janeiro 16, 2014

Lisboa, meu amor.

É inevitável: chegam-me as lágrimas aos olhos sempre que sobrevoo Lisboa e começo a conhecer as avenidas, os edifícios perto da Estrela, sempre que vejo a cidade debruçada sobre o rio Tejo. Fico sempre com um nó na garganta quando percebo que vamos sobrevoar a ponte de 25 de Abril, depois de darmos a volta sobre a margem Sul e de repente é Alcântara e depois os Prazeres e às tantas estamos a voar paralelamente à avenida de Berna.
 
Poder vir a Lisboa em trabalho é uma benção e uma tortura. Não podia imaginar melhor oportunidade para matar saudades do meu país e especialmente desta minha cidade (não Portalegre, ainda não te esqueci). Ver que posso vir trabalhar aqui durante uns dias faz-me ver a incrível sorte que foi conseguir este lugar: dificilmente outra pessoa poderia aproveitar estas viagens como eu. Além disso, estar literalmente em casa permite poupar à empresa uns bons trocados pelo alojamento que não preciso.
 
Mas a tortura é muito forte, já o disse noutros posts. Estar na nossa casa, sentir o cheiro de Lisboa, adorar os 10 graus que são tão mais quentes que os 10 graus luxemburgueses, ouvir os sinos da basílica, almoçar na tasca dos três vizinhos é dose. Estava a pensar nisso há bocado e acho que me magoa um bocado (é estupidez, eu sei) sentir que a vida aqui continuou sem se importar com a nossa ausência. Ninguém quer saber se nós estamos ou não, as pessoas continuam a correr no metro, a encher centros comerciais, nós não fazemos falta a ninguém senão a um grupo muito restrito de pessoas. Nós temos saudades de Lisboa mas Lisboa nem sequer sabe quem nós somos ou éramos aqui.
 
Nestes dois dias já devo ter feito mais de 100 quilómetros entre visitas e outras reuniões, entre o centro de Lisboa e a periferia. Já pude ver o Tejo de muitos ângulos diferentes, espreitar o Estádio Nacional mas só vislumbrei partes da ponte 25 de Abril porque vir em trabalho é muito giro mas tem esse defeito: temos que trabalhar. Honestamente, pensava que entre reuniões ia ter tempo de respirar fundo e aproveitar tudo aquilo de que sinto saudades. Pensava que podia fazer planos - que ingénua fui. Quando ontem me sentei para comer qualquer coisa e para finalmente desligar do trabalho passavam das nove da noite e já tinha apanhado uma molha, estado parada no engarrafamento gigante que se chama Segunda Circular. Os planos que tinha para ver amigos ou para escolher um restaurante típico ou simplesmente interessante desfizeram-se como açúcar debaixo da chuva torrencial que caía ontem:no final era eu, jantando sozinha no meio de centenas de outras pessoas, o cliché deprimente da malta que trabalha demais e opta pelo que der menos trabalho.
 
Vejo agora, depois de muitas horas de visitas, explicações, dúvidas respondidas que fiz a escolha certa. É que, por conhecer tão bem os nossos produtos, eliminei à partida aquela fase inicial do nervosimo que às vezes me dava cabo do estômago, eliminei o medo de não saber o que dizer, posso sempre avançar com tranquilidade e com a certeza que, caso não saiba alguma coisa, posso sempre perguntar, sem stress. E agora vou à minha vidinha, que já chega de negociar. Lisboa, espera por mim, mesmo que com um humor de cão.

2 comentários:

Ana disse...

Bem-vinda a Lisboa! Só respirares o ar lisboeta já te faz bem... Volta sempre!

Katy disse...

Respirar o ar de Lisboa de vez em quando faz sempre bem, nem que seja em trabalho! que sorte :-))))

Mas sabes que mais uma vez me retratei no que escreves? "(...) Nós temos saudades de Lisboa mas Lisboa nem sequer sabe quem nós somos ou éramos aqui (...)".. e que saudades!!!!

por isso aproveita tudo o que puderes até mesmo a a correria desenfreada (que por aqui é rara)e o trânsito da 2ª circular.. tudo isso faz parte do encanto da cidade que amamos!

e quando lá regressares, dá um grande abraço por mim a Lisboa


Catarinas
nolugarquechamocasa.blogspot.com