março 03, 2017

Um primeiro mês agitado

A razão da minha ausência é muito simples: tenho-me concentrado num recém nascido que começou por apenas mamar e dormir e passou depois a incluir também cólicas ou dores de barriga.

Em parte, e como já suspeitava, a transição de dois para três filhos não é nada drástica. Já praticávamos uma ginástica de distribuição de tarefas e de bom aproveitamento do (pouco) tempo que temos e continuamos com a maioria das rotinas que tínhamos antes. A diferença é que o bebé ainda exige que me concentre exclusivamente nele (principalmente quando são horas da amamentação que, apesar de correr muito bem, é sempre uma pequena luta entre nós os dois) e isso causa algum desequilíbrio se o pai não está. Sei que é uma situação passageira e que assim que passarmos o quarto trimestre (este período em que o bebé ainda devia estar no conforto da barriga da mãe) provavelmente as coisas vão melhorar. Por enquanto, levo as coisas na base da reacção e tento apagar os fogos o melhor que posso (acudir à pequena a meio da noite com o bebé na mama, por exemplo, implica uma certa ginástica...).

A amamentação, já o disse, vai bastante bem mas deu pano para mangas. Sendo ele um bebé prematuro, estava sujeito a horários rígidos de alimentação enquanto estava na unidade de neonatologia - de quatro em quatro horas em ponto, uma quantidad3e de leite pré-estabelecida. Quando pôde ir para casa, as instruções eram basicamente as mesmas, apenas com o conselho de deixar o biberon e passar apenas à amamentação directa. Na primeira consulta de seguimento com a parteira, ficou claro que o peso do Augusto não tinha aumentado muito mas que devia continuar a evitar o biberon. Depois, seguiu-se uma consulta com a pediatra que foi um balde de água fria: a médica achava-o desidratado, ainda com icterícia e com um ganho de peso muito fraco. Eu sabia que ele não tinha aumentado muito mas achava que estaria longe de desidratado mas se a médica o dizia, quem era eu para discordar? Saí da consulta desolada, sem perceber se estava a fazer a coisa certa e muito desmoralizada por, aparentemente, não estar a ler bem os sinais do meu bebé. 

Mas nesse mesmo dia, umas horas mais tarde, tive a segunda consulta com a parteira, a quem contei o que se passara e a quem expliquei as minhas dúvidas. Sentia-me ridícula: afinal, ao terceiro filho, esta mãe não percebia nada do assunto de manter um bebé vivo e em boas condições de saúde? Depois de examinar o bebé e de o ver a mamar, a parteira achou que a pediatra talvez tivesse exagerado e que, principalmente, não existiam sinais de subnutrição. Depois de muitos conselhos, deixou-me a frase que me manteve à tona nos dias seguintes: confie em si mesma e confie no seu bebé, ambos sabem o que é melhor. E foi isso que eu fiz porque o meu instinto maternal assim o ditava. E o resultado foi que, no espaço de uma semana, o bebé aumentou quatrocentos gramas, muito acima dos normais cento e vinte, cento e cinquenta. Às vezes a nossa intuição está certa mas precisamos de um empurrão do exterior para poder validá-la e é muito importante encontrar este apoio, quer na família ou nos profissionais, como foi o caso. Fiquei impressionada com a quantidade e diversidade de ajuda que existe para as mães que desejem amamentar: desde consultantes de aleitamento ainda no hospital, ao seguimento porterior pelas parteiras, à facilidade em alugar uma bomba para extrair o leite nos primeiros tempos. O que me deixou um pouco desorientada (verti mesmo umas lágrimas, confesso...) foram as opiniões profissionais tão diferentes (equipa de neonatologia vs. pediatra vs. parteira). Valeu ouvir aquela voz interior e optar por segui-la sem medos.

É natural que os meus dias agora se resumam à interação com cada um dos nossos filhos (embora consiga incluir neles as mil tarefas domésticas e algum tempo de lazer Há noites em que consigo mesmo ler um par de páginas!). Aguentem os cavalos, a emissão volta ao normal dentro de momentos.


4 comentários:

Unknown disse...

Olá Marisa,

Acreditas que hoje abri o Old Reader e pensei em ti, porque o teu blog é um dos que mais gosto de ler. Pensei em ti porque já não escrevias nada há tempo e pensei se estaria tudo a correr bem com o bebé e com a tua família. Já percebi que sim e fico feliz :)
Tudo de bom para vocês!

м disse...

Não sou mãe, por isso não posso opinar muito, mas sempre ouvi dizer que as mães devem seguir os seus instintos, que sabem sempre o que é melhor para si e para os bebés. O que importa é que todos se sintam bem e estejam a aproveitar todos os momentos. Dizem que passa depressa :)

Dalma disse...

Já estava a sentir falta de notícias embora compreendesse. Tanta gente a dar opiniões e a deixar-te confusa! Ás vezes esses excessos de informação deixam as pessoas baralhadas! Mas pelos vistos tudo está no bom caminho.
Bjis
D.

Helena Barreta disse...

Nada como seguir os seus instintos, ninguém conhece tão bem o seu bebé como a mãe.

O Augusto é valente, ainda bem que tudo está bem.