Por estes dias demos como terminado o período de amamentação da mais pequena.Como em tantas coisas, os sentimentos foram contraditórios: por um lado um imenso alívio; por outro, aquela sensação de que estou a perder uma coisa muito especial.
Apesar de ser da escola pró-amamentação, nunca fui uma fundamentalista da mama. Antes do Vicente, li tudo o que podia sobre o assunto e esse foi também um dos temas importante no curso pré-parto. Começar a amamentá-lo não foi, infelizmente, tão natural como muitas vezes se apregoa por aí. Tivemos muitos percalços, muitas dores e nervos, muitos palpites a favor e contra a continuação da amamentação mas no final lá conseguimos e ao terceiro ou quarto mês a coisa já era natural. Com ela foi naturalmente diferente: eu já sabia das dificuldades e das alegrias da amamentação e sabia uma coisa importantíssima: o stress é o maior inimigo do leite! Se há ensinamento que eu tirei disto e que poderia dar a alguém é este. Quanto mais nervosa estava, mais me custava a amamentar e por isso nada como relativizar e deixar o corpo seguir o seu rumo.
Os meus dois filhos mamaram mais ou menos o mesmo tempo (7-8 meses). Não considero que seja a o período perfeito mas foi com certeza o período que nos serviu a todos. Ter conseguido mantê-los vivos e a crescer apenas com o meu leite é, a seguir ao parto natural sem anestesia, a minha maior conquista. O orgulho que senti durante este período é incrível e deve estar muito próximo daquilo a que se costuma chamar de empowerment. Olhando para trás, uma pessoa parece ser capaz de tudo porque já fez a coisa mais incrível de sempre: trouxe pequenas pessoas ao mundo e manteve-as saudáveis apenas com o poder mágico da natureza.
Nesta segunda vez estava mais tranquila. Sabia que se alguma coisa falhasse não hesitaria em procurar e pôr em prática as alternativas. Essa ideia custou-me muito mais na primeira vez: eu achava que o mal estava comigo e que as alternativas seriam uma espécia de traição ao meu filho. A minha mãe lembrava-me que nós tínhamos crescido com farinha torrada no forno e que não tinha sido isso a impedir o nosso crescimento. E é mesmo, mesmo isso: mais do que todo o leite natural ou em pó do mundo, o que faz crescer os bebés é o amor e o cuidado extremo que os pais põem nesta relação. Tudo o resto é conversa, como aliás tantas coisas à volta da gravidez e da parentalidade.
Confesso que me fazem alguma confusão as mulheres que decidem não amamentar sem sequer experimentarem. Imagino que muitas mudariam de ideias se lhe dessem pelo menos uma oportunidade. Mas, ao mesmo tempo, sinto-me um pouco solidária: amamentar, especialmente nas primeiras semanas, é um bocadinho como se fosse uma prisão, pelo menos para mim foi. É difícil fazer coisas tão simples como sair apenas por umas horas para espairecer e esquecer as noites mal dormidas. Mas ao mesmo tempo, a mama é tão conveniente e quase sempre resolve! Seja como for, a mama chegou naturalmente ao fim, sem ajudas nem medicamentos, sem dramas e apenas com a medida certa de saudades. A miúda não se queixa e nós brindámos com um copinho de Monte Velho! À mama!
1 comentário:
Querida, tal como a tua māe disse também os meus três,depois de dois meses que entāo tinhamos, passaram à famosa receita do Dr. Pontes, ou seja leite de vaca diluido (já nāo sei em que proporçāo) e farinha de trigo torrada a engrossar e dar gosto! E que saudáveis eles eram!
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