Hoje é um dia feliz para mim. Depois de muitos
meses de espera, vou finalmente mudar de posição na empresa e começarei nas
novas funções exactamente três meses de ter recebido a notícia de que era eu a escolhida. Chiça, é o que me apetece dizer.
A nível profissional sou uma pessoa muito
paciente. Entendo que há coisas que demoram o seu tempo, têm de passar por
várias secretárias antes de serem aprovadas, dependem de estratégias de negócios
que não se discutem ao nível a que temos acesso, custam dinheiro e exigem, na
maioria dos casos, (perdoem-me a expressão) um grande par de tomates. Tomates
que, sei também, nem toda a gente tem ou pelo menos se tem não os utiliza para
coisas importantes. Não sou nenhuma visionária mas às vezes as pessoas à minha
volta confirmam-me que não têm a mínima visão geral das coisas, não antecipam e
nem sequer tentam entender o processo de decisão.
Dizia eu que sou uma pessoa paciente mas na
verdade, depois de me ter candidatado em Julho, entrevistada várias vezes até
Agosto, ter sido as escolhida no início de Setembro e, três meses depois, ainda
estar exactamente no mesmo sítio, já estava nos limites da minha sanidade
mental. Por ser uma mudança tão radical e importante para mim, comecei a odiar
o trabalho que fazia todos os dias e a suspirar de cada vez que entrava no
escritório e isso deixava-me um bocado chateada. Tentei que isso nunca
transparecesse para os clientes mas tenho a certeza que nos dias de maior
pressão talvez tenha deixado escapar alguma da minha frustração. Eu sabia que
não queria estar aqui, sabia que me queriam noutro departamento mas não via
absolutamente nada acontecer. As pessoas perguntavam-me quando me mudava,
diziam que já me esperavam, os meus colegas actuais perguntavam quando me ia
embora e eu exactamente no mesmo sítio.
Formei a pessoa que me vem substituir o melhor
que pude e me deixaram. Tentei prepará-la para a avalanche de coisas aterradoras
que vai ver chegar nos primeiros tempos, sem saber para quem se virar. Tentei
acalmar-lhe o medo natural de quem nunca trabalhou nesta área de negócios e
ouve coisas novas a cada minuto que passa. Tentei ser para ela quem eu
precisava quando comecei aqui e transmitir-lhe simplesmente um mantra: Tu vais
conseguir. Como continuarei a trabalhar com ela daqui para a frente, fiz-lhe
ver que preciso da ajuda dela e que ela ma pode também pedir quando sentir
necessidade.
E finalmente chegou o dia. Finalmente pude
deitar os papéis velhos fora, limpar a minha secretária, começar a ocupar o meu
novo lugar, com os meus novos colegas, longe de todo o caos. Estou finalmente
livre da ditadura do telefone e da consola que o controlava e não deixava
que as linhas estivessem desocupadas.
Ganhei de certeza outras responsabilidades (cumprir objectivos, um budget
caraças!), enfrentarei outros problemas mais ou menos graves, viajarei e
falarei com gente que se calhar não tem muita vontade de falar comigo mas
cheguei finalmente ao nível em que tenho liberdade. Já não me crucificam se
chegar uns minutos atrasada, já não dependo de ninguém para poder fazer pausa
ou ir de férias, sou livre de organizar a minha agenda, de encontrar uma
estratégia para chegar onde a empresa precisa, de pensar e investigar. Para mim
isto não tem preço, especialmente porque esta mudança implica que no futuro
posso sonhar com outras posições e não só com posições entry level como até
aqui.
Caraças, estou finalmente livre e mal posso
acreditar! Agora vou só pôr mãos à obra e aprender o que fazer com esta
liberdade para que não me perca no caminho. Façam figas, se faz favor.
3 comentários:
Que belíssimo presente de Natal! Tens todo o talento para arrasar nas novas funções.... muitos parabéns!!! Que tudo corra como desejares :)
Beijinhos grandes :) :) :)
F.
MUITOS PARABÉNS, MARISA!
Beijos da tua velha professora que não se admira dos teus êxitos!
D.
Muitos parabéns. Venha de lá, então, essa liberdade.
Enviar um comentário