junho 27, 2016

Então e a bola, pá?

Na nossa casa, não há muito o hábito de se verem jogos de futebol, excepto quando falamos dos campeonatos da Europa ou do Mundo. Por isso, desde o dia dez que temos tentado acompanhar os jogos sempre que possível (mais os rapazes que as raparigas, é um facto), seguindo mesmo os das equipas mais improváveis, como de Gales ou da Eslováquia. Assume-se que estas vinte e quatro são as melhores equipas da Europa e um bom jogo de futebol é isso mesmo, um bom jogo de futebol, não importa quem joga.

Eu cá faço já o mea culpa: sou daquelas pessoas que têm oscilado muito nos sentimentos em relação à prestação da nossa selecção. Tenho desanimado muito facilmente e quase sempre me apetece desistir de ver o jogo, tal é a frustração que sinto. Não quis ver a marcação do penalty no jogo contra a Áustria e bem, só sei que tive razão em querer perdê-lo... Mas, por outro lado, fiquei bem contente quando resolvi ficar acordada no Sábado para poder ver o final do jogo, mesmo esperando que se resolvesse apenas após o prolongamento. A minha táctica (já que se tratam de temas desportivos) é começar o jogo a esperar o pior: se o pior se confirmar, já estava à espera; se, pelo contrário, ganharmos, a surpresa e alegria são maiores! É claro que não percebo realmente de futebol mas parece-me que começámos demasiado cheios de nós mesmos, uma confiança inexplicável muito à custa da figura do Ronaldo e esquecemo-nos que há outros jogadores na equipa e que é possível que todas as promessas de um percurso longo neste campeonato europeu podem não se confirmar. Agora, já estou por tudo e quero é que ganhem o que está para vir, mesmo que marquem golos com a mão. O que interessa é seguir!

No escritório, a competição é muita mas saudável. É muito interessante acompanhar os jogos dia e a dia e preencher tudo no nosso super calendário porque há gente de todo o lado e todos torcem por equipa diferentes. É claro que existem algumas rivalidade históricas (o duelo Itália - Alemanha ia deixar muita gente de cabelo em pé) e que ninguém dá muito pela equipa portuguesa mas lá continuamos até ver. Dada a qualidade das nossas prestações até agora, eu tenho-me mantido calada para não ter que me defender de seguida mas, jogo a jogo, lá vamos estando onde os grandes também chegam.

O problema aqui é mais a prestação dos adeptos portugueses em vários sítios do Luxemburgo. Parece que se têm festejado todos os jogos como se fossem a vitória final do campeonato, fechando ruas e fazendo todo o ruído possível a horas impróprias. Isto tem despoletados muitos comentários de ódio por essas redes sociais e jornais, já que a maior parte das pessoas acha que os portugueses não têm motivos para festejar. E, caso os tivessem, deviam fazê-lo de forma ordeira e sem prejudicar o pessoal que tem de trabalhar ou quer dormir (ou seja, toda a gente...). Eu percebo quem quer descansar e acha que ainda não há absolutamente nada a festejar mas também percebo a alegria daqueles que, sem grandes exibições, vêem a equipa a avançar. Um bocadinho de contenção e bom senso não faziam mal aos dois lados: uns podiam deixar os maiores festejos para um momento em que sejam realmente justificados, outros podiam experimentar a não aproveitar uma competição desportiva para espalhar os seus pequenos ódios e tiradas racistas... 

Festejos e mesquinhices à parte, tem sido um prazer ver os pequenos a darem luta aos grandes, ver jogos com grande qualidade e adeptos com um comportamento exemplar (falo dos irlandeses, por exemplo, e não dos confrontos de Marselha). Eu sei que o futebol (e os desportos em geral) nos falam mais ao coração do que ao cérebro mas calma pessoal, são apenas jogos, nós não ganhamos nem perdemos nada com isto. Ou melhor, podemos sentir aquela alegria indescritível de batermos outras selecções ou aquela tristeza inexplicável de ficarmos pelo caminho mas no dia seguinte a nossa vida continua lá... Bottom line, que ganhe o melhor. E que o melhor seja Portugal!


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