Este post é escrito com atraso mas isso não é relevante porque ela só fez trinta e cinco anos ontem e ainda tem um ano inteiro pela frente para comemorar.
Trinta e cinco é aquela barreira psicológica: a partir daqui, é uma descida vertiginosa até chegar aos quarenta. Trinta e cinco é sinónimo (para mim, pelo menos quando era mais nova) da meia idade, como se fosse suposto termos conseguido muitas coisas ao chegar aqui. A minha irmã, felizmente, não está em descida vertiginosa para lado nenhum e ainda lhe falta a vida toda pela frente, embora tenha muitas conquistas no seu currículo profissional e, melhor ainda, pessoal.
Ela é aquela miúda a que normalmente as pessoas dão uns dez anos a menos, tal é o seu aspecto fresco e juvenil. É super útil quando queremos entrar numa discoteca, por exemplo, mas pode ser uma maldição quando queremos mesmo ser levados a sério. Ela ri-se, como é costume. E também é aquela miúda que é confundida com uma estrangeira, à conta da sua pele clara e olhos cinzentos. A verdade é que ela fica bem onde quer que esteja: entre adolescentes e malta em crise de meia idade, entre lisboetas a sério e cidadãos do Mundo.
Quando éramos pequenas, criámos muitos códigos de que hoje ainda nos rimos. Também brigávamos muito, não se pense que era tudo rosas e às vezes embrenhávamo-nos em lutas silenciosas para evitar o castigo dos pais. O que era inútil, porque os pais chegavam sempre a tempo de intervir e de parar aquela estupidez. Já fomos muito parecidas e já estivemos a galáxias de distância mas essa é uma das coisas que mais admiro nela: aquela capacidade natural de se adaptar a qualquer lugar, a qualquer pessoa, a qualquer tarefa sem esforço aparente; aquele à-vontade que eu nunca vou ter nem que nasça mais cem vezes para falar com pessoas, para fazer amigos, para pegar nas crianças dos outros. Sobra-lhe a simpatia, a flexibilidade, o afecto.
Houve uma altura em que nos afastámos muito (e nem sequer era a distância, porque continuávamos a viver na mesma cidade) e eu, honestamente, já nem me lembro porquê. Mas lembro-me que sentia a falta dela: afinal, sempre tínhamos feito planos para morarmos na mesma casa ou, em desespero de causa, em casas vizinhas. Felizmente, essa época passou sem deixar nenhuma cicatriz e voltámos a ser as mesmas parvas de sempre assim que nos encontramos. Ela obriga-me a dar abraços e beijinhos mesmo quando eu me sinto tosca. Ela beija os seus sobrinhos por todos os dias em que não os pode ver. Ela briga com o cunhado mas conhece-o o suficiente para se esquecer depois. Muitas vezes ela não fala mas acho que está a aprender a contornar isso.
Tenho saudades tuas, Patrícia, mesmo a sério. Se alguma dia fizesse uma lista das coisas de que sinto saudades em Portugal, tu estarias claramente no top 3. Tenho pena de não estar por aí para festejar contigo, mesmo que isso para mim não seja mais do que um beijinho e um abraço, agora que as imperiais esperam para regressar ao activo! E desejo-te muitos parabéns, cheios de toda a felicidade do Mundo, mesmo aquela que às vezes eu posso não conseguir entender. O que interessa é que segues sempre o teu coração e por isso nunca poderás realmente errar: é que esse coração é grande demais para estar errado! Felizes 35 anos!
2 comentários:
Hoje o que aqui deixo é para a Patrícia que tb foi minha aluna.
Querida, que possas festejar o teu aniversário por muitos, muitos anos cheios de felicidade e que tudo o que ambicionas seja uma realidade.
Beijinhos da tua ex-professora.
Obrigada professora! A minha irmã também é leitora mas pouco dada a comentar. Os seus votos chegaram até ela :)
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