Eu, quando não estou a morrer de saudades do Sol de Lisboa e das suas calçadas, becos, fachadas, avenidas, rio, restaurantes, subúrbios e colinas, estou ocupada a gostar do país onde me vi exilada desde o primeiro dia de Primavera do anos de 2012. E, por muito que me custe a distância (sim, é já sabido, custa-me), sinto que é o meu dever exaltar a beleza, o silêncio e a tranquilidade deste pequeno grão ducado, entalado entre a Bélgica, a França e a Alemanha.
O Luxemburgo pode não ter mar nem um rio que se veja (este das imagens não conta); pode não ter as altitudes suficientes para ter um miradouro digno desse nome (bem, alguns castelos podem desempenhar esse papel); pode não ter uma capital com mais de cem mil habitantes. Mas tem coisas em abundância: os campos cultivados e verdes todo o ano (excepção feita à época da neve); riachos que correm livres e a que o comum mortal tem acesso sem precisar de uma licença ou bilhete especial; aldeias em que quase podemos tocar a paz que se faz sentir; boas estradas, que vão ficando cada vez mais vazias quanto mais avançamos para Norte. E também guardou nesta zona do país um número bastante razoável de memórias da Segunda Guerra Mundial, que ajudam a não apagar da História o que a Europa viveu nesse período.
Há uns anos atrás, eu achava que não conseguiria sobreviver no campo mas neste momento não há nada que eu deseje mais do que o som do ventos nas espigas, o horizonte salpicado por eólitos, as Ardenas mesmo aqui ao lado, o tempo que parece não existir nestas aldeias isoladas. Eu ficava bem contente se pudesse ter acesso aos bens de primeira necessidade e à educação do miúdo e estar longe do resto. Salvaguarda-se, claro, que também tivessemos acesso aos nossos meios de subsistência, que eu cá não acredito (totalmente) na história do amor e uma cabana. Se eu não sentisse tanta falta de Lisboa, daquela maneira que quase dói fisicamente, era aqui que eu não me importava de estar, quem sabe se finalmente conseguindo manter uma horta por mais de duas semanas, com direito a animais de estimação e um grelhador para os dois ou três dias de Verão que passam por aqui. Por isso, nos nossos passeios não me limito a ver ou admirar: acho que sonhar é a palavra que descreve melhor o estado em que fico nestas viagens por aí.
1 comentário:
Sim, compreendo-te, as saudades às vezes doem "para caramba" como dizem os brasileiros!
Enviar um comentário