente, eu pensava o mesmo. Mas achava, ao mesmo tempo, que ele ainda dependia muito dela quando fazia birras ou quando dormia em casa (porque na creche há muito não usava) e ainda resistia. Além disso, parecia-me que era un sinal demasiado evidente e duro de que ele já não era um bebé e ainda o queria manter assim por uns tempos. Só que ele, nas suas mordidelas cheias de força, deu cabo da última chupeta que tínhamos em casa e não havia mesmo uma de reserva. Um descuido que, afinal, veio a calhar bem. Explicámos que não tínhamos outras, que realmente não existia uma substituta em casa. Na primeira vez, ainda gritou e exigiu que lhe achássemos outra; depois, nunca mais se lembrou de tal coisa e parece-me que arranjou as suas maneira de lidar com o stress. Eu fiquei espantada com a rapidez com que lidou com isto. Dois pontos para a ausência de stress e de plano.
Para piorar as coisa, perdeu o peluche preferido algures em Londres. Só demos por isso quando chegámos a casa e não fazíamos (ou fazemos) a mínima ideia onde ficou. Pensámos que se chupeta a coisa ainda ia mas que sem Kiko é que não. A minha irmã apressou-se a contactar com os transportes da cidade mas, claro, até agora nada de resposta. Já perguntou por eles umas vezes e nós dissemos-lhe a verdade: perdemos o Kiko. Ele fica sempre um pouco desapontado mas não chora. Dói-me o coração de me lembrar das horas que passou a mexer nos braços e nas pernas do boneco, como o abraçava ou o levava para que pudesse vê-lo a tomar banho. Três pontos paraa suê cia de stress e de plano.
E hoje foi o golpe final. Os caracóis tão bonitos que o gaiato tinha (e que toda a gente perguntava de quem tinha herdado) foram-se. Já tinha o cabelo muito grande e quase nem se podia pentear. O que lhe provocavaores quando lhe lavávamos a cabeça, por exemplo. Já falávamos disso há uns tempos mas hoje o pai resolveu pegar na máquina e passar à acção. Pensei que fosse espernear, dificultando a nossa vida e arruinando o corte de cabelo. Pelo contrário, e para terminar esta série em beleza, sentou-se tranquilo e cooperou durante o tempo que durou o corte. No final, quis ver-se ao espelho e adorou o que viu. Quatro pontos para aquilo que vocês sabem.
Quem não se conforma com isto tudo sou eu, não é ele. Fui eu que chorei hoje ao ver os caracóis no chão ou fui eu que fiquei desolada com o desaparecimento do Kiko. Ele foi muito mais corajoso e compreensivo do que eu alguma vez imaginei. Eu é que fui o bebé da relação, aí está. Não me conformo quando vejo aqueles bodies pequeninos em que ele há muito deixou de caber ou sempre que me lembro dos primeiros meses de vida dele, tão intensos e difíceis. Ele cresceu tanto, ele cresce tanto todos os dias e nós podemos assistir e ajudá-lo. Mesmo quando damos com ele a cantar Michel Teló e só apetece mandá-lo parar. Quem me dera poder conservá-lo pequenino, sempre debaixo da minha saia. É um pensamento egoísta, eu sei, mas custa sentir o tempo passar à velocidade da luz. O bebé Vicente passou a ser o menino Vicente de repente.
3 comentários:
Marisa, nós mãe somos sempre assim! Os meus filhos rapazes deixaram a chucha só aos 5 anos e olha que não foi por iniciativa minha! No caso do H. foi a educadora que o convenceu, no caso do A. foi a minha empregada de então. A P. nunca a usou, não gostava e não imaginas como eu tinha pena que isso acontecesse! Sendo a primeira filha eu achava que não era a mesma coisa um bebé com chuchinha ou sem ela! Coisas de uma mãe inexperiente! Mas já agora te digo, é sem dúvida muito mais frustrante quando adolescentes se lhes começa a notar um bigodinho...
Beijinhos
Quando adormecia a minha sobrinha e a punha numa posição diagonal
(...adormecia-a usando um plano por fases, como o lançamento de um foguetão da NASA!)
lembro-me que a cabeça dela se encaixava no ombro e os pés dela tocavam no meu cinto.
Tenho tantas saudades desse momento. E na altura queixava-me tanto das minhas costas estouradas. Pagava bom dinheiro para poder fazer isso só mais uma vez.
Muitos parabéns ao Vicente pela forma como encarou a falta do que tanto gostava, é mesmo sinal de que está um crescido.
É certo que o Vicente cresce e sai debaixo da sua saia, ganha asas e voa sozinho, mas será sempre o seu menino, mesmo quando tiver voz grossa, 1,90cm e for adulto.
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