Confesso que neste momento não sei em que estádio da exaustão me encontro. Dez dias desde que escrevi a última vez e ainda não acabámos a mudança! E se pensar que só já temos dois dias até ao final do mês, então só me apetece chorar muito.
O primeiro problema desta mudança é que não planeámos nada. Não organizámos caixas, não criámos etiquetas, não fizemos planos. Tivemos que nos dividir entre limpar e mobilar a casa nova (que longe ainda estamos do fim!) e desmobilar e limpar a casa antiga. Lembro-me quando viemos para o Luxemburgo e de como fomos organizados, tudo bem empacotado e sinalizado, a mala da nossa carrinha incrivelmente arrumada. E agora isto... enfim. Tivemos quatro braços amigos neste fim de semana que basicamente nos fizeram quase a mudança toda (tendo em conta que carregaram os maiores pesos) e sentimo-nos incrivelmente sortudos em termos este amigos para ajudar. Não é mesmo para todos!
O segundo problema desta mudança é a saúde dos dois adultos que se mudam: eu, grávida de oito meses, incapaz de carregar grandes pesos, sem fôlego com meia dúzia de degraus (raios partam este antigo terceiro andar, olá baixinho primeiro andar!), cheia de dores nos rins e nas costas e bacia - podre, portanto; o marido, às voltas com um problema crónico nas costas que nem a fisioterapia tem resolvido, sofrendo tanto como eu. Em resumo, duas almas a quem a idade faz questão de lembrar que as coisas já não são como antes.
O terceiro problema desta mudança é o tempo. Nunca tinha pensado nisso mas mudarmo-nos enquanto está a nevar é uma porcaria e o mesmo se passa com a chuva. Não basta já a enormidade de cartão e plásticos que temos espalhados pela casa, ainda há que acrescentar os pés que chegam encharcados da rua (à conta disto, já enfiei um par de botas no lixo), o sal que se espalha por toda a casa e o exercício de equilibrismo que é carregar com sacos, caixotes e móveis pelo gelo. Depois as casas estão geladas e é preciso aquecer primeiro antes de as mãos conseguirem fazer qualquer movimento que seja. Para a próxima, ou contratamos alguém (que se lixe o dinheiro e vivam as nossas costas!) ou só nos aventuramos no Verão.
Ontem foi a primeira vez que dormimos na nossa casa, mesmo no meio do caos, dos móveis por montar, do cheiro a Ikea. Todos dormimos bem, sem estranhar os novos quartos, as novas camas, os diferentes ruídos. E hoje acordámos e tomámos o pequeno-almoço enquanto olhávamos para o jardim cheio de neve. Nem tudo é mau e eu vejo todos os dias a nossa casa a tomar forma debaixo das minhas mãos, que procuram os sítios certos para as nossas coisas, que carregam cartão e mais cartão para a garagem, que esfregam todas as superficies que se deixam esfregar. Estão a ser as duas semanas mais cansativas da minha vida mas prometi a mim mesma que quando isto acabar não vou sair do sofá até à gaiata nascer. A ver se consigo que não venha antes do tempo...