janeiro 19, 2015

Déménager


A minha primeira reacção foi muito simples: nem pensar! Mudar de casa e principalmente comprar uma casa pareciam-me duas ideias absurdas e assustadoras, francamente. A primeira coisa que me ocorreu foi Vou ficar aqui presa para sempre. e confesso que acho que devo ter chorado só de pensar nisso. Era um compromisso demasiado sério e obrigava-nos a considerar continuar aqui sem data de regresso.

Mas depois vieram os outros argumentos. Primeiro, uma filha. Acho que não há argumento mais forte do que a família que está a crescer, obrigando-nos a rever o espaço que temos e a decidir se podemos continuar assim ou se precisamos de mais. Depois, o mercado imobiliário do Luxemburgo, que é um caso sério e que nos fez encontrar um duplex a um preço razoável exactamente onde queríamos viver e que podemos vender com alguma margem de lucro, se necessário for. Depois também apareceu o senhorio, regressado do Brasil, sem saber o que ia fazer no futuro e sem grande vontade de nos arranjar mais arrumação aqui em casa (mas impecável em todas as melhorias que lhe fomos propondo durante estes quases três anos). E finalmente a ideia de ter uma casa grande, com uma garagem, uma cave e,essa é que é essa!, um pequeno jardim!

Vi este apartamento num site imobiliário mas não acho que andasse verdadeiramente à procura. Mas o que é certo é que as imagens não me saíam da cabeça e nem sequer conhecia a sua composição total. Dia após dia, via-me a cozinhar naquela cozinha cheia de luz e imaginava um quarto sem a tralha que hoje temos aqui e, estranhamente, sentia-me em casa. Não consigo realmente explicar a sensação de ver apenas imagens e sentir que era o apartamento perfeito para nós. Resolvemos marcar uma visita. Numa tarde escura, visitámos o apartamento e tive vontade de dizer que ficávamos com ele naquele momento. Não vimos mais nenhum nem procurámos mais: sabíamos que tínhamos encontrado uma pérola e decidimos avançar.

Bancos, agências imobiliárias; fotocópias, projectos de compra; muitas contas feitas, muitos cenários experimentados, todos os dias a pensar no raio do apartamento. Tudo entregue e as noites sem dormir a pensar que o banco não nos aceitava o empréstimo. Numa semana, o banco aceitou! Respirei de alívio e tratámos de garantir que mais ninguém estava na luta pela casa. Mais noites em claro à espera da escritura que nunca mais era marcada e os dias a pensar no raio do apartamento. Até à semana passada, em que passámos a ser donos do único apartamento que vimos mas que era e é tudo o que nós podíamos desejar. Tem um pedaço de relva e um cerejeira e podemos fazer barbecue no (inexistente) Verão e o miúdo pode correr lá um bocado e eu posso sentar-me lá com a miúda quando o tempo melhorar, a ler e a ela a apanhar ar! Tem espaço para arrumar tudo o que acumulámos e muito mais! Tem espaço para receber visitas e para poder ter louça bonita e para ter até um escritório! 

Podia ficar horas nisto mas tenho as costas partidas de uma mudança que vai ser longa e lenta, ou não estivesse eu grávida de trinta e três semanas. Entre limpar aqui e ali e ir mudando a tralha aos soluços, têm sido dias difíceis. As costas não aguentam mas eu não desisto e vou fazendo devagarinho. Neste momento, tenho o caos dos dois lados mas esta semana (com ajuda de bons amigos) espero que possamos pôr um bocadinho de ordem nisto. E daqui a duas semanas talvez eu possa já descansar na casa mais bonita e sossegada, ao mesmo tempo que a miúda descansa aqui no seu T0 cada vez mais apertado. Desejem-nos sorte e saúde para podermos trabalhar, que é o que é preciso!

3 comentários:

Rita Maria disse...

Parabéns!
(parece muito bonita a tua casa nova, também queria tanto um jardim...)

Dalma disse...

Querida, mts parabéns e agora só vos desejo saúde, o resto vem por acréscimo, podes ter a certeza! Bjis

Helena Barreta disse...

Que sejam muito felizes na nova/vossa casa. O Vicente vai adorar o jardim e vai poder ensinar à mana como é que se trepa a uma árvore.

Muita saúde e tudo a correr bem.