A sério que não sei porque ainda aqui escrevo, tenho de começar assim. Este blog comemora hoje doze anos de existência, exactamento um terço da minha vida, o que, ano após ano, não pára de me impressionar.
Nos últimos tempos, tenho pensado muitas vezes em acabar com a minha presença nas redes sociais, blog incluído. Penso nisso especialmente por um motivo: a quantidade inacreditável de tempo que elas me sugam sem qualquer contrapartida positiva que não seja poder estar em contacto com os meus amigos e a minha família. Mas mesmo nisso às vezes tenho dúvidas: porque raio quero eu ler frases motivacionais ou correntes que não devemos quebrar sob pena de termos vinte anos de azar ou os recados que se mandam por indirectas? É que, no meio dos amigos e família, também há aquelas pessoas a quem não conhecemos bem ou os ex-colegas de trabalho com quem nunca tivemos grande confiança. Mas bem, podemos sempre restringir o que queremos ver e assim me vou aguentando por ali.
Mas o blog é outra história. O blog conhece o meu antes e o meu depois. O blog já me viu virada do avesso, a morrer de tristeza, a transbordar de alegria, a amar sem ser amada, a ser amada sem amar, a viver cinco ou seis vidas. Ele esteve sempre aqui, mesmo nos períodos mais longos em que eu não quis ou não pude escrever uma linha que fosse. O blog foi o meu maior confidente até ser descoberto, depois tornou-se no diário de uma jovem adulta e desnorteada, que seguiu até que ela se tornou em mulher e mãe de dois filhos. No blog escrevo eu e a quem ainda dá gozo comentar, sem desfile de estados, imagens e videos. Há uma audiência que eu espero que ainda aqui esteja porque gosta de (me) ler mas se ela não existisse eu continuaria a debitar as mesmas linhas, talvez mais soltas, talvez mais ousadas mas continuaria aqui.
Eu não escrevo tudo o que penso e muito menos tudo o que sinto. Nunca o poderia fazer, talvez apenas sob um pseudónimo. Não seria capaz de suportar o julgamento, tudo aquilo que os outros pensam de mim, já assim às vezes me custa. Ainda procuro uma forma de me libertar destas amarras e dar asas às torrentes de palavras que às vezes sinto dentro de mim. Não encontrei ainda a fórmula para as ordenar e torná-las em frases com sentido e isto é bom: depois de tantos anos a escrever, ainda posso surpreender-me. Mas, ao mesmo tempo, isto é também terrível: depois de tantos anos a escrever, ainda não encontrei a minha voz. E se por um lado eu acho que ainda tenho tempo, por outro parece-me que nunca vou conseguir. Por este andar, o blog ainda há-de cá estar para contar (também) essa história. Doze anos, caraças!
9 comentários:
Haja borboletas. Sempre.
Pela minha parte, e mesmo não comentando tanto como gostaria, vou gostando de ler as tuas palavras.
Com uma beijoca aqui da tua terra natal solarenga,
Nuno
é bom que não deixes de aqui vir. Aliás porque aqui é e sempre será, o lugar onde te encontro.
Caraças 12 anos ! que venham muitos mais
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Nuno, deste lado está também uma leitora um pouco silenciosa, talvez demais, mas que nunca abandonou o Espaço Cinzento :) Brindemos à nossa permanência!
Minha querida Madalena, não te enganes: encontras-me em muitos mais sítios mas este foi sem dúvida o palco onde nos conhecemos :) É outra razão para não acabar com isto: a gente boa que ele me trouxe <3
Marisa, nem penses deixar que "as borboletas" estejam em vias de extinção! Tu escreves bem e com facilidade, porquê desiludires todos os que por aqui passam quando encontrarem um campo sem "as tuas borboletas?
Estou com o Nuno, haja borboletas, sim. Agora não comento tanto, mas continuo a gostar de passar por aqui, gosto da "linha editorial" e deste registo, sem tricas e mexericos, sem publicidade, sem fórmulas de quem julga que descobriu a pólvora.
Parabéns.
Um abraço
Obrigada Helena :) No campeonato dos leitores mais fieis, está de certeza na primeira divisão!
Obrigada por continuar aí, mesmo que el silêncio ;)
Professora Dalma, eu continuo por aqui. Questionava-me muito sobre as redes sociais mas o blog não estava incluído (embora muitas vezes sinta que me faltam assuntos interessantes para escrever) :)
Querida, o que significa para ti assuntos interessantes? As banalidades podem ser bem interessantes, como por exemplo as gracinhas dos teus filhos, até o comportamento dos vizinhos, enfim as peripécias do dia a dia!
Cá continuarei a visitar o teu "campo de borboletas"!
Parabéns. E obrigada
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