Num período bastante conturbado da minha vida tive que aprender a estar só. Para algumas pessoas, é qualquer coisa que sai naturalmente mas não para mim, habituada a estar sempre com gente à volta, a sair mesmo sem propósito. Passei muitas horas, muitos dias sozinha em casa. Às vezes só falava com as pessoas com quem trabalhava, outras nem isso. Hesitei muitas vezes entre cozinhar para uma pessoa ou comer só qualquer coisa. Nao tinha horários e era completamente dona do meu tempo e das minhas decisões. Era uma liberdade esquisita porque às vezes desejava estar presa a outro alguém.
Depois vieram os filhos. Todos sabemos que há um tempo antes dos filhos e outro depois deles chegarem. Com um, ainda conseguia ter algum tempo livre, algum silêncio e espaço para respirar. Com dois, e se bem que ela é ainda uma bebé com poucas exigências, vi-me privada desses momentos de solidão. E estou a todo o momento a arranjar maneiras de substitui-los como posso. É por isso que caminhar me faz tão bem: a miúda vai a dormir no carrinho, eu a ouvir um podcast qualquer ou simplesmente os sons do bairro. Se calha ela a dormir um pouco mais (como neste preciso momento) tento desligar-me das tarefas e dos afazeres e simplesmente aproveitar o silêncio e estes minutos em que não preciso de tratar de ninguém, em que ninguém esta directamente a depender de mim. Poder sentar-me na nossa varanda e ler um pouco nestes dias em que se começa finalmente a sentir a Primavera é realmente um luxo e eu faço o que posso para aproveitá-lo.
Daqui a uns minutos volto a ser necessária e daqui a umas horas duplamente assim. Por agora, sou apenas eu a pensar no que ainda tenho a fazer, a apanhar um pouco de Sol e às vezes é tudo o que é preciso.
1 comentário:
Que bom M. teres uma varanda para puderes aproveitar esses momentos de que hoje nos falas de uma maneira tão otimista! Já agora, é o teu jardim? Afinal qual é a árvore que lá está?
Beijinhos e que a Primavera continue a chegar à tua varanda!
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